terça-feira, 30 de julho de 2013

Cineclube Sesi: "Rushmore", de Wes Anderson

Nesta quinta-feira dia 1° o Cineclube Sesi apresenta o filme"Rushmore", abrindo o ciclo Wes Anderson que contará ainda com "Os Excêntricos Tenembaums" (8), "Vida Marinha com Steve Zissou" (15), "Viajem a Darjeeling" (22) e "Moonrise Kingdom" (29).
Sempre com entrada franca!


Cineclube Sesi: "Rushmore", de Wes Anderson
 
Sinopse:
Max Fischer, um rapaz de quinze anos, conseguiu uma bolsa de estudos em Rushmore, uma escola preparatória para jovens de famílias ricas. Apesar de se dedicar a várias atividades extra-curricualres, Max corre o risco de ser expulso, em virtude das suas notas serem baixas. Ele se torna amigo de Herman Blume, um magnata que atravessa uma depressão. Max se apaixona por Rosemary Cross, uma professora que tinha ficado viúva um ano atrás, mas há dois problemas: Rosemary acha que Max é muito novo para ela e, além disto, Herman se apaixona por Rosemary e os dois se envolvem, criando entre Fischer e Blume uma certa rivalidade.

Sobre o filme:
Max Fischer, o protagonista de “ Rushmore” é, apesar de todas as referências , o pseudo alter ego do próprio Wes Anderson. O perfeccionismo do personagem, a referencia teatral até a arrogância, tudo isso se apresenta na direção. Wes Anderson e seus planos milimetricamente “estilosos” com uma composição beirando a obsessão, mostrando desde já a sua megalomania minimalista que viria pela frente, estabelecendo o seu cinema, que se constrói com grandes bases, mas, mostrando toda uma singularidade.
Vendo “Harold & Maude” (1971- Hal Ashby), conseguimos entender as referencias musicais feitas em “Rushmore”. A produção musical impecável consegue captar a mesma atmosfera do filme genial de Hal Ashby, unindo-se com a edição e decupagem fazendo uma perfeita simbiose entre musica e imagem. As duas mostrando e conduzido o ritmo do filme com todo o seu rigor de estilo.
Wes Anderson teve outra grande, talvez maior, influencia, que foi “The Graduate”( Mike Nichols): a grande ligação ao teatro, como conseguimos ver presente mais do que nunca nesse cinema. Outras grandes influências são “Le soufle Au Coeur” (1971- Louis Malle), “A Charlie Brown Christmas”-(1965- Bill Melendez), este ultimo que foi a fonte de expiração para alguns personagens como seu pai e a professora primaria, e ainda diálogos de Cassavetes e Godard que contaram muito em toda a obra deste diretor. E apesar de inúmeras referencias o cinema de Wes Anderson consegue ter um caráter autoral imenso.
A apoteose de toda a sua obra ainda não é “Rushmore”, mas, mostrar a que veio dessa maneira, com essa construção, esses planos sempre trabalhados até o ínfimo detalhe, cuja composição inovadora e irreverente mostra seu vanguardismo positivo. Ele é o contemporâneo dos contemporâneos por associar sua obra com a nossa linguagem estilística visual atual. Fazendo assim o cinema que explode com cores na nossa cara, uma obra tragicômica onde a delicada doçura se mistura com momentos de frieza britânica.
Luah Sampaio
(APJCC – 2010)
Serviço:
dia 01/08 (quinta)
às 19h30
na Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA

Realização: Sesi 
  
 (
http://www.sesipr.org.br/cultura/)
Produção: Atalante (http://coletivoatalante.blogspot.com.br/)

domingo, 28 de julho de 2013

Cineclube Sesi: Wes Anderson

Nenhuma ação humana é tão sagrada quanto o ato criador. A mão que escreve, o ouvido que compõe e o olho que pinta conduzem o artífice na divina aventura de criar outro universo que ,como diria o bíblico André Bazin, é “feito à imagem do nosso”. No século do cinema muitos foram aqueles que dedicaram suas vidas a dar asas a suas quimeras gerando em seus ventres a fantasia que justificava a realidade. Esta tradição fílmica iniciada no lunático Georges Méliès atravessa o tempo e atinge como um foguete o jovem cineasta americano Wes Anderson.

Seu cinema é o da criação livre, do mundo fabricado. Entretanto, tão certo quanto o fato do cinema mentir 24 vezes por segundo, é certo também que essa mentira é em função da verdade. Wes Anderson gera em seu ventre uma nova espécie que é exatamente igual à antiga. Em seus filmes a contenção dramática recupera o mistério da “L’avventura” existencial, num sentir/mostrar que redimensiona seus caricatos personagens promovendo em meio ao caos a reconciliação cósmica.
A incomunicabilidade em excêntricas famílias milionárias é a engrenagem motriz na coreografia dramática do diretor. Somada ao décor pós-moderno, a mise-èn-scéne do constrangimento e a trilha pop underground que por sua vez encontram a razão última no rigor ortogonal dos travellings, zooms e panorâmicas de Anderson. Pois é exatamente em virtude do rigor estilístico e seu conseqüente refinamento poético que podemos apontar este cinema como superior ao de seus pais e filhos na família indie.
O segredo de Wes Anderson entretanto é conceber suas gags como as tiras em quadrinhos de Charles Schulz, recheando seus planos de uma inocência bizarra que transcende a condição dos personagens em ícones de um tempo que não se reconhece como nosso mas que povoa o inconsciente de nossos poemas de MSN.
Miguel Haoni
2010

Programação:
1/8 - Rushmore
8/8 - Os Excêntricos Tenembaums
15/8 - Vida Marinha com Steve Zissou
22/8 - Viagem a Darjeeling 
29/8 - Moonrise Kingdom 

Serviço:
toda quinta 
às 19h30
na Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA

