domingo, 17 de junho de 2018

Curso Nouvelle Vague



Apresentação:
Curso Nouvelle Vague é uma introdução ao movimento que na passagem dos anos 1950 para os 1960, impôs uma renovação violenta nos quadros do cinema francês e, a partir dele, do cinema mundial. Renovação técnica, e filosófica, a Nouvelle Vague (nova onda) propõe num contexto de rápidas mudanças nos modos e costumes uma nova forma de ver, pensar e fazer filmes.

Tomando como ponto de irradiação o período 58-62 e os longas de estreia dos "jovens turcos" da crítica francesa ("Nas garras do vício" de Claude Chabrol, "Os incompreendidos" de François Truffaut, "Acossado" de Jean-Luc Godard, "Paris nos pertence" de Jacques Rivette e "O signo do leão" de Eric Rohmer), o curso expande a sua exploração por textos críticos e filmes anteriores, bem como analisa algumas consequências nos períodos posteriores. A costura de filmes e textos parte do princípio, muito defendido pelo próprio grupo, de que existe uma diferença de de grau, não de natureza entre o trabalho do crítico e o trabalho do cineasta.

Esta colcha de retalhos pretende portanto, desenhar um quadro justo do que foi este cinema e de que formas podemos nos aproximar dele.

Por exemplo: no dia dedicado à "Os incompreendidos", 1 - começamos pela apreciação de uma cena do filme arquetípico da "Tradição de qualidade", "Sinfonia pastoral" (Jean Delannoy, 1946), 2 - passamos pela análise de cinco pontos do manifesto anti-"Tradição de Qualidade" de Truffaut "Uma certa tendência do cinema francês" (Cahiers du cinéma, 1954), 3 - em seguida veremos a cena da máquina de escrever de "Os incompreendidos", muito bem observada na crítica de Godard, "Truffaut representará a França em Cannes com 'Les 400 coups'" (Arts, 1959), 4 - lemos esta crítica e 5 - depois voltamos até 1953 e apreciaremos o plano revolucionário (citado em "Os incompreendidos") de Harriet Andersson encarando a câmera de Ingmar Bergman em "Monika e o desejo" e 6 - encerramos o dia analisando cinco pontos do texto de Bergmanorama (Cahiers du cinéma, 1958), de Godard sobre o cinema de Bergman.

Esta estrutura ziguezagueante conformará o trabalho de cada encontro do curso, mudando, evidentemente, seus objetos de análise.

Programa (18 pontos a percorrer):
1 - A sinfonia pastoral (Jean Delannoy, 1946);
2 - "Uma certa tendência do cinema francês" (François Truffaut, 1954);
3 - Os incompreendidos (François Truffaut, 1959);
4 - "Truffaut representará a França em Cannes com 'Les 400 coups' (Jean-Luc Godard, 1959);
5 - Monika e o desejo (Ingmar Bergman, 1953);
6 - "Bergmanorama" (Jean-Luc Godard, 1958);
7 - "O nascimento de uma nova vanguarda: a 'caméra-stylo'" (Alexandre Astruc, 1948);
8 - Anjo do mal (Samuel Fuller, 1953);
9 - "Nos passos de Marlowe" (Luc Moullet, 1959);
10 - Acossado (Jean-Luc Godard, 1960);
11 - "O corpo" (Jean Douchet, 1998);
12 - O Bandido da Luz Vermelha (Rogerio Sganzerla, 1968);
13 - "Éric Rohmer: só o belo é verdadeiro" (Luiz Carlos Oliveira Jr., 2010);
14 - O signo do leão (Eric Rohmer, 1962);
15 - "O antigo e o novo" (entrevista com Eric Rohmer, 1965);
16 - Viagem à Itália (Roberto Rossellini, 1954);
17 - "Carta sobre Rossellini" (Jacques Rivette, 1955);
18 - Jacques Rivette: o vigilante (Claire Denis e Serge Daney, 1990).

“E nasce pela simples razão de que essa geração educada pela arte, pela literatura e pelo cinema e formada na Cinemateca Francesa de Henri Langlois (e, como salienta Jean Douchet, uma geração cujos principais membros se chamavam Godard, Truffaut ou Rivette), não se vai limitar nem à denúncia nem à mera, e tão ‘juvenil’, contestação. Essa geração tinha a plena consciência de que aquilo que atacava era um sistema de valores, e que para ser bem sucedida não podia deixar de propor um novo sistema de valores que substituísse o anterior. Foi esse trabalho de substituição que foi desenvolvido nos Cahiers durante a década de 50, um trabalho que teve na ‘Política dos Autores’ o seu resultado mais visível, mas não o único – até porque a ‘Política dos Autores’, se foi uma ideologia, foi também, e se calhar principalmente, um método, o fio de Ariane que permitiu que se regressasse do mergulho na história do cinema com uma reorganização dessa história, ou seja, com esse tal ‘outro’ sistema de valores. À paixão pelo cinema (coisa relativamente comum) juntava-se algo de bastante mais raro: um profundo conhecimento da sua história e teoria que, aliado a uma perfeita intuição de que o cinema é uma coisa e um filme é outra (ou seja, que existe uma natureza cinematográfica que se manifesta através dos filmes), teve como resultado o nascimento de toda uma nova cultura do olhar, para a qual um filme já não é divisível (ou redutível) em parcelas, construindo antes um todo orgânico erguido em torno de um coração, ou, se calhar melhor, de um cérebro: a mise-en-scène. Foi esta concepção ‘orgânica’ do cinema que, aplicada ao conjunto do trabalho de um cineasta, permitiu encontrar obras e autores, e foi ainda ela que suspendeu a forçosa desordem temporal em que a história do cinema foi apercebida pela geração da Nouvelle Vague, precisamente por permitir perceber que, no cinema, as continuidades e equivalências não são, necessariamente, de ordem cronológica ou geográfica.”

- Luis Miguel Oliveira, fragmento da nota de abertura da Mostra Nouvelle Vague na Cinemateca Portuguesa.

Curso Nouvelle Vague: 
Com Miguel Haoni (Coletivo Atalante)
De 2 a 6 de julho (segunda a sexta)
das 18h30 às 21h30
na Casa do Contador de Histórias
(Rua Trajano Reis, 325. São Francisco - Curitiba)

Inscrições pelo email: coletivoatalante@gmail.com
Investimento: R$150,00**
VAGAS LIMITADAS

Realização: Casa do Contador de Histórias e Coletivo Atalante

**O sorteio do desconto de 50% na inscrição vale até hoje (01/07) às 23h. Para participar curta e compartilhe a imagem no link:  https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1376685485809840&set=a.131239600354441.36425.100004052061300&type=3&theater

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