quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Minicurso de história do cinema: O cinema moderno italiano

Dando prosseguimento aos minicursos mensais de história do cinema, o Sesi oferece nos dias 26 e 27 de novembro (quarta e quinta) das 14 às 18 horasno Sesi Heitor Stockler de França, minicurso sobre o Cinema moderno italiano.
Ministrados pelo cineclubista Miguel Haoni, do Coletivo Atalante, os mini-cursos têm carga horária de 8 horas, inscrições gratuitas e vagas limitadas. 

Sobre o cinema de poesia:
O uso permanente do dialeto poderia ter feito de você um escritor populista, ou o cantor de um destes milagres incrustados no interior das minorias linguísticas. Ora, você passou do dialeto friulano a outros dialetos, como o "romano", da linguagem poética à linguagem romanesca, da poesia escrita à poesia "cinematográfica", sem se preocupar muito com o ecletismo de que o podiam censurar, nem mesmo com o perigo real que esta mutação representava.

Repeti frequentemente que a passagem da literatura ao cinema, por exemplo, é apenas uma questão de mudança de técnica. Assim mesmo, pouco a pouco, diferenciei as técnicas literárias  e cinematográficas. A linguagem literária que o escritor emprega para escrever uma poesia ou um romance, ou um ensaio, constitui um sistema simbólico convencional: de resto, toda linguagem escrita ou falada é definida por um certo número de limites históricos, geopolíticos ou, se quiser, nacionais (regionais)... O cinema, pelo contrário, é um sistema de signos não simbólicos, de signos vivos, de signos-objetos... A linguagem cinematográfica não exprime, portanto, a realidade através de um certo número de símbolos linguísticos, mas por meio da própria realidade. Não é uma linguagem nacional ou regional, e sim transnacional... Poderemos voltar, se quiser, ao aspecto teórico da linguagem cinematográfica. Você me pede, no fundo, para explicar ou justificar uma escolha... Creio que há várias razões sérias para esta translação. Mas, primeiro, queria precisar que não abandonei a poesia escrita e a expressão literária. Agora, as razões desta modificação de linguagem ou, antes, de expressão. Creio poder dizer, presentemente, que escrever poesias, ou romances, foi para mim o meio de exprimir minha recusa de uma certa realidade italiana, ou pessoal, num dado momento de minha existência. Mas estas mediações poéticas ou romanescas interpunham entre mim e a vida uma espécie de parede divisória simbólica, uma tela de palavras... E, talvez, a verdadeira tragédia de todo poeta seja a de só atingir o mundo metaforicamente, segundo as regras de uma magia definitivamente limitada na sua apropriação do mundo. Já o dialeto era para mim o meio de uma aproximação mais carnal com os homens da terra, e nos romances "romanos", o dialeto do povo me permitia a mesma aproximação concreta e , por assim dizer, material. Ora, descobri muito depressa que a expressão cinematográfica permitia-me, graças à sua analogia do ponto de vista semiológico (sempre sonhei com uma ideia cara a um certo número de linguísticas, a saber, com uma semiologia total da realidade) com a própria realidade, atingir a vida mais completamente. Apropriar-me dela, vivê-la enquanto a estou recriando. O cinema me permite manter o contato com a realidade, um contato físico, carnal, eu diria mesmo de ordem sensual.

Pier Paolo Pasolini - As últimas palavras do herege: Entrevistas com Jean Duflot

O filme de autor na Itália
Após o desgaste do modelo neorrealista, no início dos anos 1950, os cineastas afiliados sob esta bandeira seguiram rumo a seus próprios estilos e interesses pessoais. A tradição da ópera, a incomunicabilidade do homem contemporâneo, a crise da masculinidade entre outras questões foram matéria para os "maestros" Federico Fellini, Luchino Visconti, Michelangelo Antonioni. Num momento seguinte Bernardo Bertolucci, Pier Paolo Pasolini e Ettore Scola reencontravam a vocação política desta tradição. 
A partir de dois estudos de caso, o minicurso pretende oferecer uma pequena introdução a este imenso universo.

Unidades:
1 - Fascismo e juventude
2 - A incomunicabilidade

Referências:
1 - FELLINI, Federico. Fazer um Filme. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.
2 - "A Moça com a Valise". Valerio Zurlini. 1961. ITA. p&b. 114 min.

Serviço: 
dia 26 e 27 de novembro (quarta e quinta)
das 14 às 18 horas

no Sesi Heitor Stockler de França 
(Avenida Marechal Floriano Peixoto, 458, Centro)

Inscrições gratuitas na hora e local do minicurso 
(preenchidas por ordem de chegada)
VAGAS LIMITADAS

Realização: Sesi (http://www.sesipr.org.br/cultura/)
Produção: Atalante (http://coletivoatalante.blogspot.com.br)

2 comentários:

  1. Ei. Tem algum material sobre esse curso aqui no blogue. É que não pude frequentar, por causa das datas e horários. Obrigada.

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  2. O único material sobre este minicurso no blogue é este tópico.

    Grande abraço,

    Miguel Haoni

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