Mostrando postagens com marcador Kenji Mizoguchi. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Kenji Mizoguchi. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 31 de julho de 2025

Cineclube do Atalante: A Rua da Vergonha

Neste sábado às 16h na Cinemateca de Curitiba. Sempre com entrada franca e seguido de conversa!

Sábado, 02 de agosto:

A RUA DA VERGONHA
Dirigido por Kenji Mizoguchi.

(Akasen chitai, Japão, 1956, 87 min., drama, 14 anos.)
Com Machiko Kyo, Ayako Wakao, Hiroko Machida.

A trajetória e histórias de vida de diversas prostitutas que se encontram nos arredores de um famoso bordel em Tóquio, no Japão. A "Terra dos Sonhos", como era conhecida a casa, abriga diversos dramas que são trazidos à luz.

Serviço:

CINECLUBE DO ATALANTE
“A Rua da Vergonha” (1956), de Kenji Mizoguchi
Sábado, 02/08
Às 16h
Na Cinemateca de Curitiba
(Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco)
(41) 3321-3552
ENTRADA FRANCA 

Design: @ogalsouza e @gw.vargas
Realização: Coletivo Atalante

sábado, 25 de maio de 2019

O conhecimento total

por Jean Douchet
 

A obra de Mizoguchi é notoriamente uma das mais difíceis de abordar. Intendente Sansho não foge a esta regra. O crítico se vê desarmado pela evidência de tanta perfeição. Tudo aqui, pelo esforço combinado da inteligência mais vasta e da sensibilidade mais profunda, contribui para a simplicidade. Não a simplicidade da ignorância, mas a que resulta do conhecimento total. É portanto na manifestação deste conhecimento que se deve avançar seu estudo, isto é, na mise en scène. Somente ela contém os segredos de um autor que é longe de nós pela civilização, mas de maneira única tão próximo ao colocar o homem no centro de um universo que parece ter sido criado apenas para ocupar-se dele.

Portanto, não vou insistir na trama de Intendente Sansho. Sua história se resume em uma única palavra: melodrama. Trata-se das tribulações de uma família aristocrática no Japão feudal do século XI. O pai, governador de uma província, revoltado pelas injustiças das castas superiores em relação aos camponeses, toma partido dos últimos. Isso lhe causa sua destituição e exílio. Sua esposa, filho e filha partem ao seu encontro seis anos depois. Mas, no caminho, eles serão sequestrados e vendidos separadamente como escravos. A mãe, como cortesã em uma ilha, os filhos sob o terrível e infernal intendente Sansho. Dez anos se passam. O filho se tornou o ajudante mais feroz do intendente. Mas as censuras de sua irmã e memórias da infância lhe fazem voltar a si. Ele foge desse inferno, consegue ser reconhecido pelo primeiro-ministro, é nomeado governador, elimina a escravidão, prende o intendente e, esta missão cumprida, renuncia. Ele finalmente reencontra a mãe inválida, mas sua irmã e seu pai estão mortos.

Roteiro a priori muito Órfãos da Tempestade (Griffith não é o melhor elogio?). Mas um roteiro que, como todo bom melodrama, tem numerosas facetas que remontam a múltiplas interpretações. É um poema religioso sobre a reencarnação das almas, a dura necessidade da passagem terrena (neste sentido o intendente Sansho seria como um regente das forças terrestres) e cuja única chance de salvação estaria na conquista de si? Ou é um filme profundamente humanista, quase ateu, que glorifica o homem que ousa confrontar a ordem divina? (cf. a cena entre o monge-filho do intendente Sansho e Anskio). Na verdade, as duas interpretações, penso eu, coexistem no filme. Podemos também destacar a ardente acusação contra a exploração do homem pelo homem, denunciada aqui sem ênfase ou demagogia, mas com que violência! Alguns entenderão simplesmente como um hino à mulher, à mãe e à família. Outros serão mais sensíveis ao lado filosófico: a vida é uma aventura cruel e plena de tormentos pelos quais passamos como um sonho e cujo sentido nos escapa.

Mas estes temas não trazem nada de novo. O mais estimulante, no entanto, é o modo como Mizoguchi ataca um plano, a maneira como o mantém, como uma nota, por seu único valor qualitativo. A arte de Mizoguchi é musical. Rivette definiu admiravelmente: “Uma arte da modulação.”


