terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Cineclube Sesi apresenta: "O Intendente Sansho" de Kenji Mizoguchi

Nesta quinta-feira, o  Cineclube Sesi encerra sua atividades de 2012 com o filme "O Intendente Sansho" de Kenji Mizoguchi e após um recesso de um mês, retorna no dia 13/01 com o filme "A Viagem dos Comediantes", abrindo o ciclo Theo Angelopoulos e a mise-en-scene moderna que contará ainda com os filmes "Um Olhar a Cada Dia" (dia 20/01) e "Vale dos Lamentos (dia 27/01).
Sempre com entrada franca!

Cineclube Sesi apresenta: "O Intendente Sansho" de Kenji Mizoguchi
No final do século XI, Tamaki, mulher da aristocracia, viaja para uma praia de Echigo acompanhada de seu filho Zushio, de sua filha Anju e de uma serva. Durante a jornada, os viajantes são enganados por mercadores de escravos e as duas crianças são vendidas ao cruel intendente Sansho.

Serviço:
dia 13/12 (quinta)
às 19h30
na Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA


Realização: Sesi
Apoio: Processo Multiartes

Programação de janeiro:

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Destruindo “Um Cão Andaluz”



Luis Buñuel e Salvador Dalí partiram de uma premissa relativamente simples para a confecção do roteiro de "Um Cão Andaluz" (França, 1929): qualquer ideia que pudesse ser compreendida racionalmente era sumariamente descartada, restando assim apenas imagens e ações "inexplicáveis". Esta disposição permitiria aos realizadores executar o filme a partir das necessidades de seus inconscientes, de suas vontades mais recônditas, sombrias, travestidas de um permanente "dizer nada".
Entretanto, este "nada" vira "tudo" no momento em que os devaneios dos artistas se materializam no filme pronto, permitindo assim que qualquer pessoa atribua sentidos àquilo que originalmente era livre associação e escrita automática.
Hoje as intenções por trás das escolhas inconscientes dos artistas são nítidas, sobretudo graças à colaboração de Sigmund Freud ao pensamento ocidental contemporâneo. Freud percebeu que o Homem era dominado por pulsões que escapavam à sua razão, mas que poderiam ser apreendidas e analisadas através da linguagem. E é desta maneira que localizamos as disposições iconoclastas e eróticas (Eros e Thanatos) num discurso que, para os seus emissores, não deveria existir.
Tomemos, por exemplo, o fragmento (a obra não nos permite chamar o encadeamento de ações de "cenas") central do filme: após o atropelamento da figura andrógina, o Homem que observava pela janela é acometido porum furor sexual que o lança para cima da Mulher, acariciando-lhe os seios enquanto vira os olhos e baba sangue. A associação entre o desejo erótico e a morbidez cadavérica amplifica a confusão do personagem.
Em seguida, a Mulher foge e se arma com uma raquete, ameaçando o Homem. Ele para, encara a Mulher, olha ao redor e pega duas cordas antes de partir para cima do objeto de seu desejo. As cordas estão atadas a duas tábuas (como as dos 10 Mandamentos), dois pianos, dois asnos mortos e dois padres, o que o obriga a arrastarum peso descomunal. O dado mais interessante da ação é o fato de que o sujeito "procura" pelos elementos (aqui podemos resumir os objetos ao termo "Cultura") que o impedem de dar vazão plena ao seu desejo. O peso das coisas o protege de si mesmo.
Quando a Mulher escapa de vez, ele larga tudo. Mas é tarde demais. A Mulher bate a porta pretendo a sua mão direita (a mão do Homem em contraste com a mão de Deus) de onde caem as formigas. Representaria isto a perda do controle?
No quarto, o mesmo Homem aparece deitado com a fantasia que lhe atribui um aspecto infantil. A campainha toca (uma coqueteleira!) e a Mulher abre a porta (a Mulher sempre abre e fecha portas simbólicas) para uma figura que não sabemos quem é, mas que logo assume uma função paterna autoritária, arrancando a fantasia do Homem (nos dois sentidos) e atirando-a pela janela. Esta figura sem rosto (pois permanece sempre de costas para a câmera) coloca o Homem de castigo no canto do quarto e quando se vira revelando sua identidade (intertítulos anunciam: "seis anos depois")  descobrimos que é o mesmo Homem! Ele caminha até a escrivaninha, pega os livros e entrega para a persona de castigo. Os livros transformam-se em revólveres que alvejam a persona autoritária, numa franca conversão da cultura em objeto libertador (em contraste com as quinquilharias aprisionadoras da ação anterior).
Na hora da morte, contudo, a "figura paterna" cai em um cenário idílico a tempo de passar as mãos nas costas nuas de uma mulher que desaparece em seguida. Ele também era um prisioneiro.