Realização: Sesi
Produção: Atalante

quinta-feira, 25 de julho de 2013

“A Margem, um filme admirável” (fragmentos)


Lançado quase clandestinamente no Rio de Janeiro, embora tenha obtido grande receptividade da crítica paulista, um filme surpreendeu e espantou pela originalidade e poder de criação: A Margem, de Ozualdo R. Candeias. Revelando um admirável estilista, num país onde a preocupação maior não é o estilo, mas o enquadramento aos modismos mais em voga, A Margem reintegra nos quadros do cinema brasileiro algo que se supunha extinto: o lúcido e rigoroso desenvolvimento do tema, ao lado de uma superior visão da problemática individual diante dos impasses surgidos da problemática social.
            Participante e ao mesmo tempo espectador da realidade sobre a qual se debruça, Candeias construiu um filme de rara exatidão, seguindo uma linha de observação que permanece exterior ao drama, não se vinculando ao destino das personagens, mas, através delas, traduzindo uma generosa visão-de-mundo, quase naif, mas sempre lucidamente colocada, onde a marginalidade dos habitantes deste mundo é o jogo perigoso e, quase sempre, acarretando o fracasso do mais fraco, o marginal - o homem e a mulher de A Margem.
            Segundo o próprio Candeias, “A Margem é uma estória mais ou menos estranha de duas estranhas estórias de amor; a película pretende contar o que aconteceu a quatro pessoas sem importância, que tanta importância deram ao amor (quando lhes deram uma oportunidade para amar) que acabaram morrendo por ele”. Essa “estória mais ou menos estranha” é localizada no universo marginal de uma favela à beira do Rio Tietê, onde dois casais, quatro pessoas anônimas (Mário Benvenuti & Valéria Vidal, um branco e uma negra; José Bento Rodrigues & Lucy Rangel, um negro e uma branca), sobrevivendo sob mínimas condições humanas, marginalizados do contexto social, tentam reintegrar-se na existência através do amor. Não falham, mas morrem, porém nem sempre a morte é o fim.
            Candeias baseou-se em personagens reais, a fim de desenvolver a premissa básica que orientou seu filme, que é a de expor a igualdade dos homens, embora as transitórias desigualdades provocadas pelo poder econômico, nível social ou apenas melhores oportunidades: “Por princípio sou anti-racista, e creio que todos os seres humanos são iguais, todos têm capacidade de amar, não importa sob quais condições e foi isso que quis dizer no meu filme.”
            O clima de realismo, que mescla com o supra-realismo, longe de resultar numa incômoda ou incongruente mistura de formas de abordagem, é resolvido exemplarmente, pelo sólido flúxo narrativo, que se alterna, no crescendo da trama, num ou noutro estilo, através de sutil mas poderosa enunciação do choque entre a sensibilidade do indivíduo diante da dureza do quadro social e as suas tentativas de superação de tal contexto problemático.
            Seguindo sua concepção de cinema, que para Candeias “é muito importante, não devendo ser apenas um espetáculo, mas sendo veículo de apresentação de problemas, com ou sem solução, ou expor novas alternativas a problemas com soluções já estabelecidas, pois ao cinema cabe o decisivo papel de fornecer ao homem meios de superar-se a si mesmo”. A Margem foi planejado no sentido de atender às precariedades da produção e às intenções de Candeias: um filme sobre o amor num meio ambiente tragicamente hostil a qualquer manifestação de individualidade.


Jaime Rodrigues (02/03/1968)

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Meteorango Kid - herói intergalático (1969)


Ficção, 85 min.
Direção: André Luiz Oliveira
Roteiro: André Luiz Oliveira
Atores: Antônio Luis Martins, Milton Gaúcho, Nilda Spenser, Manuel Costa Jr. Caveirinha, José Vieira, Carlos Bastos, Ana Lúcia Oliveira, Adelina Marta

Era uma época em que ecoava um brado dizendo “seja heroi seja marginal”. Não que o heroísmo estivesse em baixa, só ver Macunaíma arrasando quarteirões ao juntar Chanchada e Cinema Novo. Ou Sganzerla e sua psicanálise lírica do bandido, como falaria Jean Claude Bernardet em sua investida lacaniana sobre os ditos cineastas udigrudi. Na Bahia o um mito anarquista travestia-se de profeta na grande mídia, angariando um séquito que caminhava através da mentira anti-cristã, contracultura, de Aleister Crowley – Raul Seixas.  Na mesma Bahia, o marginal herói viria das galáxias distantes.
André Luiz Oliveira, à parte de qualquer produção da sua época, produz com amigos mais uma expressão fora dos padrões narrativos da época. Este filme de 1969, seu primeiro longa, foi exibido no festival de Brasília e ganhou prêmio – num contexto em que, para se ter uma idéia, a Belair já se via em gestação. Álvaro Guimarães, este sim um excêntrico marginal da época, exibe mais tarde um filme que durava a ser finalizado, o conhecido Caveira My Friend (1968). Conta a lenda que esta novíssima onda baiana não tinha Glauber como pai gerador, e em textos da época já se percebia que a juventude pós-cinema novo aludia a outra época de radicalização de linguagens e comportamentos.
Brasília e seu festival viriam a ser o núcleo do furacão. No entanto, a Bahia não se acalmava em seu tropicalismo latente. André Luiz, isolado como produtor, viria dizer em entrevista recente que o mergulho de uma geração não teria sido totalmente pacífico:
“Sabia que estava entrando em uma zona perigosa relacionada à quebra de tabus familiares, sociais, políticos; mergulhando numa região que de início era muito divertida e colorida, mas aos poucos foi ficando demasiadamente sombria e assustadora. Eu intuía que a coisa podia piorar como piorou, mas eu já havia mergulhado e tinha que seguir nadando. Tanto que o filme é carregado desse tom divertido, esculhambado, agressivo e melancólico.” (revista Zingu!)
Uma festa, uma curtição, uma transa ( ou um transe) em celebrações undergrounds e descompromissadas com qualquer seriedade oferecida por uma sociedade envolvida pelos problemas de um governo ditatorial – assim seria também visto o filme após o seu tempo e sua geração. Na chamada “irresponsabilidade” política proferida acerca dos mais anárquicos, tal como o grupo do filme, se via também uma derrota de um ideal utópico, uma perda de parâmetros e uma distopia que continuaria por muitas décadas à frente: uma tomada de consciência.
Padrões de comportamento também são alvo de um filme como Meteorango Kid. Se for visto como uma proposição, um enunciado de uma época em que todos estavam perdidos, algo se achava neste caos transitório. A liberdade andarilha da matilha humana, a sombria Bahia que encarnava todos os caracteres coronelistas, uma dificuldade em se submeter à cultura perfeccionista: está tudo isso em volta do herói Lula, enviado, messias marginal da percepção jovial hippie.