Conhece-se um indivíduo pelo seu aperto de mão. Da mesma forma, um cineasta revela sua natureza pela maneira como ele captura um plano. Um plano, subitamente exposto, revelado e julgado, perfaz o olhar do mestre, sua tomada de posse do mundo. Quanto mais aguda e precisa, lúcida e clarividente, mais perto o artista se aproxima do essencial: o mistério. Mas aqueles que pretendem fabricá-lo a partir do arranjo hábil de ausências e obscuridades são impostores. O mistério, esse mistério sagrado da arte, só pode nascer da contemplação do sol, logo, da evidência e da realidade perfuradas até às profundezas de si mesmo. Portanto, devemos ser contra esses cineastas que organizam sua mise en scène a fim de causar apenas sensações. Tudo deve resultar naturalmente da percepção do artista e refletir a sua qualidade.

Desde os dois primeiros planos de Intendente Sansho aparece esta qualidade única. O primeiro, no qual rodam os créditos, mostra bases de colunas antigas. Plano estático, como se o tempo estivesse congelado para sempre, tornado imutável e eterno. Mas já, um leve plongée nestas ruínas revela o olhar do artista. Por uma certa vibração luminosa, uma beleza natural da imagem, essa realidade banal que é os vestígios do passado suscita uma impressão de sonho, como se essas pedras ocultassem dentro de si um poder de evocação que apenas aguarda se materializar.

É o que faz o segundo plano. A oscilação, tão peculiar ao nosso cineasta, entre sonho e realidade aparece aqui em toda a sua evidência. São fantasmas que surgem do passado ou seres reais estes personagens surgindo em fila em uma clareira a qual atravessam lentamente, serpenteando? Mas o que importa! A partir de então eles são seres de carne e osso que avançam na vida, diante de suas armadilhas e seus tormentos. O que é, então, esse mundo de sonhos que parece envolver e banhar a realidade? Nada além do que uma percepção mais aguda do artista, que revela, pela evidência de sua tomada, a coexistência de duas ordens. De um lado, a realidade material das aparências, o universo físico dos corpos obedecendo às leis coercitivas e brutais da existência. Do outro lado, o mundo igualmente real da vida interior, mundo de devaneios sedentos por liberdade e, talvez, ainda mais profundamente, mundo das almas, escravas do mundo das aparências e de suas leis. Todo o filme consistirá então no conflito, dentro mesmo de cada plano, entre estas duas ordens, para concluir – no final de um longo périplo estético cuja aventura dos heróis é apenas sua figuração – na reconciliação (em harmonia e equilíbrio, numa breve união de uma ordem superior) dessas duas ordens em perpétua e frágil oposição. Uma lenta e magnífica panorâmica, no último plano de Intendente Sansho, abraça em comunhão homem e natureza.

Este conflito, puramente visual dentro de cada plano, necessariamente se estende por todo o filme e afeta inclusive a estrutura do roteiro. Os personagens precisam deixar este mundo de beleza interior, revelado a nós no início do filme por uma série de evocações do passado, para caírem na condição de escravos. Mas antes, eles vivem uma cena na qual a fragilidade deste mundo interior será vivida intensamente e deixará em suas almas o traço do inefável. É aquela, admirável, onde a família procura refúgio perto do lago. Porém, logo na chegada aos domínios do intendente, a imagem se torna mais seca, a dureza das aparências parece quase prevalecer sobre a parte do sonho. Mas esta sempre ressurge: um canto, um gesto, uma situação evocam a memória deste mundo. Um mundo procurado pelo filho do intendente, um ser frágil, porém revoltado pela dureza impiedosa de seu pai. Por covardia, ele abandona a realidade física pelo universo da contemplação. Mas é pelo espírito do sacrifício que a irmã do herói decide deixar esse mundo de escravidão. Então a imagem também responde ao seu heroísmo. Subitamente, a realidade parece transfigurada. Ela caminha lentamente pela floresta, enquanto sua figura graciosa mergulha em uma névoa que acaba por ser um lago. A jovem parece se dissolver em seu elemento primordial que é a água e a água é a própria substância da alma. Por este plano aberto de extrema simplicidade, Mizoguchi encontra o processo dinâmico dos devaneios poéticos mais profundos.