Transformando desta maneira em palavras as imagens de "Um Cão Andaluz", podemos desvendar mais facilmente o hermetismo de seus símbolos. Tais imagens são plenas de sentido e revelam a vontade de seus produtores de abraçar a liberdade, que permanece sempre como as belas costas que escorrem nas pontas de nossos dedos.

Miguel Haoni

Cineclube Sesi Portão apresenta: "Um Cão Andaluz"

O Cineclube Sesi Portão apresenta nesta quarta-feira, às 19h30, o filme "Um Cão Andaluz" de Luis Buñuel e Salvador Dali, encerrando a fase 2012 do Cineclube. Sempre com entrada franca.

Cineclube Sesi Portão apresenta: "Um Cão Andaluz"

Nenhum filme materializou tão precisamente o ideário surrealista quanto “Um Cão Andaluz”, de Luis Buñuel e Salvador Dalí. Em pouco mais de quinze minutos somos arremessados em uma realidade reconfigurada, na qual os objetos do cotidiano perdem sua familiaridade, estabelecendo aproximações incomuns. Parafraseando Arnaldo Antunes, a mão cheia de formigas pode ser chamada de axila, que pode ser chama de ouriço, que pode ser chamado de cordão de isolamento policial. São as coisas da vida em permanente revolução.

Miguel Haoni
(Cineclube Sesi, 2012)

Serviço:
dia 05/12 (quarta)
às 19h30
no Teatro do Sesi no Portão 
(Rua Padre Leonardo Nunes, 180 – entrada pela rua lateral Rua Álvaro Vardânega)

ENTRADA FRANCA

Realização: Sesi
Apoio: Processo Multiartes

Mais informações:

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Cineclube Sesi apresenta: "Contos da Lua Vaga" de Kenji Mizoguchi



Sinopse:Obra-prima do cinema fantástico, o filme é uma fábula passada no século XVI em um Japão feudal violento durante a sangrenta guerra civil e conta a história de um fazendeiro que quer ser samurai e de perseguições de fantasmas. Realizada pelo mestre japonês Kenji Mizoguchi cheio de atmosfera e força, é um dos mais importantes filmes da história do cinema e um belo exemplo do cinema japonês clássico.Ganhou o Leão de Prata no festival de Veneza de 1953.
Sobre o filme:
Em 1953, Kenji Mizoguchi filma um dos mais belos e cruéis contos cinematográficos de todos os tempos. "Contos da lua vaga" se passa historicamente durante uma guerra civil no século XVI. O ser humano (japonês) enfrenta o flagelo que se chama vida.
Obra-prima do cinema mundial. Mizoguchi expõe sua visão. A família, o homem e a mulher. Os contrastes, a diferença entre os sexos. A ambição, a tolice masculina. A calma, a sensatez feminina. Uma estória é contada, um novelo de lã sobre a vida e o que vem depois. O lirismo desse novelo de planos vai se desenrolando entre elipses e enquadramentos perfeitos. Um lago de fantasia inunda um solo fértil de realismo. Os sofisticados movimentos de câmera dão o tom estilístico mizoguchiano; ninguém move a câmera e capta imagens com simplicidade tão bela na história do cinema.

Mateus Moura
(Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema, 2008)


Serviço:
dia 06/12 (quinta)
às 19h30
na Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep*
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA
*Sala com 25 lugares, sujeita à lotação.


Realização: Sesi
Apoio: Processo Multiartes

Programação de dezembro:

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Cineclube Sesi apresenta: Mestre Mizoguchi


Seria uma lacuna tremenda, concluir o primeiro ano do Cineclube Sesi sem desenvolvermos um trabalho sobre o Cinema Oriental, uma das mais importantes tradições na história cinematográfica.

Para isso fomos ao Japão e lá encontramos Kenji Mizoguchi, um dos maiores "autores" do cinema (conceito prematuramente defasado nos círculos críticos e acadêmicos, mas que acredito que ainda explica muita coisa na arte cinematográfica).
Mizoguchi tem um estilo único. Sua mise-en-scène e seus movimentos de câmera são de uma delicadeza e fluidez absoluta. Seu projeto de cinema assume, como o de John Ford por exemplo, uma função transcedental e ecumênica. A práxis cinematográfica concebida como um ritual religioso.
Os filmes aqui selecionados, representam a última fase do realizador, sua maturidade estilística e sua  consagração internacional através das premiações no Festival de Veneza. "Contos" e o "Intendente" são a definição de um realismo fantástico cinematográfico.

Miguel Haoni (Cineclube Sesi, 2012)
Sobre o ciclo


Programação:

6/12 - Os Contos da Lua Vaga
13/12 - O Intendente Sansho


Serviço:
Sessões às quintas-feiras
às 19h30
Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep**
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA

** Sala com 25 lugares, sujeita à lotação.

Realização: Sesi
Apoio: Processo Multiartes

Mais informações: