terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Cineclube Sesi apresenta: "Vale dos Lamentos" de Theo Angelopoulos

No dia 31/01 (quinta) o Cineclube Sesi apresenta "Vale dos Lamentos" encerrando o ciclo Theo Angelopoulos e a mise-en-scene moderna
Em fevereiro a programação começa com "À Queima-Roupa", de John Boorman (7/02) abrindo o ciclo A Geração do Meio do Cinema Hollywoodiano, que contará ainda com "Meu Ódio Será Sua Herança", de Sam Peckimpah (14/02), "O Estranho que Nós Amamos", de Don Siegel (21/02) e "Corrida Contra o Destino", de Richard C. Sarafian (28/02).
Sempre com entrada franca!

Cineclube Sesi apresenta: "Vale dos Lamentos" de Theo Angelopoulos
Sinopse:
Um grupo de gregos expatriados foge do avanço do Exército Vermelho em Odessa, na Ucrânia, em 1919. Eles finalmente se estabelecem perto de Tessalônica, na Grécia. Na comunidade, há uma pequena órfã, Eleni, que é adotada pela família de outro menino, Alexis. Os dois crescem juntos e se apaixonam. A jovem dá à luz filhos gêmeos de Alexis, mas os bebês são dados para adoção. Quando Spyros, pai de Alexis, fica viúvo, Eleni aceita casar-se com ele. Antes mesmo do fim do banquete do casamento, Eleni e Alexis acabam fugindo, partindo o coração de Spyros. Alexis vive como músico itinerante e se envolve com militância política de esquerda, o que precipitará novos dramas na vida do casal. Primeira parte de uma trilogia em que o cineasta Theo Angelopoulos discute as raízes da Grécia no século XX.

Sobre o filme:
Theo Angelopoulos, o diretor da eternidade, morreu. Mas, é claro, nunca morrerá. Sua obra ultrapassa seu país, seu continente, seu próprio criador - alcança o que chamamos Perene.
Vale dos Lamentos, trata de um sofrimento ancestral e incontornável; em cada longo plano-sequência de Angelopoulos reconhecemos a história da humanidade, que nada mais é do que a história de todos nós. Neste vale formado pelas lágrimas de Eleni (que é todas as mulheres obrigadas a esperar) e pelo sangue de sua família (que é o sangue de todos aqueles que perdemos pelo caminho) testemunhamos um artista que só pode ser divino de tão humano.
Infelizmente perdemos Theo Angelopoulos, para ele sempre seria cedo demais.

Felipe Cruz (Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema - 2012)
*Na ocasião da morte de Angelopoulos

Serviço:
dia 31/01 (quinta)
às 19h30
na Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA

Realização: Sesi
Apoio: Processo Multiartes

Mais informações:

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Aos pés do gigante

Texto sobre "Um Olhar a Cada Dia" de Theo Angelopoulos (1995)