Inútil continuar e mostrar como o herói deve encontrar o verdadeiro equilíbrio e apaziguamento, triunfando sobre a matéria e suas leis pela constância e a grandeza. A partir de então, a vida da alma é preservada na vida do corpo. Tudo é harmonia. 

Como tudo em Mizoguchi se dá no nível do plano, esse plano deve ser sentido em sua qualidade. Cada plano impõe o puro presente, porque cada plano é um momento precioso e único, que coloca em questão o próprio destino dos personagens. Isso significa que Mizoguchi recusa a dramatização que necessariamente mistura os tempos. Aqui só temos momentos e estados. O próprio movimento das paixões nos é revelado apenas por sua mera manifestação. O cineasta se contenta em registrar o debate de seus personagens, prisioneiros do próprio quadro da tela. O conflito entre as duas ordens é revelado por gestos raros que tocam no mais secreto deles mesmos. Às vezes, a câmera – que nunca pode intervir diretamente – por um ligeiro travelling ou panorâmica, parece querer abordá-los como em uma carícia impossível. Porque esta câmera se encontra sempre onde o conhecimento será total.

Como essa percepção do universo é exata, sem trapacear e em conformidade à nossa, prolongando-a, aprofundando-a (e reduzindo-a ao essencial), o que Mizoguchi tem a nos dizer, apesar das diferenças de raça, civilização e costumes, atinge-nos profundamente. Ele não nos impõe uma visão pré-fabricada do mundo. Simplesmente, ele nos ensina a ver e a nos ver.



Retirado de Cahiers du Cinéma nº 114, dezembro de 1960. Tradução de Giovanni Comodo.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Cineclube do Atalante: Intendente Sansho


Japão, século XI. Zushio e a irmã Anju, filhos de um governador exilado pelas suas ideias humanitárias, são enviados para um campo de trabalho escravo comandado pelo temido Sanshô, enquanto sua mãe é dada como desaparecida.
 
Dirigido por Kenji Mizoguchi.

(Sanshô Dayû: JPN, 1954 - 124 min. Com Kinuyo Tanaka, Kyôko Kagawa, Eitarô Shindô. 14 anos.)

Serviço:
Sábado, 25 de maio
Às 16h
Na Cinemateca de Curitiba
(Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco)
(41) 3321 – 3552
ENTRADA FRANCA

Realização: Coletivo Atalante

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Cineclube do Atalante: programação de Maio

04/05:  Visages, Villages, de Agnès Varda & JR [Sessão em homenagem à Agnès Varda]
 

 
(Visages, Villages: FRA, 2017 - 89 min. Com  Agnès Varda, JR, Jean-Paul Beaujon. LIVRE)
 
Agnès Varda e JR têm coisas em comum: sua paixão por imagens e, mais particularmente, o questionamento sobre os lugares onde elas são mostradas e a maneira como são compartilhadas e expostas. Agnès escolheu o cinema. JR escolheu criar galerias fotográficas ao ar livre. Em encontros aleatórios ou planos pré-concebidos, eles partem pelo interior da França em direção a outras pessoas e suas histórias.
 
25/05: Intendente Sansho, de Kenji Mizoguchi
 

(Sanshô Dayû: JPN, 1954 - 124 min. Com Kinuyo Tanaka, Kyôko Kagawa, Eitarô Shindô. 14 anos.)

Japão, século XI. Zushio e a irmã Anju, filhos de um governador exilado pelas suas ideias humanitárias, são enviados para um campo de trabalho escravo comandado pelo temido Sanshô, enquanto sua mãe é dada como desaparecida. Um dos maiores filmes de todos os tempos.

Serviço:
Sessões no primeiro e no último sábados do mês (excepcionalmente)
Às 16h
Na Cinemateca de Curitiba
(Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco)
(41) 3321 – 3552
ENTRADA FRANCA

Realização: Coletivo Atalante

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Mizoguchi Visto Daqui


Jacques Rivette
(Tradução de Cláudio Marcondes)

            Como falar de Mizoguchi sem cair em uma das duas armadilhas: o jargão do especialista ou do humanista? Seus filmes dependem da tradição ou do espírito do no ou do kabuki: é possível; mas, a seguir, quem nos dirá o significado profundo desses últimos? E não seria uma tentativa de explicar o desconhecido pelo o que não se pode conhecer? A arte de Mizoguchi está, no entanto, fundamentada no exercício de um gênio pessoal dentro dos limites de uma tradição dramática: disto não há dúvida. Mas se formos então abordá-lo em termos de civilização para, antes de tudo, nele reencontrar certos valores universais, conseguiremos avançar? Homens que são homens em todas as latitudes: isto podíamos prever. Mas a surpresa serve para nos instruir sobre nós mesmos.
            Estes filmes que, numa língua desconhecida, contam histórias totalmente estranhas a nossos costumes ou hábitos – estes filmes, na verdade, falam uma língua familiar. Qual? A única que almeja qualquer cineasta: a da encenação. Os artistas modernos não descobriram os fetiches africanos convertendo-se à religião dos ídolos, mas deixando-se comover por estes objetos insólitos enquanto escultura. Se a música é um idioma universal, a encenação também o é: esta língua, e não o japonês, é que devemos aprender para compreender “o Mizoguchi”. Língua comum, mas levada aqui a um grau de pureza que nosso cinema ocidental só excepcionalmente conheceu.
            Poderão objetar: por que, nessas incursões aleatórias, que constituem nossa observação do cinema japonês, destacar apenas Mizoguchi? Será o restante assim tão estranho? Trata-se de uma linguagem familiar, mas não a mesma que falam outros cineastas: o exotismo basta para dar conta da entonação superficial que separa Tadashi Imai (Sombras em pleno dia – Mahiru no ankoku) de um Cayatte, um Heinosuke Gosho (De onde se avistem as chaminés – Entotsu no mieru basho) de um Becker, um Mikio Naruse (Mamãe – Okasan) de um Le Chanois, um Teinosuke Kinugasa (Portal do Inferno – Jugoku-mon) de um Christian-Jaque, até mesmo um Satoru Yamamura (A barca do inferno – Kanikosen) de um Raymond Bernard; no entanto, deixando-se talvez de lado um Kaneto Shindo (Os filhos de Hiroshima – Gembaku no ko), um Keisuke Kinoshita (Ela era uma flor dos campos – Nogiku no gotoki kimi nariki), o insólito de suas inflexões se deve ao mais preciosismo do que ao ímpeto de uma melodia pessoal. Em resumo, trata-se da linguagem mais conhecida do cinema ocidental: o caso típico é Kurosawa, que vai dos clássicos europeus aos filmes contemporâneos “corajosos” com a pieguice rabugenta e solene de um Autant-Lara; de resto, que comparemos seus filmes de samurais com os filmes históricos de Mizoguchi, nos quais se procuraria em vão por um breve duelo ou pelo mais sutil grunhido (esse pitoresco que fez o sucesso fácil de Os sete samurais, do qual agora temos o direito de perguntar se não era sobretudo destinado à exportação), e onde se obtém uma presença aguda do passado por meio de uma simplicidade desconcertante, quase rosselliniana.
            Chega de comparações: a brincadeira de Kurosawa-Mizoguchi já deu o que tinha que dar. Deixemos que o último epígono de Kurosawa recolha suas bolinhas de gude; só se pode comparar o que é comparável, e com ambições igualmente elevadas. Mizoguchi, e só ele, impõe o sentimento de uma linguagem e de um universo específicos, que só devem satisfação a si próprios.
            Se Mizoguchi seduz, é, de início, porque não procura seduzir; ele jamais se inclina para o lado do espectador: trata-se, aparentemente, do único dentre todos os cineastas japoneses a cantar exclusivamente em sua árvore genealógica (Yang Kwei Fei faz parte do repertório nacional, assim como o nosso Cid), e também do único a poder almejar à verdadeira universalidade, a do indivíduo.
            Seu universo é todo irremediável; mas ali, o destino não é desde logo destino: nem fatum, nem Erínias. Não uma aceitação submissa, mas o caminho da reconciliação; que importam agora os casos narrados nos dez filmes que conhecemos? Neles, tudo acontece num tempo puro, o do eterno presente: tempo passado e tempo futuro quase sempre misturam suas águas, uma única meditação sobre a duração os percorre: todos terminam na alegria serena de quem venceu os fenômenos ilusórios das perspectivas. Como único suspense, a irreprimível linha ascendente em direção a um certo patamar de êxtase, que alcança a “correspondência” dessas notas derradeiras, desses acordes interminavelmente sustentados, que não se completam, mas expiram com o alento do músico.
            Enfim, tudo se harmoniza nessa procura do ponto central, em que as aparências, e aquilo que chamamos de “natureza” (ou vergonha, ou morte), se reconciliam com o homem – procura semelhante à do alto romantismo alemão, e de um Rilke, e de um Eliot -, e que também é a câmera: colocada sempre no ponto exato, de modo que o mais leve deslocamento modifica todas as linhas do espaço e transtorna a face secreta do mundo e de seus deuses.
            Uma arte da modulação.

(Texto publicado originalmente na revista Cahiers du Cinéma, n°81, março de 1958)

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Cine FAP: "Irmãs de Gion", de Kenji Mizoguchi

O Cine FAP prossegue em outubro com a exibição e debate de filmes do cinema clássico japonês: nesta segunda, dia 19, Irmãs de Gion, de Kenji Mizoguchi. Ainda em outubro, O Inesquecível, de Keisuke Kinoshita.


 Cine FAP apresenta: 

"Irmãs de Gion", de Kenji Mizoguchi

Irmãs de Gion segue os caminhos paralelos da rebelde Omocha (Isuzu Yamada) e de sua irmã Umekichi (Yoko Umemura), ambas gueixas do distrito de Gion. Protótipo estilístico e temático da obra do então jovem Mizoguchi, em seu olhar amargo sobre as forças que atiram a mulher para baixo da ladeira social.
 
"... Robin Wood observou que os dois filmes (Elegia de Osaka e Irmãs de Gion, ambos de 1936) formam um par, sendo o primeiro 'tão exclusivamente dedicado à análise da opressão da mulher no âmbito familiar, enquanto que o segundo é como um desenvolvimento, está além disso.'. Elegia de Osaka, mesmo que poderoso, é assim como o filme fraco do par, em certos momentos desajeitado, hiperretórico ou incerto em seu equilíbrio entre a distância e o envolvimento. Irmãs de Gion é uma obra-prima, um dos filmes mais perfeitos de Mizoguchi. Sua encenação - tomadas longas, estáticas, entremeadas de travellings implacáveis - expõe as estruturas opressivas da sociedade japonesa com claridade de tirar o fôlego. Nem a conformidade nem a rebelião oferecem uma rota de fuga para as mulheres condenadas de Mizoguchi. O exame do tema é exemplar em sua concisão, força e rigor. Mesmo que Mizoguchi tenha feito, mais tarde, filmes de maior complexidade, a precisão aguda de Irmãs de Gion permanece singular." (retirado de: http://sensesofcinema.com/2002/great-directors/mizoguchi/)

Serviço:
dia 19/10 (segunda)
às 19 hs
no Auditório Antonio Melillo, na FAP - Faculdade de Artes do Paraná
(Rua dos Funcionários, 1357, Cabral)
ENTRADA FRANCA

***

Programação do ciclo:

05/10 -
Sr. Obrigado (Arigatô-san, 1936), de Hiroshi Shimizu
Sr. Obrigado é um jovem motorista de ônibus. Conhecido por sua simpatia, conduz com prudência e humanidade seu ônibus no meio de uma estrada que reflete as idiossincrasias de seu país.

19/10 -
Irmãs de Gion (Gion no shimai, 1936), de Kenji Mizoguchi

Irmãs de Gion segue os caminhos paralelos da rebelde Omocha (Isuzu Yamada) e de sua irmã Umekichi (Yoko Umemura), ambas gueixas do distrito de Gion. Protótipo estilístico e temático da obra do então jovem Mizoguchi, em seu olhar amargo sobre as forças que atiram a mulher para baixo da ladeira social.


26/10 - O Inesquecível ou Amor Imortal (Eien no Hito, 1961), de Keisuke Kinoshita

Heibei (Tatsuya Nakadai) é um jovem que retorna para casa após lutar na II Guerra, e força o seu casamento com Sadako (Hideko Takamine) após violentá-la e usar sua influência para convencer o pai da garota. A partir daí, o casal vive uma relação conflituosa, pois a Sadako era apaixonada por Takashi (Keiji Sada), um combatente japonês que Heibei odiava desde criança.