Mauro Luciano
(Mestre em imagem e som pela Ufscar, crítico de cinema e realizador de vídeos.)

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Cineclube Sesi: "A Margem", de Ozualdo Candeias


Trata-se de uma trama simples, envolvendo marginais: um foragido da polícia (Mário Bevenuti), uma prostituta (Valéria Vidal), um débil mental (Bentinho) e uma vendedora ambulante de café (Lucy Rangel) se encontram em uma favela às margens do Rio Tietê e se envolvem numa estranha aventura amorosa.
Logo no início eles tomam contato com a morte, que chega em uma canoa e fica à margem do rio aguardando as últimas atitudes de seus escolhidos.
Em seguida é descrita a vivência de cada personagem. Narrativa poética, mas muito terra-a-terra, dispensando qualquer subterfúgio. Há imensa variedade de situações e riqueza de tipos.
O que mais caracteriza A Margem é a espiritualidade. Um terrível remover de véus para se descobrir a expressão mística do homem na sua “hora da verdade”. Uma obra-prima que valoriza cada gesto do homem. O filme é impuro, tem efeitos primários, mas choca e entusiasma pela clareza das imagens, pela força poética e pelo contundente recado.
Sebastião Milaré

Serviço:
dia 25/07 (quinta)
às 19h30
na Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA

Realização: Sesi 
 
 (
http://www.sesipr.org.br/cultura/)
 

domingo, 21 de julho de 2013

Cineclube Sesi Portão: "A Rede Social" de David Fincher

O Cineclube Sesi Portão retoma suas atividades no dia 7 de agosto (quarta), às 19h30, com exibição e debate sobre o filme "A Rede Social" de David Fincher. Entrada franca sempre.

Cineclube Sesi Portão apresenta: "A Rede Social" de David Fincher

Em uma noite de outono em 2003, Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), analista de sistemas graduado em Harvard, se senta em seu computador e começa a trabalhar em uma nova ideia. Apenas seis anos e 500 milhões de amigos mais tarde, Zuckerberg se torna o mais jovem bilionário da história com o sucesso da rede social Facebook. O sucesso, no entanto, o leva a complicações em sua vida social e profissional.

Serviço:

dia 07/08 (quarta)
às 19h30
no Teatro do Sesi no Portão 
(Rua Padre Leonardo Nunes, 180 – entrada pela rua lateral Rua Álvaro Vardânega)

ENTRADA FRANCA

Realização: Sesi 
 
 (
http://www.sesipr.org.br/cultura/)
  

Produção: Atalante 
(http://coletivoatalante.blogspot.com.br/)

sábado, 20 de julho de 2013

Cineclube Sesi - REPOSIÇÃO: "Meteorango Kid, o Herói Intergalático"

Em função das greves e paralisações da quinta-feira dia 11 de julho, a sessão do filme "Meteorango Kid, o Herói Intergalático" de André Luiz Oliveira foi adiada e será reposta nesta quarta, 24, dando continuidade ao ciclo Tropicalismo Profano, que contará ainda com "A Margem", de Ozualdo Candeias  (25/07).
Sempre com entrada franca!

Cineclube Sesi: "Meteorango Kid, o Herói Intergalático" de André Luiz Oliveira

O filme narra, de maneira anárquica e irreverente, as aventuras de Lula, um estudante universitário, no dia do seu aniversário. De forma absolutamente despojada, mostra, sem rodeios, o perfil de um jovem desesperado, representante de uma geração oprimida pela ditadura militar e pela moral retrógrada de uma sociedade passiva e hipócrita. O anti-herói intergaláctico atravessa este labirinto cotidiano através das suas fantasias e delírios libertários, deixando atrás de si um rastro de inconformismo e um convite à rebelião em todos os níveis.

Serviço:
dia 24/07 (quarta)
às 19h30
na Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA

Realização: Sesi 
 (
http://www.sesipr.org.br/cultura/)
   

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Poiesis - Caminhadas Literárias (27.07.13)

Palestra do dia 27 de Julho: Odisseia, com o professor Roosevelt da Rocha* (sobre Roosevelt, ler abaixo).