"Um olhar a cada dia" reforça a dimensão heroica do cinema de Theo Angelopoulos ao abordar a aventura de um cineasta em busca do primeiro filme grego, realizado pelos irmãos Manakis, quase cem anos depois. A odisseia do protagonista (no filme chamado de “A” - uma clara referência autobiográfica) remonta à poesia épica grega, ao concatenar o movimento maior, externo, repleto de paisagens hostis, dificuldades, aliados e antagonistas, a um movimento menor, internalizado, que reúne a dor da obsessão e a busca por sentido.No cinema, tal equação sempre esteve na base dos faroestes clássicos americanos de John Ford a Clint Eastwood e do pós-faroeste existencialista moderno de Michelangelo Antonioni a Wim Wenders. A diferença em Angelopoulos é que tal mitologia configura uma reflexão sobre as funções das imagens e de seus observadores privilegiados, os cineastas.
 “A” persegue o filme (supostamente perdido) dos Manakis por acreditar que ali haveria uma inocência do primeiro olhar. No universo destruído, abandonado e brutal do leste europeu, tais imagens remeteriam a outro tempo e lugar e dariam sentido para um realizador continuar seu trabalho.
As associações entre “A” e sua aventura e Angelopoulos e seu filme são inúmeras. Angelopoulos reencontra suas raízes balcânicas e insere isto em sua encenação através do exercício mnemônico da rememoração em presença na qual o personagem adulto anda por passagens de sua memória como um fantasma. Tal recurso é uma referência a um de seus ancestrais cinematográficos, Ingmar Bergman e seu “Morangos Silvestres”. Entretanto no contexto do filme, tais passagens surgem como questões epistemológicas: um cineasta fabrica imagens ou elas chegam até o filme através de seu olhar (olhar internalizado)? A atitude de Angelopoulos em toda a sua filmografia é como a dos irmãos Manakis.
Seus filmes pretendem primeiramente “mostrar” a realidade, a paisagem e o homem. Entretanto, obviamente, para chegar a determinados lugares os artifícios cênicos são totalmente necessários. Um princípio não anula o outro.
Tomemos, por exemplo, o grande tableau vivant na festa de ano novo: os anos passam sem corte, através de saltos temporais e modulações da mise-em-scène. Tal lógica obedece às regras da memória do personagem, evocadas pelo cenário e não às convenções diegéticas realistas. No filme imagens alimentam imagens, seja dentro ou fora do indivíduo. O registro (nunca confundir com mero registro) sócio-histórico partilha a mesma lógica cênica do registro interior. E qualquer encontro ou despedida vira um episódio homérico em virtude do onipresente gigante do passado e de seus passos inexoráveis rumo ao futuro.
Na tragédia grega (Angelopoulos incluso), a memória do passado macula todos os movimentos dos heróis. Suas lutas são contra o destino, personagem cruel e incontornável tanto no rumo a Ítaca quanto na recente história da esfacelada União Soviética.

Miguel Haoni

O drama em Angelopoulos


Theo Angelopoulos ao longo de seus filmes desenvolveu uma forma radical de tratamento dramático, que lança raízes nos procedimentos formais dos cinemas modernos dos anos 50 e 60 e os levam a um paroxismo.
Dias de 36 (1972)

Seu fascínio pelo cinema do italiano Michelangelo Antonioni o conduziu a um emprego sistemático de tempos mortos, nos quais os tradicionais diálogos (informativos/narrativos) eram substituídos por longos silêncios e caminhadas. Tal escolha obriga o espectador a empreender uma imersão contemplativa nas imagens e em seus atributos visuais abstratos.
Alexandre, O Grande (1980)

Estas imagens não primam por sua função narrativa, não são facilitadoras da ação dramática. Permitem uma leitura (mínima) da trama, mas esgarçam, diluem, suspendem esta trama em nome do impacto pictórico, de maneira a atribuir-lhe uma função secundária dentro dos interesses dos filmes. As ações aqui pesam menos por sua função na estrutura narrativa do que pelo efeito plástico dos movimentos no espaço.
Viagem à Citera (1984)

Entretanto, diferente do cinema político ascético dos anos 70, Angelopulos agrega ao seu projeto estético uma dimensão emocional. Não a emoção dos golpes dramáticos da decupagem clássica, mas uma emoção que transborda da contenção, por determinados procedimentos estéticos.
Paisagem na Neblina (1988)

Angelopoulos cria seus planos (unidades fundamentais de seu trabalho) sobre o vazio. A partir dos deslocamentos da câmera e das marcações dos atores, o plano se preenche e esvazia lentamente até o clímax visual e (às vezes) dramático, podendo a partir daí dar lugar ao plano seguinte ou se transformar em uma composição outra. O jogo de Angelopoulos é o da manipulação dos corpos no espaço, sua arte reside em obter através disto composições emocionalmente densas, plenas de ressonâncias míticas e históricas. A dramaturgia aqui é o fio entre os planos, quase sempre invisível.
O Passo Suspenso da Cegonha (1991)

Angelopoulos é um dos mais rigorosos administradores da visibilidade e suas escolhas exigem a participação ativa de nossos sentidos. Por vezes, os ápices dramáticos de seus planos se desenrolam nas profundezas de espaços recessivos, muito longe da câmera e de nossos olhos. A condução do olhar para pontos de fuga infinitos nos obriga a perceber a rarefação das ações nos espaços, silêncios e durações.
A Eternidade e Um Dia (1998)

Em Angelopoulos, a dramaturgia e a dramaticidade tradicionalmente concebidas – linhas de força na mise em scène clássica – são substituídas por outro repertório expressivo. Monotonia, contenção, distância, atores de costas em lentos e longos deslocamentos, sugerem ao espectador uma outra percepção das imagens, do cinema e do mundo.