Realização: Cine FAP
 
Apoio: Coletivo Atalante

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Minicurso de história do cinema: o cinema clássico japonês

INSCRIÇÕES ENCERRADAS

Dando prosseguimento aos minicursos mensais de história do cinema, o Sesi oferece no dia 30 de agosto (sábado) das 8 às 12 e das 14 às 18 horas, no Sala Multiartes do Centro Cultural Sistema Fiep, minicurso sobre o Cinema Clássico Japonês.
Ministrados pelo cineclubista Miguel Haoni, do Coletivo Atalante, os mini-cursos têm carga horária de 8 horas, inscrições gratuitas e vagas limitadas. 


A tradição do cinema narrativo clássico no Japão
cinema clássico grassou uma rcepção mundial imensa atingindo os mais distantes pólos de produção. No Japão, os cineastas que antes, durante e após a Segunda Guerra operavam a matriz melodramática associada ao zen e à crise da modernização, ofereciam ao mundo uma forma particular de arte. o enquadramento de Mikio Naruse, a decupagem de Yasujiro Ozu e a mise-en-scène de Kenji Mizoguchi não apenas representavam uma variação formal mas uma maneira única e inovadora de observar o mundo.


Sobre o primeiro mestre a chegar no ocidente, Kenji Mizoguchi:
"Os franceses, sempre os franceses, por intermédio dos Cahiers du Cinéma, empreenderam sua canonização. Várias críticas, trechos de roteiros traduzidos, as memórias de Yoda e até algumas monografias foram publicados. Num período no qual Ozu, Naruse e outros permaneciam praticamente desconhecidos no ocidente, Mizoguchi representava a única grande alternativa ao espetacular e complexo Kurosawa. Os elogios chegaram a ser superlativos. "Kenji Mizoguchi é para o cinema", escreveu Jean Douchet, "o que Bach é para a música, Cervantes para a literatura, Shakespeare para o teatro, Ticiano para a pintura: o maior". Seu ritmo fluido e suas imagens refinadas incorporaram a mística da mise-en-scène que era central à estética dos Cahiers. O êxtase de Sarris diante da visão do lago cintilante de madame Yuki pertence a essa linha de pensamento. Godard escreveu que Mizoguchi queria simplesmente "deixar as coisas se apresentarem, com a mente intervindo somente para apagar seus próprios rastros". Jacques Rivette observou que seus filmes, mesmo muito distantes culturalmente, "falam a nós numa linguagem muito familiar. Que linguagem? A única a que os diretores devem aspirar, a da mise-en-scène".
(David Bordwell, Figuras traçadas na luz)

Unidades:
1 - Velho romantismo e novo realismo
2 - Arte do espaço
3 - Os encantos da rotina

Referências:
1 - NAGIB, Lúcia (org.) Mestre Mizoguchi - uma lição de cinema. São Paulo: Navegar Editora, 1990.
2 - NAGIB, Lúcia e PARENTE, André. Ozu - o extraordinário cineasta do cotidiano. São Paulo: Marco Zero, 1990.
3 - "Tormento". Mikio Naruse. 1964. JAP. p&b. 98 min.

Serviço: 
dia 30 de agosto (sábado)
das das 8 às 12 e das 14 às 18 horas
na Sala Multiartes do Sistema Fiep
(Av. Cândido de Abreu, 200 - Centro Cívico - Curitiba/PR)

Realização: Sesi (http://www.sesipr.org.br/cultura/)
Produção: Atalante (http://coletivoatalante.blogspot.com.br)

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Cineclube da Cinemateca: "Os 47 Ronins - Parte 2", de Kenji Mizoguchi

Neste sábado, dia 16 de agosto, o Cineclube da Cinemateca apresenta o filme "Os 47 Ronins – Parte 2" de Kenji Mizoguchi. A entrada é franca!

Cineclube da Cinemateca apresenta:
“Os 47 Ronins – Parte 2”, de Kenji Mizoguchi


Japão, 1701. Lorde Asano é condenado a cometer seppuku, após agredir o arrogante Lorde Kira, o mestre de cerimônias do Xogum. Após a sua morte, seus samurais decidem vingá-lo. Clássico absoluto de Kenji Mizoguchi (Contos da Lua Vaga), um dos maiores diretores de todos os tempos.

Serviço:
16 de agosto (sábado)
às 15h 
Na Cinemateca de Curitiba (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco)
(41) 3321-3552
ENTRADA FRANCA

Realização: Cinemateca de Curitiba e Coletivo Atalante

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Cineclube da Cinemateca: "Os 47 Ronins - Parte 1 ", de Kenji Mizoguchi

O Cineclube da Cinemateca apresenta neste sábado, dia 02 de agosto, "Os 47 Ronins - Parte 1", de Kenji Mizoguchi. A entrada é franca!

