tag:blogger.com,1999:blog-5328428066257472147.post4588935118701421785..comments2023-03-02T01:34:09.866-08:00Comments on ATALANTE: There Will Be BloodAtalantehttp://www.blogger.com/profile/15271223739636419805noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-5328428066257472147.post-26845836888014806972015-04-21T11:05:34.977-07:002015-04-21T11:05:34.977-07:00É para se refletir que o Western já existe na hist...É para se refletir que o Western já existe na história onde a literatura registrou com muita invencionice muito antes do Cinema existir , a cruel história da epopéia do nascimento de uma nação ; o EUA . nos anos 70 o Historiador Dee Brown escreveu " enterrem meu coração na curva do Rio " onde ele reconta sob a ótica dos Sioux as patifarias do governo americano com as inúmeras quebras de acordo , assassinatos e massacres dos Indios . em 1970 o filme o Pequeno Grande Homem de Artur Penn faz esse revisionismo afinado com o Livro e décadas antes de Dança com Lobos , e ainda cito quando é preciso ser homem de Ralph Nelson tbm de 1970 , são dignos Westerns Pró Indios assim como por exemplo Renegando meu sangue do Fuller , Flechas de fogo de Delmer Davis ( o primeiro Cineasta pró Indio ) e John Ford na sua velhice inserindo dignidade na tragédia dos Indios em o crepúsculo de uma raça .existe uma excelência no Western principalmente em Ford , Hawks , Anthony Mann e naqueles que esmerilharam o gênero e a censura como Leone e Peckinpah . pra mim esses são os maiores especialistas do gênero . vale citar Ritt , Fuller , Huston , Eastwood , Siegel e outros até Alex Cox ( primeiro Westrern Punk . a caminho do inferno nos anos 80 e Jim Jarmusch com o Western espritual Dead Man nos anos 90 e claro , nos anos 70 Jodorowsky com seu surrealista El topo . obs : também tem um Livro importante " The Westerners " ( o Faroeste ) do mesmo Dee Brown que remonta a história do longinquos Oeste Selvagem antes dos primeiros pioneiros , a gênesis de tudo , o primeiro contato com os Indios . apenas divagações :) abs HaoniAlex Pinheirohttps://www.blogger.com/profile/11293219085539768428noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5328428066257472147.post-77301351880311688832015-04-21T06:28:17.090-07:002015-04-21T06:28:17.090-07:00
Tornar consciente o inconsciente
Permanece um...<br /><br /> Tornar consciente o inconsciente<br /><br />Permanece um enigma: o que leva muitos a se entregarem à fruição do prazer catártico e pacificador do faroeste, sem saber nem como nem por que ele se instala, enquanto outros “sacam” o Real em jogo. Estes que percebem a trama oculta e que amplificam seu próprio prazer a partir dessa percepção, como eles fazem a mágica?<br /><br />Sem estes oráculos, eu própria veria faroestes até a morte, sem nunca me perguntar de onde me vem o prazer que eles me produzem (aliás, eu devia ter escrito todas estas reflexões em primeira pessoa, pois é ambição desmedida desejá-las universais).<br /><br />Talvez os oráculos sejam, eles próprios, partícipes da natureza do herói. Talvez sejam capazes de desmanchar o trabalho de ocultamento e distorção, próprio da elaboração onírica, através de outro trabalho que lhe é o avesso – a interpretação do sonho.<br /><br />Só eles mesmos, um por um, poderia responder.<br /><br /><br />Vera Lúcia de Oliveira e Silva<br />Abril 2015<br />Atalantehttps://www.blogger.com/profile/15271223739636419805noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5328428066257472147.post-27910095460288119862015-04-21T06:27:46.571-07:002015-04-21T06:27:46.571-07:00 Se há trapaça no “western”, como ela é feita? Qu... Se há trapaça no “western”, como ela é feita? Qual a estrutura da magia?<br /><br />Ocorre que, todos nós, sabemos fazer a trapaça em jogo: nós sonhamos. Nos sonhos, nós nos apresentamos tudo aquilo que não toleramos – só que de um modo aceitável, porque profundamente disfarçado e escamoteado. Às vezes, em forma prazenteira; às vezes, nem tanto, pois há sonhos de angústia. De todo modo, sempre realizando um desejo – o que não significa satisfazê-lo.<br /><br />O trabalho do sonho é exatamente a montagem de um filme que projetamos na tela adormecida, no qual somos não só o autor, como toda a equipe técnica e todo o elenco. Os mecanismos que Freud denominou condensação e deslocamento, e Lacan renomeou metáfora e metonímia, pertencem ao nosso processo primário de pensamento e operam livremente no sonho, quando a censura também dorme. A censura, acordada, vigia para que nenhum pensamento incompatível com a unidade idealizada pelo Eu chegue à consciência. Para não acordar a censura, para poder pensar o impensável e para poder continuar dormindo, sonhamos.<br /><br />Sendo assim, o “western” seria o sonho materializado, tornado imagem que se pode partilhar com o respeitável público: amor e ódio podem explodir, sem que a gente seja ameaçado de explodir junto.<br /><br />Interessante que, mesmo sabendo disso, estranhei muito uma frase de Manuel de Oliveira ouvida, se não me engano, em Vale Abraão: o mundo do sonho é o mundo mais hipócrita que há. Causou-me estranhamento quando a ouvi, vejo agora seu porquê. Se hipócrita quer dizer dissimulado para enganar, Oliveira está certo. O sonho usa da hipocrisia para poder dizer a verdade do desejo.<br /><br /> De onde vem o caráter pacífico do “western”?