O "Poiesis - Caminhadas Literárias" é um evento de extensão, organizado e idealizado por alunos da UFPR (membros e parceiros do Coletivo Atalante) e coordenado pelo professor Benito Rodrigues. Tal evento consiste em um conjunto de palestras ministradas por professores da mesma instituição. O objetivo principal deste evento é oferecer palestras sobre obras literárias clássicas tanto à comunidade acadêmica quanto à comunidade não acadêmica. Nosso intuito é abrir as portas da universidade a todos os públicos, para assim tornar o saber acadêmico, constituído em torno do universo literário, acessível a quem de direito: o leitor! Dividido em três módulos - Grandes Narrativas, O Romance e A Poesia - este evento terá três anos de duração (2013-2015), sendo que em cada módulo (que terá um ano de duração) os organizadores optaram por dispor as palestras em uma ordem que não obedecesse à cronologia de publicação das obras (como geralmente é feito), mas sim ordená-las ao acaso (a ordem das palestras foi determinada em lances de dados, em homenagem ao poema "Um Lance de Dados Jamais Abolirá o Acaso", do poeta Mallarmé). Isso é para nos aproximarmos mais da experiência real de qualquer leitor, que lê antes movido por desejos e impulsos do que seguindo cronologias rígidas, dai o nome "Caminhadas Literárias", que nos sugere uma mobilidade intermitente e não vetorizada. Outro objetivo importante está atrelado à estrutura das palestras, que serão divididas em dois momentos: um destinado a uma consideração teórica e crítica sobre a obra em questão e o outro voltado à leitura de um trecho (ou trechos) da obra, ou seja, um momento de fruição, sendo que a ordem destes "momentos" será determinada por cada palestrante. O evento é gratuito e a cada término de módulo sortearemos as obras que serão analisadas em cada palestra, mas só concorrerá ao sorteio aqueles que tiverem ao menos 80% de frequência.

- Local: Anfiteatro 1100 do Ed. Dom Pedro I (UFPR Reitoria), Rua General carneiro 460.
- Horário: 14h às 18h. Todas as palestras ocorrerão aos sábados.
- informações: poiesiscaminhadasliterarias@gmail.com

Programação:

- 22/06: Os Lusíadas, com Marcelo Sandmann.
- 13/07: Fausto, com Paulo Soethe.
- 27/07: Odisseia, com Roosevelt da Rocha.
- 31/08: Metamorfoses, com Rodrigo Gonçalves.
- 14/09: Ilíada, com Bernardo Brandão.
- 21/09: Canção de Rolando, com João Arthur.
- 28/09: A Divina Comédia, com Ernani Fritoli.
- 19/10: As Tragédias de Shakespeare, com Liana Leão.
- 09/11: Teogonia, com Roosevelt da Rocha.
- 14/12: Bíblia, com Bernardo Brandão.

* Professor Roosevelt da Rocha: Possui graduação em História - Licenciatura pela Universidade de Brasília (1996), mestrado em Letras (Letras Clássicas) pela Universidade de São Paulo (2000) e doutorado em Lingüística (Letras Clássicas) pela Universidade Estadual de Campinas (2007). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal do Paraná. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literaturas Clássicas, atuando principalmente nos seguintes temas: música grega antiga, homero, hesíodo, lírica grega e comédia.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

O Despertar da Besta / Ritual de Sádicos, de José Mojica Marins

Brasil, 1970 / 1982

Se José Mojica Marins carrega o epíteto de cineasta maldito, não resta dúvida que O despertar da besta é o mais maldito de seus filmes. Produzido em 1969 com o título de Ritual dos sádicos, foi imediatamente vetado pela censura do então governo militar, que não satisfeito em impedir a exibição do filme, pretendia também destruir todas as cópias e o negativo. Recuperado durante a década de 80, foi somente exibido em mostras e festivais, sem ter recebido lançamento comercial. Tamanha ira contra o filme explica-se pela forma franca e explícita pela qual o filme aborda o consumo de drogas, apesar de impregnado de uma certa ingenuidade e moralismo tão característicos de seu diretor.
As primeiras sequências de O despertar da besta apresentam momentos de violência ou degradação determinados pelo uso de drogas. A eles se alterna o depoimento de um médico (Sérgio Hingst), atacado por quatro entrevistadores (entre eles os diretores Carlão Reichenbach e Maurice Capovilla), sob o quase silencioso acompanhamento de Mojica, que interpreta a si mesmo (“Zé do Caixão ficou no cemitério; quém está aqui é o cineasta”, diz um diálogo). O médico acabara de laçar um polêmico livro abordando o consumo de drogas (ou “tóchicos”, como pronunciam os atores), e apresenta os casos para justificar suas teorias. A princípio, diálogos com frases como “São os atos anormais de uma juventude sem freio!” e o já destacado moralismo presente nas cenas trazem a impressão que o filme tenderá para a simplória e reducionista abordagem refletida pela citação acima. Entretanto as sequências são criativamente encenadas por Mojica, estando carregadas de um clima de opressão e dominação nada distante de seus momentos de terror mais explícito. Em especial a cena na qual, após fumar maconha, uma colegial se entrega a um grupo de “transviados”, acabando por morrer ao ser penetrada por um toco de madeira, é uma brilhante mistura de tensão, humor (às vezes involuntário) e ironia. Igualmente irônica é a sequência onde uma bela Ítala Nandi é assediada durante uma entrevista de emprego por um obeso patrão, que se empanturra de macarrão e é visto pela moça ora como um porco, ora como cachorro.
É digna de destaque, em particular nessa primeira metade, a utilização que o filme apresenta para a música e o som. Desde a peculiar e hilária canção que abre e encerra o filme, a trilha sonora que acompanha os momentos de drogas e perversão é extermamente criativa, fazendo uso de temas clássicos ou religiosos, passando por Roberto Carlos e o tema de A ponte do rio Kwai (na já citada sequência da colegial), culminando com uma adúltera relação sexual ao som da natalina Boas festas de Assis Valente. E não somente a trilha sonora, mas todo o filme demonstra um clima de experimentalismo que parece enquadrar este trabalho em especial de Mojica, cineasta de orígem inegavelmente popular, dentro do então emergente cinema marginal, passando inclusive a sua aceitação por um grupo de cineastas paulistas que participam do elenco (além dos já mencionados, temos Ozualdo Candeias como um dos drogados).
Na segunda parte do filme, o médico explica seu polêmico estudo, que então sabemos tratar-se da utilização de LSD em um grupo de drogados para observar sua reação à figura do personagem Zé do Caixão. Bastante curiosas são as imagens de um programa de TV da época (Quem tem medo da verdade) no qual Mojica é inquirido por um júri de celebridades (entre elas o compositor Adoniran Barbosa e a atriz Consuelo Leandro), defendido pelo diretor Carlos Manga e absolvido pela quase unanimidade dos componentes. Curiosamente o único a condená-lo, taxando-o veementemente de ignorante, é o locutor esportivo Sílvio Luiz. No programa, Mojica, caracterizado como seu alter-ego, destaca sua desilusão com a vida e sua consciência como artista popular. O filme torna-se carregado de um clima de auto-referência, que a partir de então marcará presença em quase toda sua obra; Mojica faz uso da sua popularidade (então no auge), pressupondo a presença de Zé do Caixão no inconsciente coletivo, o que levaria o pesquisador a utilizar sua figura para influenciar os drogados. E é nas imagens dos delírios acompanhados pelo médico, no qual cada um dos quatro sujeitos do experimento apresenta sua visão pessoal de Zé do Caixão, que o Mojica cineasta dá asas à imaginação, criando sequências sem um maior compromisso com realidade ou verossimilhança que misturam coisas díspares como cemitérios, mulheres seminuas, uma escadaria de corpos humanos e rostos desenhados em bundas. Assim como o Sombra, Zé do Caixão sabe o mal que se esconde nos corações humanos.
O despertar da besta acaba por se revelar um filme extremente antenado com sua época, da popularização do rock’n’roll e da liberação sexual (vistos com um certo preconceito) e das drogas, que, apesar da reducionista impressão inicial, acabam por não ser satanizadas, quando o médico apresenta como conclusão de seu estudo o fato de não serem elas as responsáveis pela perversidão de seus usuários, mas apenas como fator de liberação de suas frustrações. Não podemos esquecer de ressaltar a importância do roteirista R. F. Luchetti, então colaborador habitual de Mojica, em parte responsável pela interessante estrutura fragmentada do filme, oriunda de sua experiência como redator de quadrinhos, também notadamente presente no trabalho anterior da dupla, O estranho mundo de Zé do Caixão. Já O despertar da besta, em particular, trata-se de um filme ímpar, um tanto quanto irregular e por certo moralista (mesmo que este moralismo não se manifeste de uma forma previsível, refletindo uma ética que vai de encontro ao senso-comum da época ao não condenar a droga em si) e cabotino, mas que acaba por mostrar-se como essencial, não somente para os aficcionados de Mojica, mas para todos que apreciam o cinema como uma arte de criação pessoal, mesmo quando imperfeita.

