quinta-feira, 29 de junho de 2017

Cineclube da Cinemateca: "Zombie" de Lucio Fulci

Neste sábado, dia 1° de julho, às 16h, o Cineclube da Cinemateca apresenta "Zombie" que inicia o ciclo Os zumbis de Lucio Fulci, que contará ainda com "Pavor na cidade dos zumbis" (08/07) e "A casa do cemitério" (22/07). Sempre com entrada franca!

Cineclube da Cinemateca apresenta:
"Zombie" de Lucio Fulci

Quando um barco à deriva é abordado na baía de Nova York, um dos policiais é atacado por seu único tripulante, um morto-vivo que é rapidamente abatido. O barco pertence ao pai da jovem Anne, que está desaparecido numa ilha do Caribe. Ajudada por um repórter, Anne contrata os serviços de outro barco, comandado por um casal em férias, e vai à procura do pai. O que eles não sabem é que, na ilha, uma epidemia devastadora transformou a maior parte dos habitantes em zumbis sedentos por carne humana, cujos poucos sobreviventes estão sob os cuidados do dr. Menard.

Serviço:
1° de julho (sábado)
Às 16h
Na Cinemateca de Curitiba
(Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco)
(41) 3321 – 3552
ENTRADA FRANCA

Realização: Cinemateca de Curitiba e Coletivo Atalante

terça-feira, 27 de junho de 2017

Cineclube da Cinemateca: Programação de julho

Os zumbis de Lucio Fulci
Apesar de se arriscar em vários gêneros, Fulci ficou eternizado pelo seu talento no horror. Responsável por uma ampla abordagem do 'giallo', tornou-se uma espécie de concorrente de Dario Argento, destacando-se no cinema italiano pela sua representação controversa da violência e religião.

01/07: Zombie


(Zombi 2, 1979 – 91 min. Com: Al Cliver, Auretta Gay, Ian McCulloch)
Quando um barco à deriva é abordado na baía de Nova York, um dos policiais é atacado por seu único tripulante, um morto-vivo que é rapidamente abatido. O barco pertence ao pai da jovem Anne, que está desaparecido numa ilha do Caribe. Ajudada por um repórter, Anne contrata os serviços de outro barco, comandado por um casal em férias, e vai à procura do pai. O que eles não sabem é que, na ilha, uma epidemia devastadora transformou a maior parte dos habitantes em zumbis sedentos por carne humana, cujos poucos sobreviventes estão sob os cuidados do dr. Menard.

08/07: Pavor na cidade dos zumbis


(Paura Nella Città Dei Morti Viventi, 1980 – 83 min. Com: Antonella Interlenghi,Carlo De Mejo, Catriona MacColl)
Após o suicídio de um padre na cidade de Dunwich, uma força maligna é libertada, abrindo os portões do inferno. Uma jovem médium descobre tudo isso, e com a ajuda de um jornalista procuram a cidade para terminar com tal mal. Estranhos acontecimentos desencadeiam desde a morte do padre, mas tudo só poderá ser resolvido antes da meia-noite do dia de Todos os Santos, caso contrário o mal será instalado sobre a terra.

22/07: A casa do cemitério

(Quella Villa Accanto al Cimitero, 1981 – 86 min. Com: Ania Pieroni, Carlo De Mejo,Catriona MacColl)
Norman Boyle muda-se com a família para uma velha mansão em New England, precisamente ao lado de um cemitério, com a finalidade de prosseguir uma investigação iniciada por um colega seu, o dr. Jacob Freudstein, que se enforcou após matar a amante. Logo sua família começa a ouvir misteriosos ruídos, como os choros de uma criança. Surgem estranhos personagens, e segue-se uma série de trágicos assassinatos. Os Boyle não tardarão a descobrir que, no porão da sua casa, se esconde um assassino sedento de sangue. Um assassino que pode não ser humano

Obs: Os filmes são de produção italiana e têm a classificação indicativa 18 anos.