Miguel Haoni
(Cineclube Sesi, 2013)

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Cineclube Sesi apresenta: "Um Olhar a Cada Dia" de Theo Angelopoulos


No dia 24/01 (quinta) o Cineclube Sesi apresenta "Um Olhar a Cada Dia" dando prosseguimento ao ciclo Theo Angelopoulos e a mise-en-scene moderna que contará ainda com o filme "Vale dos Lamentos  no dia 31/01).
Sempre com entrada franca!

Cineclube Sesi apresenta: "Um Olhar a Cada Dia" de Theo Angelopoulos

Sinopse:
Um cineasta grego exilado está retornando para casa, e sai em uma jornada épica através dos Bálcãs. Ele busca três rolos de filme perdidos dos irmãos Manakis, os fotógrafos pioneiros que introduziram os filmes nos Bálcãs no início do século.

Sobre o filme:
A fé profunda de Angelopoulos na encenação como locus expressivo marca toda a sua produção. 
Em "Um olhar a cada dia", a odisseia de um cineasta/cinéfilo em busca das primeiras imagens registradas pelos irmão Manakis no início do Século XX, é um retrato autobiográfico desta profissão de fé. 
Através de movimentos sutis, Angelopoulos reconfigura o espaço-tempo diegético em cenas atordoantes. As imagens que extrai de ruínas de guerra competem com os brancos espaços vazios dos desertos de gelo por onde o angustiado protagonista caminha. No filme, o cenário reflete mais que estados de alma; é a representação livre e pulsante de uma nova forma de inserção no mundo. E de uma nova forma de observá-lo.

Miguel Haoni

Serviço:
dia 24/01 (quinta)
às 19h30
na Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA


Realização: Sesi
Apoio: Processo Multiartes

Mais informações:

sábado, 19 de janeiro de 2013

Som de Preto

MUDANÇA DE LOCAL: POR MOTIVOS ESCABROSOS (QUE ESCLARECEREMOS DEPOIS) A FESTA FOI TRANSFERIDA PARA O TRIP (Rua Mateus Leme, 754, duas quadras do Mueller).
https://maps.google.com.br/maps?hl=pt&ie=UTF-8&q=trip+bar+curitiba&fb=1&gl=br&hq=trip+bar&hnear=0x94dce3f5fc090ff1%3A0x3c7a83b0092bb747%2CCuritiba+-+PR&cid=0%2C0%2C8603418094491933575&ei=i9MJUb7BB5L09gTmr4HoBw&ved=0CHUQ_BIwAA




A primeira resolução do Coletivo em 2013 foi a seguinte: não podemos ser apenas um coletivo de arte-educação, precisamos nos aventurar também na criação e produção artística.
O primeiro passo nessa nova empreitada é o baile Som de Preto, produto de diversas necessidades: primeiro a nossa, de promover uma intervenção na noite da cidade e ao mesmo tempo prestar tributo à música que alimenta nosso espírito (samba, funk, soul, mas também jazz, reggae, blues, rap, brega, dub, tropicália, afrobeat, r&b, triphop..., música latina e um pouquinho de pop - onde corre sangue negro).
A segunda é uma necessidade da própria cidade: a boemia de Curitiba tem uma fome de Brasil intensa. Brasil e música negra.Tão grande e (crescente) que as festas que propõem coisas neste sentido não dão conta da demanda.
Aí é a história da fome com a vontade de comer. Juntamos nossos discos e pendrives e convidamos a rapaziada pra arrastar as sandálias no dia 1° (sexta) no Trip às 22 horas.
E vamos botar água no feijão!

