segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Oficina de crítica cinematográfica: Itinerário de Serge Daney

Oficina de crítica cinematográfica ministrada por Leticia Weber e Miguel Haoni (do Coletivo Atalante) em outubro, pretende investigar o percurso do grande crítico francês Serge Daney. Através do estudo de artigos (incluindo algumas traduções inéditas), da apreciação de filmes e da produção de textos,  reconstituir o percurso do autor, suas principais ideias e proposições - dos anos 70 aos 90 - passando pela revista Cahiers du Cinéma, o jornal Libération e a "sua" publicação, a revista Trafic. A oficina oferecerá uma base sólida para a reflexão sobre a arte das imagens em movimento, sendo, ao mesmo tempo,  introdução e aprofundamento no exercício crítico.
 


Programa:
1° Unidade – Cahiers du Cinéma: Cinefilia, Michelangelo Antonioni e Jacques Tati;
2° Unidade – Libération: Televisão, Andre Bazin, Eric Rohmer, Jean-Marie Straub & Danièle Huillet;3° Unidade – Trafic: Moral do travelling, revista de cinema, fotografia, Jean-Jacques Annaud, vida e solidão.


Referências bibliográficas:
DANEY, Serge. A rampa - Cahiers du Cinéma 1970-1982. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
DANEY, Serge. Ciné journal Volume I/1981-1982. Paris: Cahiers du Cinéma, 1998. 
DANEY, Serge. Ciné journal Volume II/1983-1986. Paris: Cahiers du Cinéma, 1998. 
DANEY, Serge. La maison cinéma et le monde - 4. Le moment Trafic (1991-1992). : Editions P.O.L., 2015.
VÁRIOS. Straub-Huillet. São Paulo: CCBB, 2012.
Vestido sem costura - blog de cinema: http://vestidosemcostura.blogspot.com.br/

Referências fílmicas:
Cedo demais/tarde demais (Trop tôt, trop tard). Jean-Marie Straub & Danièle Huillet. FRA. 1982. cor.
China (Chung Kuo). Michelangelo Antonioni. ITA. 1971. cor
Noites de lua cheia (Les nuits de la pleine lune). Eric Rohmer. FRA. 1984. cor.
O amante (L'amant). Jean-Jacques Annaud. FRA. 1992. cor.Sege Daney: Itinerário de um "cine-filho" (Sege Daney: Itinéraire d'un "ciné-fils"). Dominique Rabourdin e Pierre-André Boutang. FRA. 1992. cor. 
Serviço: 
dias 4, 6, 11, 13, 18 e 20/10 (quartas e sextas)
das 19 às 22 horas
na KNN Idiomas Bacacheri
(Rua Maximino Zanon, 598. Esquina com a rápida Canadá – Bacacheri - Curitiba/PR)
Inscrições pelo email: coletivoatalante@gmail.com
Investimento: R$150,00
VAGAS LIMITADAS


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Cedo demais, tarde demais é, que eu saiba, um dos raros filmes que, depois do de Sjöstrom, filmou o vento. É preciso vê-lo – e escutá-lo – para acreditar. É como se a câmera e a frágil equipe de filmagem tomassem o vento como uma vela e a paisagem como um mar. (...)
Ver e escutar ao mesmo tempo; mas é impossível, dirá você! Certamente, mas um: os Straub são corações valentes; e, dois: as viagens ao impossível são um tanto formadoras. Com Cedo demais, tarde demais, uma experiência é buscada conosco, em nós: há momentos em que começamos vendo (uma grama que o vento arqueia), antes de escutar (o vento responsável por esse arqueamento). Em outros momentos, escutamos primeiro (o vento), depois vemos (a grama). A imagem e o som são sincrônicos e, no entanto, a cada instante cada um de nós pode experimentar a ordem em que acomoda suas sensações. É, pois, um filme sensacional.

Cinemeteorologia
(Serge Daney, 1982)


Animado por todas estas que nos iluminam a realidade, escrevo-te esta carta pela necessidade de te dizer que tu continuas, como dantes, entre nós, envolvido neste espírito que nos é comum por via do cinema. E que tu, como ele, prevalecerão tão presentes hoje como ontem. Como quando apareceu o cinema, este já existia desde sempre, não como máquina , mas como cinema. Por isso dizemos que o Cinema é sem tempo, pois que ele é fruto de todas as artes, e do espírito que as anima, como tu, Serge Daney, já eras espírito crítico, dissecador e analítico dos filmes, e com eles persistes em comum com a projecção do fantasmagórico, como é o cinema onde a realidade e a ficção são tão ficção e realidade uma como outra.

Memória de um crítico de cinema
(Manoel de Oliveira, 2000)
Texto completo:
http://focorevistadecinema.com.br/jornaloliveiradaney.htm



A última coisa que eu vejo em um filme é a Fotografia.
Me dizem “Ah, O Raio Verde 
é formidável, mas por que filmou em 16mm? Rohmer é louco, não é profissional!”
Tenho vontade de bater. Eu digo: “Voltem para casa, cinema não é isso.” Cinema é a duração. Se você não é sensível ao fato de que Rohmer inventa durações, que apenas ele as inventa. Claro, também o faz com imagens, possui um bom imaginário, mas levei uns trinta anos para entender isso.
As coisas simples são as que você leva mais tempo para entender.

Serge Daney
(Itinerário de um cine-filho, 1992)

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