<br /><br />Penso que vem da lei: no que a lei exige de cada um de nós a renúncia a nossas tendências agressivas, ela, instituída a partir do consentimento coletivo, pacifica. Lá, onde estava a barbárie, deve advir, pela lei, o laço social e o estado de direito.<br /><br />Se isso se dá na comunidade humana, é porque algo disso ocorre na história de cada indivíduo – e vice-versa. Entretanto, como nenhuma das posições psíquicas é abandonada de vez e para sempre, subsistem sempre resíduos perturbadores da ordem ambicionada.<br /><br />O “western” vem representar tal estado de coisas no espaço cênico. Transgressores se erguem com máximo descaramento, desorganizam, ameaçam, destroem e matam. A própria autoridade constituída, o xerife, ou se mostra fraca diante dos poderes insurgidos; ou adere a ele pela corrupção. A ameaça do caos é total... até que... <br /><br /> ... surge o herói.<br /><br />Quem é o herói? Um homem forte. Forte porque carrega em si, em forma explícita, a violência – só que sob controle. Seus pendores agressivos não foram recalcados e despachados para o Inconsciente (onde permanecem vivos e ativos), ao contrário, foram acolhidos na consciência e ali condenados. Ele realiza o preceito máximo da psicanálise, ao tornar consciente o inconsciente: não se pensa bom e se horroriza com o mal - ele sabe do mal em si e o recusa. O que lhe dá, sobre os perturbadores da ordem social, a autoridade de um sol no firmamento – e não o brilho pálido de uma estrela no peito.<br /><br />Quando vemos um filme de faroeste, nós sabemos que ele virá. Quanto maior a desordem provocada pelos arruaceiros; quando se encarniça sem limites o poder do mal; quanto mais se avizinha o pior; mais perto sabemos que está o seu advento, trazendo a justiça, onde o direito não foi suficiente. Nós esperamos o redentor e nos alegramos com a sua chegada (que nem sempre coincide com a presença do herói em cena). Este é um dos prazeres, não o único, que vivemos com o faroeste.<br /><br />Como crianças pedindo que se conte a mesma história vezes sem conta, nós buscamos a mesma história vezes sem fim. Nós vemos faroestes em série, primeiro porque queremos re(vi)ver o caos (não vamos posar de bonzinhos!), mas assegurados pela certeza da redenção. Segundo, porque nós queremos a vitória da lei, porque ela é pacificadora. Ela é pacificadora em nós.<br /><br /><br />Atalantehttps://www.blogger.com/profile/15271223739636419805noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5328428066257472147.post-87501878660799453532015-04-18T06:44:38.381-07:002015-04-18T06:44:38.381-07:00Quero perseverar na questão que tentei colocar ao ...Quero perseverar na questão que tentei colocar ao final do filme “Dragões da Violência” de Samuel Fuller. É uma questão sobre o gênero “western”. Pelas respostas suscitadas, sei que falhei miseravelmente. Tento de novo.<br /><br />Primeira pergunta:<br />Como compreender os rótulos “sessão da tarde” e “momento disney” aplicados a filmes do gênero “western”? Eu só entendo estes rótulos como alusivos ao adjetivo “pacífico”. São filmes que “entram” para o grande público (eu incluída) como pacíficos. Assim: o mocinho é sempre ambíguo e o bandido é sempre inequivocamente mal - eles se confrontam - there is no blood - a morte é súbita e indolor (do que já vi, só nos Imperdoáveis o moribundo tem tempo para pedir água – e Clint grita que lhe dêem água) - o cadáver é recolhido (muito às vezes é exibido como uma espécie de recado com endereço certo) - o mocinho parte (nem sempre com a mocinha) - the end. Sempre previsível, sempre surpreendente, mas sempre pacífico.<br /><br />Segunda pergunta:<br />Como é possível? Como é possível que as paixões mais violentas do amor e do ódio se desdobrem tão disfarçadamente sob os olhos de tanta gente? Quando falo em TV, falo de um tempo em que dramas considerados “verdadeiros” e “pesados” só eram exibidos à noite, quando as crianças já estavam na cama. Naquele tempo (existiu, podem crer), o western era liberado para a sessão da tarde. Antes da TV, passava nas matinès de domingo, reservadas para a gurizada. Como assim?...<br /><br />De que decorre a terceira pergunta:<br />Qual é a grande trapaça do western? Uma trapaça que, para mim, dobra mesmo Samuel Fuller. Explico: A carne que pulsa em “A Dama de Preto” e em “Portal da China” não pulsa simplesmente: lateja. A mesma carne se transmuta em alma em “Dragões da Violência” e nem o título me convence de que haja violência ali, embora eu saiba dela o tempo todo – violência de amor e violência de ódio. Atribuo este fenômeno de “desencarnação” ao gênero – já que nem me passa pela cabeça atribuí-lo a Fuller.<br /><br />O que me leva à quarta e última pergunta:<br />Supondo que não se trate simplesmente de mediocridade dos enganados (o que é sempre possível, mas também deixa a discussão muito barata), que é que faz com que alguns sejam imunes à trapaça: estes que não se deixam enganar e têm acesso direto à alma feita de carne humana sangrenta, mesmo no western mais “inocente”?<br /><br />Ensaiei uma reflexão pelo viés da poesia e dos poetas...<br />Mas penso que a resposta tem a ver com mitos e oráculos...<br />Não sei. Não sei ainda. Talvez nunca venha a saber.<br />De todo modo, nem toda pergunta pode ser respondida.<br />O que não impede, a ninguém, de querer saber.<br /><br /><br />Vera Lúcia de Oliveira e Silva, abril 2015<br />Atalantehttps://www.blogger.com/profile/15271223739636419805noreply@blogger.com