Gilberto Silva Jr.
(Texto original: 
http://www.contracampo.com.br/46/despertardabesta.htm)

Toda a tristeza do mundo (fragmento)


Após a Nouvelle Vague
Maurice Pialat já tinha 43 anos quando realizou seu primeiro longa-metragem, Infância Nua (1968). Antes disso, dirigira alguns curtas, L’Amour Existe (1960) tendo sido o filme de estreia. O começo tardio da carreira como cineasta se deve, em parte, ao fato de que o cinema não foi sua primeira ocupação. Pialat trabalhou, antes, como pintor, até perder as esperanças de conseguir sobreviver das artes plásticas e tentar outras atividades. Passou, então, pela televisão e pelo teatro, onde foi assistente de direção e ator.
Embora L’Amour Existe tenha ganho o prêmio de melhor curta-metragem no festival de Veneza de 1961 e aberto algumas portas, Pialat demoraria quase uma década até realizar seu primeiro longa. Enquanto esperava, viu a Nouvelle Vague estourar como fenômeno de público e crítica e, logo depois, se extinguir. A obra de Pialat vem na ressaca da Nouvelle Vague, e esse dado é crucial, pois ajuda a definir o tom dos seus primeiros filmes. Pialat, que era consideravelmente mais velho que a geração de Truffaut e Godard, não se colocava contra a NV, da qual, mal ou bem, partilhava alguns valores e algumas referências (Renoir, principalmente). Ele apenas representava o momento posterior, mais sombrio e desencantado.  De Os Incompreendidos (Truffaut, 1959) a Infância Nua, dePierrot le Fou (Godard, 1965) a Nós Não Envelheceremos Juntos (Pialat, 1972), a diferença de tom é gritante. A amargura já tomou conta.
Há, portanto, um desencontro entre Pialat e a geração que, mesmo sendo mais jovem, havia começado a filmar antes dele. Enquanto os “jovens turcos” preparavam nas páginas dos Cahiers du Cinéma o golpe de estado da Nouvelle Vague, Pialat se aventurava na pintura e tentava ganhar a vida da maneira que podia. Quando chega ao cinema, ele traz uma bagagem de pintor e não de cinéfilo, ao contrário dos jovens críticos aficionados pelo cinema americano. Ao falar de suas “filiações”, de seus parentescos cinematográficos, Pialat não puxa referências cinéfilas. Apesar de admirar Bresson, Carné, Pagnol e outros cineastas franceses, Pialat diz que sua verdadeira influência é Lumière (“o último pintor impressionista”, segundo Godard). O que ele busca em seus filmes é a nudez de olhar que caracteriza aquelas pequenas vistas lumièrianas em que as pessoas são filmadas pela primeira vez.
Filmar as pessoas, filmar o mundo como se o cinema estivesse nascendo naquele momento. Desconfiar da instituição-cinema, da máquina reprodutora de aparências. Rejeitar a decupagem técnica e todo o “savoir faire” do cinema; agir como se não houvesse uma “linguagem cinematográfica” já constituída. Redescobrir a potência primitiva do cinematógrafo: eis o caminho que Pialat toma quando começa a filmar.
Curiosamente, é com uma geração ainda mais jovem que a da NV que ele encontrará afinidade. Cineastas como Philippe Garrel, Jean Eustache e Jacques Doillon certamente estão mais próximos de Pialat, em termos de temperamento artístico, do que Chabrol ou Truffaut (que chegou a produzir Infância Nua, antes de romper relações com Pialat). É a geração pós-Nouvelle Vague, movida por uma exigência de autenticidade, de representação crua dos sentimentos, por uma obsessão de captura do gesto verdadeiro, da fala espontânea, do fato apreendido pela verdade mecânica da câmera. Mesmo na Nouvelle Vague, já havia Godard, que também empreendia uma busca pelos “minutos extraordinários de verdade” que derivam da destruição da montagem sintática (reencontrando, assim, a potência do plano individual) e da rejeição das regras da boa interpretação, almejando conseguir do ator, pelos caminhos menos convencionais, “um gesto imprevisto, uma mímica incontrolada, uma entonação involuntária”.[1] A modernidade do Godard dos primeiros filmes já residia, entre outras coisas, numa tentativa de recuperar o impulso primordial do cinematógrafo. Mas isso convivia com dezenas de citações, referências, experimentações com a mise en scène e a narrativa, invenções formais etc. A geração pós-NV simplifica as coisas, reduz ao básico.
Partindo de premissas comuns a outros cineastas surgidos na virada dos anos 1960-70, mas caminhando de modo um tanto solitário, Pialat constrói uma estética calcada na apreensão de uma verdade que só pode aparecer durante a filmagem, no corpo-a-corpo do cineasta com a realidade e com os atores. A câmera é o instrumento que possibilita a transcrição luminosa dessa verdade, que nem o roteiro nem a montagem podem inventar: ou ela ficou impressa na película, ou nunca existiu. A meta de Pialat, ao rodar um filme, não é simplesmente traduzir em imagens o que está escrito no roteiro, mas recriar inteiramente na filmagem a consistência cinematográfica da história e dos personagens, isto é, suscitar diretamente no real bruto a matéria dramática do enredo. Um filme não é a realização de um projeto, mas a descoberta de um evento desencadeado na frente da câmera.
Não é que Pialat rechaçasse o cinema de roteiro, a história bem contada, a narrativa bem construída. Não havia um projeto antinarrativo na origem do cinema de Pialat. Na verdade, ele muitas vezes se cobrava uma maior clareza narrativa, uma maior habilidade na hora de encadear as situações dramáticas. A questão é que, acima da necessidade de contar uma boa história, existia em Pialat uma atração pela massa bruta do real e, mais ainda, um respeito pela matéria do mundo, uma exigência de imprimir na película a força intrínseca dos seres e das coisas, algo que as técnicas de narração, assim como o preciosismo estético, só poderiam deturpar. Registrar a autenticidade de um gesto, de um olhar ou de uma entonação é muito mais importante para ele do que conceber enquadramentos rebuscados, movimentos de câmera virtuosos ou dispositivos cênicos complexos. Muitas vezes, aliás, um plano rodado por Pialat está “mal iluminado” e “mal sonorizado”, criando zonas de sub ou superexposição, de indefinição das figuras e das vozes: ele gosta de levar os materiais ao limite e ver até onde a verdade que busca nos atores é capaz de se inscrever na placa sensível do filme.
Pialat não possui uma estilística sistemática ou um programa textual recorrente ao qual o crítico pode se ater para analisar sua obra. O estilo de Pialat não é uma forma particular de compor o quadro, movimentar a câmera ou conduzir a narrativa. Tampouco há motivos visuais recorrentes na obra de Pialat, ou cores de predileção. Suamise en scène frustra os cinéfilos acostumados a encontrar a assinatura estilística de um autor nos lugares em que ela mais comumente se manifesta (a linguagem visual, a composição plástica, a “escritura”). O estilo-Pialat é tão somente sua maneira particular de atacar o real, seu olhar direto e nada indulgente para tudo o que está diante da câmera.
(...)

Luiz Carlos Oliveira Jr.
(Texto original: 
http://www.revistainterludio.com.br/?p=3463)

terça-feira, 16 de julho de 2013

Cineclube Sesi: "Ritual dos Sádicos", de José Mojica Marins.

Nesta qinta-feira dia 18 o Cineclube Sesi apresenta o filme"Ritual dos Sádicos", de José Mojica Marins dando prosseguimento ao ciclo Tropicalismo Profano que contará ainda com "Meteorango Kid, Herói Intergalático" de André Luiz Oliveira (reposição no dia 24/07, quarta) e "A Margem", de Ozualdo Candeias  (25/07).
Sempre com entrada franca!

Cineclube Sesi: "Ritual dos Sádicos", de José Mojica Marins.

Um renomado psiquiatra injeta doses de LSD em quatro voluntários com o objetivo de estudar os efeitos do tóxico sob a influência da imagem de Zé do Caixão. O personagem aparece de maneira diferente nos delírios psicodélicos e multicoloridos de cada um, misturando sexo, perversão, sadismo e misoginia. Interrogado por um grupo de intelectuais, o psiquiatra faz uma revelação surpreendente que os obriga a questionar suas convicções. Em pleno apogeu do amor livre, das drogas psicodélicas e dos hippies, Jose Mojica Marins concebeu seu filme mais contundente, revoltado e arrebatador através de episódios aparentemente sem ligação, aderindo à metalinguagem para analisar o efeito de seu polêmico personagem no inconsciente coletivo. O surreal nunca pareceu tão verdadeiro. Vetado pela Censura Federal mesmo após inúmeros cortes, o filme permanece inédito nas telas de cinema até hoje. Entre outras premiações, “Ritual dos Sádicos” foi homenageado e vencedor dos prêmios de Melhor Ator (José Mojica Marins) e Melhor Roteiro (Rubens F. Lucchetti) no Rio-Cine Festival, em 1986.