Serviço:

Sessões aos sábados
às 16 horas
Na Cinemateca de Curitiba
(Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco)
(41) 3321 – 3552
ENTRADA FRANCA

Realização: Cinemateca de Curitiba e Coletivo Atalante

domingo, 25 de junho de 2017

Clamor do sexo






















por João Bénard da Costa

“Eu sei que Deannie Loomis não existe / mas entre as mais essa mulher caminha / e a sua evolução segue uma linha / que à imaginação pura resiste.”        
Começa assim o soneto intitulado “Esplendor na Relva”, que Ruy Belo inseriu em Homem de Palavra[s]. Deannie Loomis (aliás Wilma Deannie Loomis) é o nome da protagonista interpretada pela fabulosa Natalie Wood. O pretexto (em sentido literal) é o filme de Elia Kazan Splendor in the Grass (1961), com argumento de William Inge.

Hoje, o filme ganhou ressonâncias míticas, associado aos idos de 60 e aos Maios de tal década. Na altura, não as teve e foi mesmo, da América a Portugal, implacavelmente zurzido pela crítica que o achou piegas e cabotino. O público também não ligou peva. Mas para alguns - poucos, e certamente não felizes - foi paixão tão devastadora como a que, no filme, os adolescentes Deannie Loomis e Bud Stamper (Warren Beatty) tiveram um pelo outro. Ruy Belo foi desses. Aliás, não certamente por acaso, foi ele o único poeta que conheço a cantar as duas mulheres mais intensas dos late fifties e dos early sixties: Marilyn Monroe (esse assombroso poema chamado “Na Morte de Marilyn”, que vem no Transporte no Tempo e em que nos pede para “em vez de Marilyn dizer mulher”) - e Natalie Wood.

Eu sei que Ruy Belo não cantou Natalie Wood mas Deannie Loomis. Mas também sei que Natalie Wood “não existe / mas entre as mais”, etc. E há nesse verso um prodígio de adequação poética.

É quando se diz que “a sua evolução segue uma linha / que à imaginação pura resiste”. Resiste à “imaginação pura” (no sentido de “pura imaginação”) ou resiste, “pura”, à imaginação? Ou seja, o adjetivo “pura” refere-se à imaginação ou a Deannie Loomis? Ou - pode ser também - à “linha que resiste”? Nestas três perguntas está o cerne de Deannie Loomis, de Natalie Wood e de Splendor in the Grass. São mulheres e filme da nossa imaginação? São mulheres e filme que resistem à nossa imaginação? Ou são mulheres e filme que resistem a uma linha evolutiva que só na nossa imaginação existe? Não sei, como provavelmente Ruy Belo não saberia, mas, como também ele escreveu (na “explicação preliminar” à 2ª edição do livro): “Ninguém no futuro nos perdoará não termos sabido ver esse verbo que tão importante era já para os gregos.” E, em Splendor in the Grass, tudo está no ver, que traz a história dos meninos e moços de Kansas - meninos e moços dos anos 20, de antes da Depressão - à dimensão das mais belas histórias de amor e de morte jamais contadas.

Sirvo-me do exemplo mais conhecido, também ele poético, e que dá o título ao filme. No liceu de Natalie Wood, onde ela entrava sempre com três livros apertados ao peito, um deles de capa azul, a aula de literatura, nesse dia, não era sobre Os Cavaleiros da Távola Redonda mas sobre Wordsworth e a Ode of Intimation to Immortality. Deannie/Natalie chegava de vestido grenat muito escuro, gola de rendas. Todas as colegas sabiam - e ela também, embora ninguém lho tivesse dito - que Bud/Warren, incapaz de separar por mais tempo o desejo e o amor, tinha enganado, na véspera à noite, a fome do corpo dela, no corpo de Juanita, única da turma que não se ficava pelos beijos. Nada seria mais, para eles, como antes fora. Como também se diz no filme (noutro contexto), Deannie trazia, debaixo do vestido, o primeiro golpe na sua própria carne. 
E é quando todo o mundo vacila à roda dela que a professora a interpela para lhe perguntar o que é que o poeta quis dizer com os versos famosos: “No, nothing can bring back the hour / the splendor in the grass, the glory in the flower.” Para a estúpida e pedagógica pergunta não há resposta, ou a esse nível só há a que Natalie Wood comoventemente tenta articular. Mas não é nada disso que o poeta quis dizer.  
O que conta, o que o poeta quis dizer, é o que Natalie só naquela altura sente e sabe, ou pressente e entrevê. Por isso, o que conta e o que o poeta quis dizer é o espantoso travelling que arranca Deannie do lugar e a põe diante da professora atônita, depois daquele outro em que sai a correr da aula e nos atira com a porta na cara e, por fim, esse plano em que a vemos, sozinha, na profundidade de campo do corredor do liceu, até ir parar à enfermaria. Nesse minuto de cinema, sabemos, para além das palavras, que “that radiance that was once so bright / Is now forever taken from my sight”. Irradiância que, no filme, foi entre o plano inicial (Deannie e Bud a namorar nas cataratas, e ela com tanto medo de não agüentar mais) e essa seqüência, também nas cataratas, em que Bud fez com Juanita o que não fez com ela e de que essas cataratas são a mais poderosa das metáforas.

O “esplendor na relva” é o que vimos até à aula: são os planos em que se deita de bruços na cama (Warren Beatty deita-se da mesma maneira); é o búzio encostado ao ouvido; são os ursos de pelúcia coexistindo com o retrato dele; é o dia em que entrou no liceu ao lado dele, tão orgulhosa, de blusa amarela e saia branca; é o plano da ducha dos rapazes; é a noite de chuva no carro amarelo e Deannie a dizer a Bud que ficará para sempre à espera dele; é uma saia cor-de-rosa que funde em negro; é, sobretudo, a estarrecedora seqüência em que Bud a obriga a ajoelhar-se-lhe aos pés e ela desata a chorar. Aflitíssimo, Bud diz-lhe que era uma brincadeira. E ela a responder: “Não posso brincar com estas coisas. Eu era capaz de fazer tudo o que tu me pedisses. Tudo. Juro que era.”

Mas é depois da seqüência da aula que o filme atinge o máximo de beleza e tensão, desde longo período em que Deannie se isola até à crise que a leva ao manicômio. Natalie Wood começa por cortar os cabelos ao espelho (iniciaticamente) e, depois, veste-se de encarnadíssimo (bandelette encarnada, colar encarnado) para se oferecer a Bud na seqüência da festa, para ser recusada por Bud e, depois, correr pelos rails até às cataratas (terceira e última presença delas no filme) e mergulhar nas águas, onde até a morte lhe frustram. 
Mas nem Wordsworth nem Kazan terminam no desespero ou nesse desespero. Após os versos que dão título ao filme, Wordsworth diz: “We will grieve not, rather find / strength in what remains behind.”

Não estou nada certo que seja “força” o que Natalie Wood encontrou na relva da clínica, entre velhas catalépticas e enfermeiras de olhar estranho. Não estou nada certo que seja “força” o que Warren Beatty encontrou na universidade para onde o mandaram, ou na noite de Nova York em que o pai lhe pagou uma “rapariga parecida com Deannie”. Mas “o que ficou para trás”, isso, introduz-se a cada plano do lento desmoronar deles, das famílias deles, da América da crise de 29, de um mundo com tais valores.

Elia Kazan disse preferir no filme a seqüência em que Deannie regressa à casa paterna, ao que dizem “curada”, e conversa com a mãe que lhe diz que tudo o que fez foi para bem dela. Já está noiva do “rapaz de Cincinatti”, que conheceu no hospital e Bud já está casado com Angelina, que não tinha entrado na história e até já tem um bebê. Deannie vai visitá-los, com as amigas. Não há uma palavra sobre o passado e há só o passado. Depois do “esplendor na relva”, Bud fica com as capoeiras e ela com um companheiro das trevas. “Como numa tragédia grega: sabemos o que vai acontecer e só podemos ver o que acontece.”

Estas palavras são de Kazan. Mas esta tragédia americana não acaba em mortes violentas. Só na morte que cada um de nós traz dentro de nós, feita de tudo “what remains behind”. “We will grieve not” e, por isso mesmo, a nossa dor é muito maior. De Deannie Loomis e de Bud Stamper me despeço com outro poema de Ruy Belo: “Mas agora que cantei da tristeza / não observo já os mais leves traços / e a minha maneira de me matar / é deixar cair ambos os braços.” É a isto que se chama “intimação à imortalidade”?     

Retirado de Foco – Revista de cinema (http://focorevistadecinema.com.br/FOCO1/benard-clamor.htm).

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Cineclube da Cinemateca: "Clamor do sexo" de Elia Kazan

Neste sábado, dia 24/06 às 16h, o Cineclube da Cinemateca apresenta Clamor do sexo. Em julho, realizaremos o ciclo Os zumbis de Lucio FulciSempre com entrada franca!
                 Cineclube da Cinemateca apresenta:
                         Clamor do sexo de Elia Kazan
















Nos anos 1920, em Kansas, um casal de adolescentes descobre o amor, mas é perseguido pela sociedade moralista e repressiva da época. Warren Beatty e Natalie Wood esbanjam beleza, inocência e sensualidade nessa obra-prima de Elia Kazan sobre moralismo e repressão.

