quinta-feira, 22 de março de 2012

Coletivo Atalante e Espaço de Arte apresentam: (trans)cinema - Diálogos entre cinema, arte e humanidades





Sobre o Atalante:



Formado em fevereiro de 2012, o Coletivo Atalante é resultado do encontro de um grupo de estudantes e profissionais de arte que reconheceram a necessidade urgente de dividir suas pesquisas e reflexões através de um novo modelo de educação.
A imagem da embarcação que protagoniza o filme francês de 1934 sintetiza estas pretensões: uma estrutura sólida que desliza, flui por diversos canais num permanente movimento e que eventualmente ancora redefinindo paisagens e percepções. As relações entre artes, ciências, filosofias e saberes são ao mesmo tempo porto e passagem, caminhos a percorrer e desenhar. Tal fluidez também contamina a estrutura humana do coletivo: não existem limites entre observadores e tripulantes, professores e alunos. Todos estão juntos no desbravamento de novos territórios.
O Atalante como organização, porém, se estrutura sobre alguns princípios: em primeiro lugar trata-se de um grupo de trabalho e não de um grupo de estudos. É a materialização de pesquisas individuais ou coletivas através de "ações" que vão de saraus poéticos, mostras de cinema, cursos e oficinas, a intervenções artístico-filosóficas em espaços públicos (materiais e virtuais). Os limites se definem pelas disposições dos integrantes e as necessidades da comunidade.
O projeto visa também a democratização do acesso a artes e saberes que estão enclausurados nas torres de marfim acadêmicas e nos nichos profissionais. A informação é livre e o conhecimento precisa ser compartilhado, preferencialmente, em espaços educativos não-oficiais onde a estrutura hierárquica pode ser desobedecida e o processo de apreensão é mais democrático.
É essencial portanto compreender a dimensão política da apropriação do conhecimento artístico. Algumas obras (especialmente as que ainda serão produzidas) possuem um poder radical de libertação das nossas prisões conceituais, nos municiam com um repertório amplo de experiências, alimentam nosso espírito para os enfrentamentos da vida. Isto precisa estar acessível a todos. O que os artistas comunicam não pode ser reduzido a "biscoito fino" para determinadas elites intelectuais. E aí surge o arte-educador como um facilitador neste processo. Através de uma mediação sensível muitos podem descobrir aquilo que lhes foi historicamente negado por um sistema aprisionador e alienante. É o velho e honesto clichê do "comida, diversão e arte".
A dimensão militante do projeto não se enquadra, contudo, numa cartilha paralisada. Ao tratar da matéria poética, o Atalante precisa operar sobre rituais mais livres, usando a irreverência, a agressividade e o lirismo como ingredientes para os processos educativos. Nitidamente o rock'n roll está no DNA do projeto.
Por último, o coletivo se constrói na confluência de olhares, na multiplicidade que se manifesta em suas práticas. O direito, a arquitetura, as artes plásticas, a literatura e o cinema são apenas o ponto de partida.
Para onde iremos? Estamos sempre voltando para casa...


Sobre (trans)cinema:


A rigor a arte cinematográfica se manifesta na manipulação criativa das imagens em movimento, através dos enquadramentos, movimentos de câmera, decupagem e encenação. Na maioria dos filmes este repertório interage com outras vias expressivas: as atuações, o roteiro, a fotografia, a trilha sonora, a direção de arte, entre outras coisas. Quase nunca, porém, um filme é "só isso". Muitos cineastas trazem conhecimentos que transbordam a matéria específica cinematográfica e isto se imprime naquilo que experienciamos nos filmes.
E é neste lugar de interação que nasce a proposta aqui materializada na mostra (trans)cinema - Diálogos entre cinema, arte e humanidades. Nas sextas-feiras de abril e maio, no auditório do Espaço de Arte (Rua Alberto Folloni, 1534 | Ahú) às 19h30, o público curitibano poderá assistir a grandes filmes e participar de debates entusiasmados numa via de investigação que coloca o cinema em diálogo com a literatura (Terra em Transe, 6/4), a política (A Classe Operária Vai ao Paraíso, 13/4), as artes visuais (Kill Baby Kill, 20/4),o direito (Justiça 27/4), a arquitetura (Metropolis 4/5), a história (Ascenssão de Luis XIV, 11/5), o teatro (Cópia Fiel, 18/5) e a filosofia (Era uma Vez em Tóquio, 25/5).
A programação foi concebida priorizando não os conteúdos dos filmes, mas sim suas estruturas. De que maneira Fritz Lang concebe "Metrópolis" a partir de seu olhar de arquiteto? Como "Terra em Transe" está formalmente ligado à tradição da poesia moderna brasileira? De que maneira os jogos dramáticos de Kiarostami em "Cópia Fiel" reconfiguram o lugar do ator no diálogo? Como Mario Bava trabalha a plasticidade e a cor nos quadros vivos de "Kill Baby Kill"? Estes são alguns exemplos dos questionamentos que norteiam este trabalho.


Textos: Miguel Haoni




Programação:


(abril)
05/04 (excepcionalmente na quinta) - Diálogos de Cinema e Literatura: “Terra em Transe” de  Glauber Rocha
13/04 Diálogos de Cinema e Política: “A Classe Operária vai ao Paraíso” de Elio Petri
20/04 Diálogos de Cinema e Artes visuais: “Kill Baby Kill” de Mario Bava
27/04 Diálogos de Cinema e Direito: “Justiça” de Maria Augusta Ramos


(maio)
04/05 Diálogos de Cinema e Arquitetura: “Metrópolis” de Fritz Lang
11/05 Diálogos de Cinema e História: “Ascenção de Luis XIV” de Roberto Rossellini
18/05 Diálogos de Cinema e Teatro: “Cópia Fiel” de Abbas Kiarostami
25/05 Diálogos de Cinema e Filosofia:”Era uma Vez em Tóquio” de Yasujiro Ozu 


Serviço:


Toda sexta de abril e maio
às 19h30
no auditório do Espaço de Arte
( Rua Alberto Folloni, 1534 | Ahú )
Entrada: 1 kg de alimento (abril) e 1 agasalho (maio)


Realização: Coletivo Atalante e Espaço de Arte
Apoio: Cinemateca de Curitiba


Informações: 


COLETIVO ATALANTE
9706-8837
coletivoatalante@gmail.com
http://coletivoatalante.blogspot.com.br/
Coletivo Atalante no facebook


ESPAÇO DE ARTE
3015-6320
espacodearte@espacodearte.com.br
www.espacodearte.com.br
Espaço de Arte no facebook