quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Cineclube do Atalante: Dono da noite

O Cineclube do Atalante na Cinemateca de Curitiba exibe neste sábado um filme de Paul Schrader. Entrada franca, sempre.


DONO DA NOITE

Dirigido por Paul Schrader.

(Light Sleeper, EUA, 1992, drama/crime, 103 min., 14 anos)

Com Willem Dafoe, Susan Sarandon, Dana Delany.

Sempre elegante e educado, LeTour é um homem solitário e ex-viciado que trabalha entregando drogas para Ann, uma pequena traficante que fornece a alta sociedade de Manhattan. Sem perspectivas e acometido por uma forte insônia, sua situação piora quando Ann manifesta o interesse de deixar o tráfico. É nesse momento que ressurge em sua vida, Marianne, uma antiga paixão. Mas LeTour ainda terá que lidar com a polícia que investiga a morte de uma garota por overdose.

Serviço:

CINECLUBE DO ATALANTE
“Dono da noite” (1992), de Paul Schrader
Sábado, 17/02
Às 16h
Na Cinemateca de Curitiba
(Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco)
(41) 3321-3552
ENTRADA FRANCA

Realização: Coletivo Atalante.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Remember my Name: A balada por amor

 por Giovanni Comodo

Play. Vamos faixa a faixa?

C’mon up, bring your friends, we’ll start that party rolling/ My castle’s rockin, run on fire to see. Poucas décadas foram velozes como os 70 em Hollywood. Seu início viu a ascensão e completo sucesso de uma nova geração de diretores-autores, jovens apaixonados por cinema, com fogo nas ventas para realizar suas visões e também desencantados com seu próprio país. Excessos (pessoais e artísticos) e a resposta rápida dos donos dos estúdios – apostando cada vez mais em blockbusters escapistas em tempos sombrios – encerraram a festa já na virada para os anos 80, mas alguns conseguiram trazer e encaminhar seus amigos antes. Alan Rudolph foi roteirista e assistente de direção de Robert Altman (Mash, Nashville) e com sua produção conseguiu realizar Remember my name (Lembre meu Nome), lançado em 1978. De Altman, trouxe uma câmera fluida e o gosto por personagens interessantes e quebradiças, porém Rudolph consegue ser um romântico maior, mais cômico e mais leve. Se Altman filma as pessoas com uma certa distância (até para observar e flanar melhor entre seus tantos grupos), Rudolph é um diretor do corpo-a-corpo, de acompanhar seus personagens na altura dos olhos, próximo de seus equívocos, segredos e desejos. É dono de um timing cômico que transparece até nos momentos tensos de Remember my name e consegue filmar (e reenquadrar sem cortes!) duas pessoas em uma conversa como raros de seus colegas – esta última habilidade citada é tanto um dos motivos para a sensação de dilatação do tempo e do mistério envolvendo Emily como o que nos possibilita estar cada vez mais ligados aos seus personagens: permanecemos com eles, seduzidos, dançando pé com pé.

I noticed you’ve been acting very strange dear. Rudolph quis realizar uma espécie de revisita ao noir e ao melodrama (sequer eles eram excludentes, como já exibimos no Atalante outras vezes com Meu Único Amor de Raoul Walsh e Os Desgraçados não Choram de Vincent Sherman), com uma história de uma mulher misteriosa que chega a uma cidade e altera a vida de seus moradores, na longa tradição de femmes fatales. Porém são outros tempos, cores, corpos, músicas. Para esta última, Rudolph e Altman convocam Alberta Hunter, compositora e cantora de blues atuante nas décadas de 1930-40, que voltara aos palcos no ano anterior após sua aposentadoria como enfermeira. Hunter é a responsável pela trilha do filme e suas melodias repletas de desencanto, que sublinham o drama na tela – são suas letras que abrem cada parágrafo aqui, sobre este filme que é praticamente um musical.

The love I have for you makes my blue days bright. Porém o filme pertence, de fato e afinal, à sua atriz principal: Geraldine Chaplin. Rudolph, que havia trabalhado com ela em participações menores antes, escreveu o filme especialmente para Chaplin, pensando em como reagiria a cada situação. Já conhecida por filmes com Carlos Saura e Jacques Rivette, Geraldine impõem-se neste filme americano com um ritmo próprio, fora de lugar como sua Emily. Pálida, esquia, postura sempre tensa, sem piscar, sua protagonista atrai nosso olhar e da câmera como se tivesse uma força gravitacional: não poucas as cenas em que há um suave zoom em sua direção, irremediável e com cuidado como se para não nos aproximarmos abruptamente.

I dreamed the man thatI loved has another lover in my place/ You forgot you said you loved me. Aos poucos somos apresentados às razões de Emily, inclusive o motivo de ser praticamente um ser extraterrestre descobrindo aquele mundo resumido em um supermercado modorrento, uma casa pequena de um jovem casal trabalhador, esqueletos de residências em construção, um cortiço, um bar escuro. Ela é alguém que amou e talvez ainda ame. Daí suas atitudes tão estranhas, de pequenas vinganças vazias e desesperadas. Chaplin faz um tour de force, da raiva ao riso e à lágrima tudo de uma vez, imprevisível, dilacerante e, por vezes, quase cômico (um corpo em conflito e subversão com as regras do entorno foi a especialidade do Chaplin-pai, que de certa maneira transborda no fazer da Chaplin-filha). Impossível esquecê-la.

Lord, it may be a week, and it may be a month or two/ All the dirt you done to me, honey, it's comin' back home to you. Houve um tempo em que Hollywood fazia filmes em que amar era uma terrível responsabilidade. Rudolph, Altman e Chaplin bem sabiam disso. E eu e você também.

Músicas mencionadas, em ordem: My castle’s rockin’, Some Sweet Day, The Love I have for, Remember my Name e Downhearted Blues.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Cineclube do Atalante: Lembre meu nome

O Cineclube do Atalante na Cinemateca de Curitiba retoma suas atividades neste sábado com um filme de Alan Rudolph. Entrada franca, sempre.


LEMBRE MEU NOME

Dirigido por Alan Rudolph.

(Remember My Name, EUA, 1978, drama/suspense, 104 min., 14 anos)

Com Geraldine Chaplin, Anthony Perkins, Moses Gunn.

Recém saída da prisão, uma jovem chega à cidade para começar uma nova vida, mas logo começa a perseguir um trabalhador de construção casado sem motivo aparente, transformando e aterrorizando a vida dele e sua esposa.

Serviço:

CINECLUBE DO ATALANTE
“Lembre meu nome” (1978), de Alan Rudolph
Sábado, 03/02
Às 16h
Na Cinemateca de Curitiba
(Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco)
(41) 3321-3552
ENTRADA FRANCA

Realização: Coletivo Atalante