Serviço:
dia 18/07 (quinta)
às 19h30
na Sala Multiartes do Centro Cultural Sistema Fiep
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA

Realização: Sesi (
 
http://www.sesipr.org.br/cultura/)
  

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Cineclube Sesi - SESSÃO ESPECIAL DE 1 ANO: "Loulou" de Maurice Pialat

Nesta quarta-feira dia 17 o Cineclube Sesi apresenta o filme "Loulou", de Maurice Pialat em sessão especial do aniversário de 1 ano. A programação de julho continua com "Ritual dos Sádicos", de José Mojica Marins (18/07) e "A Margem", de Ozualdo Candeias  (25/07).
Sempre com entrada franca!

Cineclube Sesi - SESSÃO ESPECIAL DE 1 ANO: "Loulou" de Maurice Pialat

Casada há três anos, Nelly é o modelo perfeito de uma esposa de classe média. Isso até que ela decide deixar seu possessivo marido pelo imprevisível Loulou, um malandro de rua que passa a viver unicamente do dinheiro dela. Juntos, os dois vivem uma vida amorosa intensa e atribulada. Apesar de se amarem muito, não conseguem ficar sem brigar por muito tempo. Aos poucos, Loulou volta a suas atividades no crime e convence sua companheira a ajudá-lo num roubo. Com a gravidez de Nelly, o relacionamento dos dois precisa ficar mais claro: desabrochar ou acabar.

Serviço:
dia 17/07 (quarta)
às 19h30
na Sala Multiartes do Centro Cultural Sistema Fiep
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA

Realização: Sesi
Apoio: Atalante

Sobre o Cineclube Sesi


Entrevista de Miguel Haoni cedida à Daniela Hendler no dia 28 de abril de 2013, sobre o Cineclube Sesi.

1.       Antes de tudo, seu nome completo e qual o seu cargo no Sesi.
Miguel Haoni Batista. Presto serviço pro Sesi através da coordenação do Cineclube.

2.       Como surgiu o Cineclube?
Os cineclubes  (Sede e Portão) são resultado de várias necessidades: Primeiro as do Sesi, mais especificamente das Gerências de Cultura e Educação de dinamizar seus auditórios (que são sensacionais), desenvolver atividades de cinema e ampliar a interação com a comunidade curitibana. O Cineclube é uma canal valioso de contato entre o projeto do Serviço Social da Indústria e a cidade. 
Depois tem as demandas que eu trago da minha vivência como cineclubista e como membro do Coletivo Atalante: a necessidade da consolidação de um espaço permanente de trocas em torno do cinema, o desenvolvimento de um grupo de estudos sob a bandeira cinéfila, e mais especificamente um compromisso de gratidão com a "musa" Cinema (que me deu tudo o que tenho e sou até hoje) e político, com esta terra que me acolheu. O que eu puder dividir do que eu estudo sobre cinema, dividirei, e o Cineclube é o melhor canal pra isso.
Por último, acredito que exista uma necessidade do próprio cenário cultural curitibano por mais espaços de troca e interação em torno das artes. O cinema aqui circula até bem, mas existem pouquíssimos espaços que viabilizem o olho no olho, o que é elementar na construção de uma comunidade sensível.

3.       Qual o diferencial de assistir um filme em casa no computador, ou no Cineclube? 
Primeiro tem uma diferença técnica: a qualidade das salas e da projeção de imagem e som afetam muito a apreciação. Ser absorvido pela tela grande e assistir o filme, meio que compulsoriamente, na sua duração integral, respeitando o tempo dos planos e da montagem, faz toda diferença. Depois tem mais a conversa, com sua dupla função: a de curso livre de cinema, que no nosso caso tem um projeto pedagógico bem claro (análise de filme, educação do olhar, política dos autores) e de fórum de debates, com todo mundo trocando impressões sobre as obras, numa construção democrática do conhecimento. A diferença entre as duas experiências é total, como diz um velho amigo, o Prof° Felipe Cruz, consumir filmes individualmente "é como poder transar e insistir na masturbação". É delicioso mas não gera nada.

4.       A quem o Cineclube quer atingir/atinge? 
A todos que tem interesse por arte e cinema. Mas particularmente, gosto de trabalhar com quem tem pouca base no assunto. A troca é mais confrontante e eficaz. Dois grupos, entretanto, despontaram no primeiro ano como majoritários no cineclube: idosos e universitários. Para nossa sorte, duas experiências de mundo valiosíssimas pros debates.

5.       Como você escolhe os filmes que serão exibidos?
Em primeiro lugar, acho que como pra qualquer curadoria, tem o critério afetivo. Eu amo todos os filmes que programo. Ou pelo menos amo os problemas que os filmes propõem. Esse amor porém é aquele de que fala o Jean Douchet: "A crítica é a arte de amar. Ela é o fruto de uma paixão que não se deixa devorar por si mesma, mas aspira ao controle de uma vigilante lucidez. Ela consiste em uma pesquisa incansável da harmonia no interior da dupla paixão-lucidez.". Nesse sentido, o critério crítico é o da experimentação estética, o da ousadia e do lirismo. Os filmes exibidos nos Cineclubes Sesi são sempre resultado da manipulação criativa das imagens em movimento, cada um à sua maneira.

6.       Qual o material que você entrega para as pessoas que vão assistir os filmes?
O ideal é que fosse sempre um texto inédito, de produção exclusiva para os cineclubes. Mas como eu sou muito pouco habilidoso com a escrita, costumo levar críticas e artigos que aprofundem as reflexões sobre os filmes. Uma das nossas maiores fontes é a Revista Contracampo que sempre tem materiais interessantes sobre filmes novos e velhos.

