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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Cineclube do Atalante: O Movimento das Coisas


Sábado, 14 de setembro:

O MOVIMENTO DAS COISAS
Dirigido por Manuela Serra

(O Movimento das Coisas, Portugal, 1985, 85 min., drama/experimental, 14 anos.)

Histórias do quotidiano de silêncio. Em caminhos desertos de vento inquietante, numa aldeia do Norte. Há um dia de trabalho atravessado por três famílias: quatro velhas, o campo, o pão, as galinhas e, a lembrar-nos, clareiras de histórias velhíssimas de gestos saboreados em mineralógicas palavras. Nestes fragmentos de cenário move-se Isabel, também, com os olhos postos no futuro, para lá dos outros, em que o sentido da vida é apenas viver. O tempo atravessa o nascer e o pôr-do-sol. É um respirar a vida, usando o campo como meio numa aldeia do Norte, de gestos antiquíssimos e pousados.

Serviço:

CINECLUBE DO ATALANTE
“O Movimento das Coisas” (1985), de Manuela Serra
Sábado, 14/09
Às 16h
Na Cinemateca de Curitiba
(Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco)
(41) 3321-3552
ENTRADA FRANCA

Realização: Coletivo Atalante
Agradecimento: The Stone and The Plot e Manuela Serra
Apoio: @fcccuritiba


PROJETO REALIZADO POR MEIO DA LEI MUNICIPAL COMPLEMENTAR 57/2005 DO PROGRAMA DE APOIO E INCENTIVO À CULTURA, FUNDAÇÃO CULTURAL DE CURITIBA E PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA, SECRETARIA DA CULTURA E GOVERNO FEDERAL.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Do Movimento das Coisas, de Manuela Serra

por Vera Lúcia de Oliveira e Silva

O recorte é claro – tempo e espaço definidos – mas o filme não é nem paroquial e nem datado. Também não se inscreve no tempo mítico, pois é um filme realista: dá conta de uma realidade dura na qual, entretanto, sobram dignidade e alegria. Mulheres em sua faina ocupam a cena. Ao longe, na fumaça turbulenta da indústria, em vivo contraste com a névoa que a natureza estende como véu pacífico, é mostrada a face da transformação por vir. Se Rosselini, em Europa 51, escancarou a monstruosidade desta transformação, aqui ela é anunciada com delicadeza – como uma advertência.

Esse é o resultado esperado do trabalho de um realizador que se apruma em seu desejo: ele arranca algo do Real e o apresenta aos demais. A estes, resta o reconhecimento – na medida de sua própria sensibilidade e de seu repertório de experiências.

Se é verdade, como aponta Nietzsche, em suas Segundas Considerações Intempestivas (1874), que a História, para realizar sua função de acrescentar felicidade à vida das pessoas, precisa contemplar três dimensões – a monumental, a crítica e a antiquarista – então Manuela Serra nos presenteia com um documento poético que, servindo à terceira vertente da História, nos lava a alma nas águas do rio Lima e nos põe em irmandade com pessoas, simples e elevadas, que se entregaram, fazendo ofício de atores, ao registro da cineasta.

Cineasta capaz de dirigir o ator e a si mesma para esse foco, onde se dá o cruzamento dos raios da luz refletida – convergentes desde a realidade – raios que, depois, pelos poderes do instrumento ótico, serão dirigidos para deixar impressa na película a marca do Real: foco que é ponto de encontro onde dois, por um instante cósmico, ocupam o mesmo espaço e o mesmo tempo – e se reconhecem, um no outro.

Cineasta que, pela captura precisa, transforma o ator – no início, ator de si mesmo – em imagem prototípica, com a qual todo ser humano pode vir a se identificar, na medida de sua própria vulnerabilidade, dando, a cada um, ocasião de também comparecer ao ponto mágico de encontro.

Capturando o movimento das coisas, protegendo-o nos arquivos do Cinema, Manuela Serra registra uma realidade banhada em poesia e, destarte, a eterniza.

Sexta-feira 13, Novembro de 2020

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Clube do Filme: O Movimento das Coisas

Excepcionalmente em novembro o Clube do Filme se reúne (virtualmente) na segunda quarta-feira do mês, dia 11, para a discussão de um filme e textos relacionados.

O filme de novembro é "O Movimento das Coisas" (1985), de Manuela Serra.


“Histórias do quotidiano de silêncio. Em caminhos desertos de vento inquietante, numa aldeia Norte. Há um dia de trabalho atravessado por três famí- lias: quatro velhas, o campo, o pão, as galinhas, e, a lembrar-nos, clareiras de histórias velhíssimas de gestos saboreados em mineralógicas palavras. Uma família de dez filhos numa quinta mergulham na largueza do tempo, no gesto todo do trabalho, o pai corta uma árvore. Mais longe, a água do rio habitado por gente, numa barca, o sol, e o largo da aldeia, a ponte em construção, a varanda, a refeição, a densidade e o misticismo ao domingo, a missa e a feira: ritualizada ao sábado. Nestes fragmentos de cenário move-se Isabel, também, com os olhos postos no futuro, para lá dos outros, em que o sentido da vida é apenas viver."
- Teresa Sá.

O filme está disponível no YouTube (em caso de problemas com o link ou se desejar uma cópia um pouco melhor, envie um email para nós: coletivoatalante@gmail.com).

Material complementar recomendado (textos bem breves):

A) O média-metragem
"35 Anos Depois, O Movimento das Coisas" (2014, 37 min), de José Oliveira, Mário Fernandes, Marta Ramos. Disponível aqui.
B)
Folha da sessão assinada pelo João Bénard da Costa. Disponível aqui.
C)
Texto por José Oliveira a respeito dos dois filmes indicados. Disponível aqui.
D) "A vida é tão mais ampla que o cinema", entrevista com a diretora. Disponível aqui.


Como de costume, nosso propósito no Clube do Filme é discutir obras e textos com um pouco mais de tempo que nos debates após as sessões do cineclube, logo, o filme não será exibido na data. Recomendamos que o filme já tenha sido visto e também a leitura dos textos, porém isso não é exigido para participação. Optamos pelo encontro via plataforma Jitsi, uma vez que não exige senha, links confusos nem download de nenhum aplicativo para o desktop (porém caso queira acessar pelo celular, é necessário o aplicativo Jitsi para celular, de download gratuito). Devido ao formato virtual, não poderemos exibir com qualidade trechos do filme e de outros trabalhos, mas acreditamos ser importante retomarmos as atividades possíveis durante a pandemia. O ingresso, como sempre, é gratuito.

Serviço:

Clube do Filme: O Movimento das Coisas, de Manuela Serra
Dia 11/11 (quarta-feira)
Das 19h15 às 21h30
Via Jitsi: https://meet.jit.si/ClubedoFilmeAtalante
ENTRADA FRANCA

Realização: Coletivo Atalante