Cineclube da Cinemateca apresenta:
"Os 47 Ronins - Parte 1 ", de Kenji Mizoguchi

  Japão, 1701. Lorde Asano é condenado a cometer seppuku, após agredir o arrogante Lorde Kira, o mestre de cerimônias do Xogum. Após a sua morte, seus samurais decidem vingá-lo. Clássico absoluto de Kenji Mizoguchi (Contos da Lua Vaga), um dos maiores diretores de todos os tempos.

Serviço:
02 de agosto (sábado)
às 15h 
Na Cinemateca de Curitiba (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco)
(41) 3321-3552
ENTRADA FRANCA

Realização: Cinemateca de Curitiba e Coletivo Atalante

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Cineclube da Cinemateca: programação de agosto

Programação de agosto:
02/08- "Os 47 Ronins - Parte 1", de Kenji Mizoguchi
16/08 - "Os 47 Ronins - Parte 2", de Kenji Mizoguchi

Serviço:
Sábados
às 15hs
na Cinemateca de Curitiba(Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco)
(41) 3321 - 3552
ENTRADA FRANCA

Realização: Cinemateca de Curitiba e Coletivo Atalante

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Cineclube Sesi apresenta: "O Intendente Sansho" de Kenji Mizoguchi

Nesta quinta-feira, o  Cineclube Sesi encerra sua atividades de 2012 com o filme "O Intendente Sansho" de Kenji Mizoguchi e após um recesso de um mês, retorna no dia 13/01 com o filme "A Viagem dos Comediantes", abrindo o ciclo Theo Angelopoulos e a mise-en-scene moderna que contará ainda com os filmes "Um Olhar a Cada Dia" (dia 20/01) e "Vale dos Lamentos (dia 27/01).
Sempre com entrada franca!

Cineclube Sesi apresenta: "O Intendente Sansho" de Kenji Mizoguchi
No final do século XI, Tamaki, mulher da aristocracia, viaja para uma praia de Echigo acompanhada de seu filho Zushio, de sua filha Anju e de uma serva. Durante a jornada, os viajantes são enganados por mercadores de escravos e as duas crianças são vendidas ao cruel intendente Sansho.

Serviço:
dia 13/12 (quinta)
às 19h30
na Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA


Realização: Sesi
Apoio: Processo Multiartes

Programação de janeiro:

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Cineclube Sesi apresenta: "Contos da Lua Vaga" de Kenji Mizoguchi



Sinopse:Obra-prima do cinema fantástico, o filme é uma fábula passada no século XVI em um Japão feudal violento durante a sangrenta guerra civil e conta a história de um fazendeiro que quer ser samurai e de perseguições de fantasmas. Realizada pelo mestre japonês Kenji Mizoguchi cheio de atmosfera e força, é um dos mais importantes filmes da história do cinema e um belo exemplo do cinema japonês clássico.Ganhou o Leão de Prata no festival de Veneza de 1953.
Sobre o filme:
Em 1953, Kenji Mizoguchi filma um dos mais belos e cruéis contos cinematográficos de todos os tempos. "Contos da lua vaga" se passa historicamente durante uma guerra civil no século XVI. O ser humano (japonês) enfrenta o flagelo que se chama vida.
Obra-prima do cinema mundial. Mizoguchi expõe sua visão. A família, o homem e a mulher. Os contrastes, a diferença entre os sexos. A ambição, a tolice masculina. A calma, a sensatez feminina. Uma estória é contada, um novelo de lã sobre a vida e o que vem depois. O lirismo desse novelo de planos vai se desenrolando entre elipses e enquadramentos perfeitos. Um lago de fantasia inunda um solo fértil de realismo. Os sofisticados movimentos de câmera dão o tom estilístico mizoguchiano; ninguém move a câmera e capta imagens com simplicidade tão bela na história do cinema.

Mateus Moura
(Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema, 2008)


Serviço:
dia 06/12 (quinta)
às 19h30
na Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep*
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA
*Sala com 25 lugares, sujeita à lotação.


Realização: Sesi
Apoio: Processo Multiartes

Programação de dezembro: