segunda-feira, 23 de abril de 2012

(trans)cinema 27/04: "Justiça" de Maria Augusta Ramos



Sinopse:
Justiça, documentário de Maria Augusta Ramos, pousa a câmera onde
muitos brasileiros jamais puseram os pés - um Tribunal de Justiça no
Rio de Janeiro, acompanhando o cotidiano de alguns personagens. Há os
que trabalham ali diariamente (defensores públicos, juízes,
promotores) e os que estão de passagem (réus).
A câmera é utilizada como um instrumento que enxerga o teatro social,
as estruturas de poder - ou seja, aquilo que, em geral, nos é
invisível. O desenho da sala, os corredores do fórum, a disposição das
pessoas, o discurso, os códigos, as posturas - todos os detalhes
visuais e sonoros ganham relevância. O espaço, as pessoas e sua
organização são registrados de maneira sóbria. A câmera está sempre
posicionada em relação à cena mas não se move dramaticamente, não
busca a falsa comoção. Sinal de respeito, de não-exploração. No filme,
não há entrevistas ou depoimentos, a câmera registra o que se passa
diante dela. Maria Augusta Ramos observa um universo institucional
extremamente fechado e que raras vezes é tratado pelo cinema ficcional
brasileiro. Seu filme é tão mais importante em função de nossas
limitações em termos de representação dos sistemas judiciais. Em
geral, nosso olhar é formado pela visão do cinema americano, os
"filmes de tribunal". Justiça, sob esse aspecto, é um choque de
realidade.
A cineasta vai acompanhar um pouco mais de perto uma defensora
pública, um juiz/professor de direito e um réu. Primeiro, a câmera os
flagra no "teatro" da justiça; depois, fora dele, na carceragem da
Polinter e na intimidade de suas famílias.
Com suas opções claras, que não são escondidas por sua opção pela
sobriedade e pela simplicidade, Maria Augusta Ramos deixa evidente
que, como os documentários, a justiça está muito longe de ser isenta.
Como e para quem a justiça funciona no Brasil é a questão que se
apresenta em seu filme, sem respostas definitivas ou julgamentos
preconcebidos.

 
Sobre o filme:
“Justiça”, de Maria Augusta Ramos é um rigoroso documentário observacional (sem entrevistas) que busca retratar o funciomento e os meandros da justiça brasileira.
Tendo como ponto de partida os corredores do Forúm Penal da Cidade do Rio de Janeiro, o filme observa algumas figuras-chaves deste processo: réus, defensora
pública, promotor de justiça e juízes, humanizando um sistema que quer ser imparcial, dando olhos a uma instituição tradicionalmente vendada.

O filme não restringe os seus personagens apenas aos limites do judicionário, mas também os acompanha em suas vidas e casas, sejam elas uma casa na favela,
apartamento de classe média ou cadeias superlotadas. Nesse sentido, o documentário realiza um panorama da sociedade brasileira, evidenciando os abismos sociais
entre seus retratados e sugere meios para tentar entender as razões da criminalidade e das injustiças do sistema.
 
Felipe Aufiero
(Atalante, 2012)
 
Serviço:

dia 27 de abril (sexta)
às 19h30
no auditório do Espaço de Arte
( Rua Alberto Folloni, 1534 | Ahú )
Entrada: 1 kg de alimento

Realização: Coletivo Atalante e Espaço de Arte
Apoio: Cinemateca de Curitiba

Mais informações:
COLETIVO ATALANTE
9706-8837
coletivoatalante@gmail.com
http://coletivoatalante.blogspot.com.br/
Coletivo Atalante no facebook

ESPAÇO DE ARTE
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