Serviço:
24 de junho (sábado)
Às 16h
Na Cinemateca de Curitiba
(Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco)
(41) 3321 – 3552
ENTRADA FRANCA
Realização: Cinemateca de Curitiba e Coletivo Atalante

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Cineclube da Cinemateca: "Amor, prelúdio de morte" de Gerd Oswald

Neste sábado, dia 17/06 às 16h, o Cineclube da Cinemateca apresenta Amor, prelúdio de morte. No dia 24/06, exibiremos o filme Clamor do Sexo de Elia Kazan. Sempre com entrada franca!
Cineclube da Cinemateca apresenta:
Amor, prelúdio de morte de Gerd Oswald













Numa Universidade americana, Bud Corliss é um jovem psicopata de 25 anos, colega de turma de Dorothy Kingship, por quem se diz apaixonado.  Vindo de uma família pobre, na realidade ele só pensa no dinheiro da jovem, filha de Leo Kingship, um bilionário magnata da indústria do cobre. Quando Dorothy lhe confessa que está grávida de dois meses e que o pai, com certeza, a deserdará por não admitir sexo fora do casamento, ele sente que seu plano está por um fio. 

Serviço:
17 de junho (sábado)
Às 16h
Na Cinemateca de Curitiba
(Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco)
(41) 3321 – 3552
ENTRADA FRANCA
Realização: Cinemateca de Curitiba e Coletivo Atalante

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Cineclube da Cinemateca: Programação de junho

O “esplendor na relva” é o que vimos até à aula: são os planos em que se deita de bruços na cama (Warren Beatty deita-se da mesma maneira); é o búzio encostado ao ouvido; são os ursos de pelúcia coexistindo com o retrato dele; é o dia em que entrou no liceu ao lado dele, tão orgulhosa, de blusa amarela e saia branca; é o plano da ducha dos rapazes; é a noite de chuva no carro amarelo e Deannie a dizer a Bud que ficará para sempre à espera dele; é uma saia cor-de-rosa que funde em negro; é, sobretudo, a estarrecedora seqüência em que Bud a obriga a ajoelhar-se-lhe aos pés e ela desata a chorar. Aflitíssimo, Bud diz-lhe que era uma brincadeira. E ela a responder: “Não posso brincar com estas coisas. Eu era capaz de fazer tudo o que tu me pedisses. Tudo. Juro que era.”

João Bénard da Costa sobre Clamor do sexo
Fonte: http://focorevistadecinema.com.br/FOCO1/benard-clamor.htm

17/06: Amor, prelúdio de morte, de Gerd Oswald
(A kiss before dying, 1956/EUA – 91 min. Com: Robert Wagner, Jeffrey Hunter, Virginia Leith, Joanne Woodward, Mary Astor)
Numa Universidade americana, Bud Corliss é um jovem psicopata de 25 anos, colega de turma de Dorothy Kingship, por quem se diz apaixonado.  Vindo de uma família pobre, na realidade ele só pensa no dinheiro da jovem, filha de Leo Kingship, um bilionário magnata da indústria do cobre. Quando Dorothy lhe confessa que está grávida de dois meses e que o pai, com certeza, a deserdará por não admitir sexo fora do casamento, ele sente que seu plano está por um fio. 

24/06: Clamor do sexo, de Elia Kazan

(Splendor in the grass, 1961/EUA – 123 min. Com: Warren Beatty, Natalie Wood, Pat Hingle, Audrey Christie, Barbara Loden, Zohra Lampert)
Nos anos 1920, em Kansas, um casal de adolescentes descobre o amor, mas é perseguido pela sociedade moralista e repressiva da época. Warren Beatty e Natalie Wood esbanjam beleza, inocência e sensualidade nessa obra-prima de Elia Kazan sobre moralismo e repressão.

Obs: Ambos os filmes têm a classificação indicativa 14 anos.

Serviço:
Sessões aos sábados
às 16 horas
Na Cinemateca de Curitiba
(Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco)
(41) 3321 – 3552
ENTRADA FRANCA

Realização: Cinemateca de Curitiba e Coletivo Atalante