Em outubro, ainda veremos "Limite" de Mario Peixoto no dia 25 encerrando o ciclo.
Sempre com entrada franca!
Sobre o "Cinema de Vanguarda":
Logo nas primeiras décadas, o cinema desenvolveu um percurso muito claro: a busca pela narração. Amparado pelos séculos em que as artes se propuseram a contar histórias (dentro e fora da esfera dos espetáculos), pela necessidade quase primitiva dos Homens em partilhar suas narrativas e pela política corporativa das recém-nascidas indústrias cinematográficas (Hollywood na ponta da lança) que rapidamente reconheceram o potencial econômico deste tipo de filme, o cinema, que nascera pleno de possibilidades expressivas, subitamente se viu engessado num esquema: a narrativa clássica de representação naturalista.
Para determinados realizadores, entretanto, este modelo representava a morte do meio, o fim de uma liberdade recém-adquirida, e sua reação veio através da assimilação de princípios dos vários movimentos modernistas que revolucionaram as artes no fim do século XIX e início do XX. Para impor seus pensamentos e obras assumiram também - como seus antecessores – uma postura militar, combativa, e desta atitude derivou seu epíteto: Vanguarda. A infantaria poética no front das mediocridades.
Para tal, a Europa de 1920 e suas cinematografias nacionais representavam o cenário ideal. Através do construtivismo, do impressionismo, do surrealismo, do dadaísmo e do expressionismo, testemunhamos um episódio ímpar na história da arte cinematográfica.
E é visando uma introdução a este universo que o Cineclube Sesi propõe este mês o ciclo Cinema de Vanguarda. Um pequeno recorte da produção que durante os anos 20 e 30 ofereciam criativas respostas ao problema da representação cinematográfica.
“Napoleão”, por exemplo, reproduz o espetáculo narrativo à maneira dos grandes épicos, mas reconstrói a realidade objetiva (ou a forma como nós a percebemos) através de jogos poéticos de linguagem, dando-nos sempre a impressão do mundo e não o seu retrato direto. Contra este retrato também se ergue “O Anjo Azul” que, apesar de fiel à linguagem clássica, trabalha sobre “visões” que contaminam a representação com os abismos interiores de seus personagens. É do interior que vem também os motivos de “O Sangue de um Poeta” (menos narrativo dos quatro filmes selecionados); aqui, toda a estrutura fílmica emula as pulsões inconscientes do artista, no próprio ato criativo. Nesta (i)lógica também opera “Limite”, no qual o mundo de fora e seus movimentos nascem a partir de nossa percepção (impressionismo), mediado pelas paixões dos personagens (expressionismo) e pela liberdade dos sonhos do artista criador (surrealismo).
Este recorte, apesar de limitado, é suficiente para nos lembrar do potencial libertador da arte cinematográfica. O legado das vanguardas demorou muito para ser dignamente assimilado e até hoje os esquemas hegemônicos nos empurram obras estéreis, enlatadas, frustradas. O que aqueles filmes mostraram e continuam mostrando é que é preciso criar, ousar, viver. É preciso lutar.
Cineclube Sesi apresenta: "O Sangue de um Poeta" de Jean Cocteau
Sinopse:
Extremamente pessoal e repleto de imagens irreais, o filme reflete sobre o mundo interior de um poeta, seus medos, obsessões e sua preocupação com a morte, compostas em quatro seqüências atemporais e ilógicas. Primeiro filme de Cocteau, cineasta que se destacou com uma linguagem própria, mesclando poesia e realidade. Jean Cocteau, que ganhou reputação na década de 20 como "Gênio Louco", fez seu debute como escritor, diretor, roteirista e narrador nesta fantasmagórica obra-prima. Como um artista salpicando tinta na tela, Cocteau criou uma colagem de alegorias magnetizantes e imagens plenas de simbolismo visual e efeitos abstratos.
Sobre o filme:
“O Sangue de um Poeta” é uma investigação lírica sobre os conflitos resultantes do ato criador. Seu realizador, o multiartista Jean Cocteau, narra, neste que é seu primeiro longa metragem, a crise do artista que se vê desnudado por sua obra; e a crise da obra que luta pela libertação de seu criador, para, desta maneira, também ser livre.
Este processo de descamação simbólica se opera na super-realidade, onde os objetos são livres e os labirintos do inconsciente são alegremente visitados.
Para Cocteau, assim como para seus contemporâneos no surrealismo, a arte só era arte se derrubasse as barreiras que impediam seu voo. O artista sendo a primeira delas.
Textos: Miguel Haoni
(Cineclube Sesi - 2012)
(Cineclube Sesi - 2012)
Serviço:
dia 18/10 (quinta)
às 19h30
na Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep*
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA
*Sala com 25 lugares, sujeita à lotação.
dia 18/10 (quinta)
às 19h30
na Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep*
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA
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