Discotecagem:Caetano, Julia, Leonardo e Miguel
Participação especial: Matheus Reinert

Entrada: 10 pila até as 24:00, após 15.
7 pila na lista amiga até as 01:00
(envie seu nome para festasomdepreto@gmail.com até 12:00 do dia 1°)

Venha refrescar a cuca pra poder incrementar!

realização: coletivo atalante

P.S: Double de vodca até 24h!!




2° Revisão para o específico de cinema da FAP



Ministrantes: Adriano Del Duca, Julia Marques, Julien Guimarães, Miguel Haoni e Raquel Zanotelli.

Programação:
Manhã:
8 – 9  Primeiro Cinema
9 – 10 Montagem Soviética e Neorrealismo Italiano
10 – 11  Cinema Novo Brasileiro e “Deus e o Diabo na Terra do Sol”
11 – 12  "Cidadão Kane" e Gêneros Hollywoodianos

Tarde:
14 – 15 Nouvelle Vague e Documentário Moderno
15- 16 “Blow-Up” e “O Sacrifício”
16 – 17  “O Céu de Suely” e Cinema e Gênero e Cinema Pós-Moderno
17 – 18  Cinema – Entre a realidade e o artifício

Serviço:
dia 30 de janeiro (quarta-feira)
das 8 às 12 e das 14 às 18 horas
na Cinemateca de Curitiba
(Rua Carlos Cavalcanti, 1174 – São Francisco)

Inscrições gratuitas
30 Vagas *
*As vagas serão preenchidas no dia por ordem de chegada

Realização: Agridoce, Fundação Cultural de Curitiba e Coletivo Atalante

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Cineclube Sesi apresenta: "A Viagem dos Comediantes" de Theo Angelopoulos

No dia 17/01 o Cineclube Sesi retoma suas atividades com o filme "A Viagem dos Comediantes", abrindo o ciclo Theo Angelopoulos e a mise-en-scene moderna que contará ainda com os filmes "Um Olhar a Cada Dia" (dia 24/01) e "Vale dos Lamentos (dia 31/01). Sempre com entrada franca!


A Viagem dos Comediantes
"A Viagem dos Comediantes", de 1975, é um dos filmes centrais na cinematografia de Theo Angelopoulos. Representou ao mesmo tempo a consagração internacional e a consolidação do estilo. Nestes termos , o que já ensaiava em "Reconstituição" (1970) e "Dias de 36" (1972) atinge aqui a maturidade plena: os planos gerais que valorizam a inserção do homem na memória do espaço, os tempos mortos que impõem uma contemplação silenciosa, a encenação austera de movimentos socio-políticos e, sobretudo, o plano-sequencia como sintetizador de forças dramáticas e históricas.
Sendo um filme paradigmático de sua primeira fase (a do cinema político, ancorado na ética marxista), "A Viagem dos Comediantes" acompanha a deriva de uma trupe de atores pela Grécia contemporânea em três momentos: a Segunda Guerra Mundial, sob o domínio alemão; a Guerra Civil de 46-49, sob o domínio britânico; e a "abertura" de 52, sob o domínio militar. O tratamento elíptico da narrativa amalgama capítulos da História a uma base mito-simbólica na qual os conflitos pessoais são representações de dramas coletivos.
O lugar preponderante que ocupam no filme os planos de grupo e as canções patrióticas tradicionais são índices desta pretensão universalizante. Mas é a própria encenação dos comediantes que sustenta o mais pungente dos signos: para aqueles homens e mulheres o espetáculo da felicidade não se completa nunca, sendo eternamente interrompido pela brutalidade do tempo. Apesar de tudo, entretanto, o show (e a vida) tem que continuar.