7.       Qualquer outra informação adicional será bem vinda, assim como o horário e local para as próximas sessões.
O Cineclube Sesi funciona toda quinta-feira às 19h30 na Sala Multiartes do Sistema Fiep (Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico). O Cineclube Sesi Portão volta em agosto e rola quinzenalmente às quartas feiras, 19h30 na Rua Padre Leonardo Nunes, 180 – entrada pela rua lateral Rua Álvaro Vardânega.
Entrada e conversa franca.


terça-feira, 9 de julho de 2013

Cineclube Sesi: "Meteorango Kid, o Herói Intergalático" de André Luiz Oliveira

Nesta quinta-feira dia 11 o Cineclube Sesi apresentao filme "Meteorango Kid, o Herói Intergalático" de André Luiz Oliveira dando continuidade à programação de julho contará ainda com  "Loulou", de Maurice Pialat ( SESSÃO ESPECIAL - 1 ano de Cineclube Sesi 17/07),"Ritual dos Sádicos", de José Mojica Marins (18/07) e "A Margem", de Ozualdo Candeias  (25/07).
Sempre com entrada franca!

Cineclube Sesi: "Meteorango Kid, o Herói Intergalático" de André Luiz Oliveira

O filme narra, de maneira anárquica e irreverente, as aventuras de Lula, um estudante universitário, no dia do seu aniversário. De forma absolutamente despojada, mostra, sem rodeios, o perfil de um jovem desesperado, representante de uma geração oprimida pela ditadura militar e pela moral retrógrada de uma sociedade passiva e hipócrita. O anti-herói intergaláctico atravessa este labirinto cotidiano através das suas fantasias e delírios libertários, deixando atrás de si um rastro de inconformismo e um convite à rebelião em todos os níveis.

Serviço:
dia 11/07 (quinta)
às 19h30
na Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA

Realização: Sesi
Apoio: Atalante

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Oficina de formação cineclubista

Oficina de formação cineclubista propõe um passo-a-passo introdutório nos vários meandros da prática cineclubista (projeto pedagógico, programação, divulgação, produção e registro).
A oficina pretende incentivar os participantes a transformar suas cinefilias numa ação educativa multiplicadora, além de oferecer ferramentas para os iniciados no cineclubismo potencializarem suas atividades.

A oficina terá um total de 8 horas de duração e ocorrerá nos dias 17 e 18 de julho (quarta e quinta), das14 às 18 horas, na Sala Multiartes do Sistema Fiep. As inscrições são gratuitas.

1° dia Unidade I - Conceito
a) Breve história do movimento cineclubista
c) O cineclubismo hoje
d) Projeto e programação
e) Trabalho de equipe

Unidade II - Divulgação
a) Impressos
b) Internet
c)TV, rádio, jornal
d) Estratégias horizontais

2° dia Unidade III - Exibição
a) O espaço
b) Montagem do equipamento
c) A projeção
d) Condução do debate
c) Registro

Inscrições pelo email: sesicultura@sesipr.org.br.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Poiesis - Caminhadas Literárias

Sábado, 13 de julho de 2013 14:00
Anfiteatro 1100 do Ed. Dom Pedro I (UFPR Reitoria), Rua General carneiro 460

Segunda Palestra: Fausto, com o professor Paulo Astor Soethe
O "Poiesis - Caminhadas Literárias" é um evento de extensão, organizado e idealizado por alunos da UFPR (membros e parceiros do Coletivo Atalante) e coordenado pelo professor Benito Rodrigues. Tal evento consiste em um conjunto de palestras ministradas por professores da mesma instituição. O objetivo principal deste evento é oferecer palestras sobre obras literárias clássicas tanto à comunidade acadêmica quanto à comunidade não acadêmica. Nosso intuito é abrir as portas da universidade a todos os públicos, para assim tornar o saber acadêmico, constituído em torno do universo literário, acessível a quem de direito: o leitor! Dividido em três módulos - Grandes Narrativas, O Romance e A Poesia - este evento terá três anos de duração (2013-2015), sendo que em cada módulo (que terá um ano de duração) os organizadores optaram por dispor as palestras em uma ordem que não obedecesse à cronologia de publicação das obras (como geralmente é feito), mas sim ordená-las ao acaso (a ordem das palestras foi determinada em lances de dados, em homenagem ao poema "Um Lance de Dados Jamais Abolirá o Acaso", do poeta Mallarmé). Isso é para nos aproximarmos mais da experiência real de qualquer leitor, que lê antes movido por desejos e impulsos do que seguindo cronologias rígidas, dai o nome "Caminhadas Literárias", que nos sugere uma mobilidade intermitente e não vetorizada. Outro objetivo importante está atrelado à estrutura das palestras, que serão divididas em dois momentos: um destinado a uma consideração teórica e crítica sobre a obra em questão e o outro voltado à leitura de um trecho (ou trechos) da obra, ou seja, um momento de fruição, sendo que a ordem destes "momentos" será determinada por cada palestrante. O evento é gratuito e a cada término de módulo sortearemos as obras que serão analisadas em cada palestra, mas só concorrerá ao sorteio aqueles que tiverem ao menos 80% de frequência.

- Local: Anfiteatro 1100 do Ed. Dom Pedro I (UFPR Reitoria), Rua General carneiro 460.
- Horário: 14h às 18h. Todas as palestras ocorrerão aos sábados.
- informações: poiesiscaminhadasliterarias@gmail.com

Programação:

- 22/06: Os Lusíadas, com Marcelo Sandmann.
- 13/07: Fausto, com Paulo Soethe.
- 27/07: Odisseia, com Roosevelt da Rocha.
- 31/08: Metamorfoses, com Rodrigo Gonçalves.
- 14/09: Ilíada, com Bernardo Brandão.
- 21/09: Canção de Rolando, com João Arthur.
- 28/09: A Divina Comédia, com Ernani Fritoli.
- 19/10: As Tragédias de Shakespeare, com Liana Leão.
- 09/11: Teogonia, com Roosevelt da Rocha.
- 14/12: Bíblia, com Bernardo Brandão.