domingo, 29 de junho de 2025

O negro que fala de rios : um poema de Langston Hughes


Para acompanhar a sessão de "
Looking for Langston" (1989) do ciclo Corpo para ver e ser visto, selecionamos um poema de Langston Hughes (1901-1967), artista que inspirou o filme de Isaac Julien:

O negro que fala de rios 
                       (Para W. E. B. DuBois)

Conheci muitos rios:

Conheci rios velhos como o mundo, e mais velhos que o sangue correndo nas veias humanas.

Minha alma sulcou fundo como os rios.

Banhei no Eufrates quando as madrugadas eram jovens.
Fiz minha cabana perto do Congo, que me ninava para dormir.
Vi o Nilo, e ergui as pirâmides para poder contemplá-lo.
Ouvi o Mississippi cantar quando Abe Lincoln desceu para Nova Orleans, e vi suas dobras de lama ficarem douradas com o pôr do sol.
Conheci muitos rios:
Antigos e escuros rios.

Minha alma sulcou fundo como os rios.

Publicado em “The weary blues” (1926), tradução de Gilberto G. Pereira. Disponível em https://ermiracultura.com.br/2023/02/12/cinco-poemas-de-langston-hughes/.

Nenhum comentário:

Postar um comentário