Miguel Haoni
(Cineclube Sesi, 2013)

Serviço:
dia 17/01 (quinta)
excepcionalmente às 18h30
na Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA

Realização: Sesi
Apoio: Processo Multiartes

Mais informações:

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Cineclube Sesi retoma as atividades dia 17 de janeiro

O Cineclube Sesi retoma as atividades na sala Multiartes do Sistema Fiep (agora com nova estrutura) apresentando o ciclo "Theo Angelopoulos e a mise-en-scène moderna". O ciclo começa no dia 17 (excepcionalmente às 18h30) com o filme "A Viagem dos Comediantes"e consiste numa pequena homenagem tardia ao maior expoente do cinema grego, que morreu no dia 24 de janeiro de 2012 (precisamente, um ano antes da sessão de "Um Olhar a Cada Dia"). Através dos três filmes selecionados vamos ter um vislumbre da trajetória desse cineasta e da sua concepção única de encenação. Para Angelopoulos o cinema era uma manifestação heróica, seus planos-sequência, travellings e panorâmicas carregam a História do ocidente nas costas de viajantes melancólicos.

Cineclube Sesi apresenta: Theo Angelopoulos e a mise-en-scène moderna
Talvez a grande diferença entre o cinema clássico e o moderno seja que no primeiro todos os jogos e experimentações com a linguagem cinematográfica estão em função da história: movimentos de câmera, enquadramentos, cortes e mise-en-scène agregam sempre uma função narrativa. Para os autores que seguem esta tradição, a liberdade e a criatividade são valores equivalentes ao de qualquer outra (vanguarda, modernismo, fluxo), desde que estejam dentro do projeto de contação da história, dando-lhe andamento, estabelecendo desvios, rupturas e muitas vezes transcendendo-a.
Para os modernos a história ainda é central, mas a ela se agregam intenções exteriores - expressivas, abstratas, poéticas, pictóricas, políticas, estéticas, intelectuais, sensoriais - que a dissolvem num caldo criativo complexo.
Tomemos por exemplo a mise-enscène, da maneira como foi concebida por Andre Bazin e a crítica francesa dos anos 50. Em realizadores como John Ford (paradigma clássico), a disposição de personagens e objetos em cena, suas relações com a câmera, com o fora de campo e entre si, seus movimentos dentro do plano e entre os planos, convidavam quase sempre a um olhar ancorado na cadeia significativa do drama: Quem são estes personagens no espaço? Quais são suas histórias? O que os move? São questões que o silêncio das imagens sustentam, muito além das respostas nas ações e diálogos.
Em contrapartida, o que "dizem" as composições desdramatizadas de Michelangelo Antonioni, os movimentos "espirituais" de Andrei Tarkovsky, a austeridade dos tableux de Jean-Marie Straub? Do ponto de vista narrativo, nada. A mise-en-scène moderna se desenrola em outro lugar e "comunica" (palavra inapropriada) outras coisas. Mas o quê?
Para enfrentar esta questão, nada mais apropriado que iniciarmos  pela investigação do estilo naquele que foi considerado o mais importante diretor de planos-sequencia (longos trechos de filme em que toda aunidade ação/tempo/espaço se encerra entre o corte inicial e o final do plano) de seu tempo: o grego Theodoros Angelopoulos.
Iniciando nos anos 70, Angelopoulos foi um moderno tardio. Chega ao cinema no tempo da autoconsciência absoluta do estilo. Em função disto, e de sua formação humanista/mítica, figura-se em pouco mais de 40 anos como um dos grandes autores do cinema.
Sua leitura heróica da História e sua técnica ao mesmo tempo emocional e desdramatizada transforma suas narrativas em exercícios expressivos e pictóricos fascinantes, nos quais a encenação materializa uma espécie de espetáculo do desencanto.
Como escreveu o teórico David Bordwell, a mise-en-scène de Angelopoulos prova que o velho modernismo cinematográfico ainda pode abrir nossos olhos.

Miguel Haoni
(Cineclube Sesi, 2013)
 
 

Programação:
17/01 (excepcionalmente às 18h30) - A Viagem dos Comediantes
24/01 - Um Olhar a Cada Dia
31/01 - Vale dos Lamentos

Serviço:
Sessões às quintas-feiras
às 19h30 (excepcionalmente dia 17)
Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA

Realização: Sesi
Apoio: Processo Multiartes

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