sábado, 13 de fevereiro de 2021

Clube do Filme: Os Mutantes

O Clube do Filme do Atalante está de volta em 2021! Online, remoto, gratuito, na quarta quarta-feira do mês nos reunimos para discutir um filme e textos relacionados.

Para começar 2021, o filme é "Os Mutantes" (1998), de Teresa Villaverde.


"Mas se tudo é assim tão descarnado, tão feroz, a maestria de Villaverde também está – em medida igual – no modo como imprime uma veia liricizante, uma espécie de poética do desespero, que na sua aparente mansidão já contém impregnados todos e quaisqueres posteriores vulcões. È de admirar sobretudo como a cineasta não se perde em iconografias ou belos retratos inúteis, sim como se detém em desenhar o prenúncio da catástrofe."
- José Oliveira

O filme está disponível aqui
(em caso de problemas com o link, envie um email para nós: coletivoatalante@gmail.com).

Textos recomendados para leituras (não obrigatórios):
A) Crítica do filme por José Oliveira, disponível aqui
B) Artigo por Ana Barroso, "Os Mutantes de Teresa Villaverde: da violência juvenil no cinema português. O resgate do real" (11 fls), disponível aqui.



Como de costume, nosso propósito no Clube do Filme é discutir obras e textos com um pouco mais de tempo que nos debates após as sessões do cineclube, logo, o filme não será exibido na data. Recomendamos que o filme já tenha sido visto e também a leitura dos textos, porém isso não é exigido para participação. Optamos pelo encontro via plataforma Jitsi, uma vez que não exige senha, links confusos nem download de nenhum aplicativo para o desktop (porém caso queira acessar pelo celular, é necessário o aplicativo Jitsi para celular, de download gratuito). Devido ao formato virtual, não poderemos exibir com qualidade trechos do filme e de outros trabalhos, mas acreditamos ser importante retomarmos as atividades possíveis durante a pandemia. O ingresso, como sempre, é gratuito.

Serviço:

Clube do Filme: Os Mutantes, de Teresa Villaverde
Dia 24/02 (quarta-feira)
Das 19h15 às 21h30
Via Jitsi: https://meet.jit.si/ClubedoFilmeAtalante
ENTRADA FRANCA

Coordenação e mediação: Giovanni Comodo
Realização: Coletivo Atalante


terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Inscrições Encerradas: Oficina de Editais do Atalante

 


Oficina de Editais FCC: edital Mecenato, modalidade iniciante. Inscrições encerradas!


O Coletivo Atalante antes de tudo quer agradecer o interesse e a confiança de quem se inscreveu. A oferta do curso foi um sucesso, e por isso, atingimos a quantidade de vagas limite antes da data prevista (29/01). 

Por esse motivo tivemos que encerrar as inscrições e limitar as vagas, tudo em decorrência da melhor fluidez de realização, tanto em questão de conteúdo, quanto da sua dependência exclusivamente online, o que requer uma atenção especial em termos de conexão e estabilidade da plataforma utilizada. A oficina não será gravada e não terá material disponibilizado posteriormente. 

Mas não se preocupe, em breve teremos mais novidades, como cursos que pretendemos oferecer para quem se interessar. 

Continuem nos acompanhando nas redes!


Realização: Coletivo Atalante

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Oficina para inscrição em editais da FCC


O Coletivo Atalante acredita que a transformação e evolução da cena de cinema de Curitiba passa não apenas por cineclubes e na formação de público das salas, mas também na inclusão de novos nomes e agentes que realizam cinema - daí nossa vontade em fazer nossa parte e ajudar que mais pessoas tenham oportunidades para expressar suas vozes e criarem seus projetos.

Por isso, estamos oferecendo GRATUITAMENTE a primeira oficina online de introdução a inscrições em editais da FCC, especialmente o edital de Mecenato, modalidade iniciante (projetos até R$ 79.200,00, inscrições até 26/02/2021).

A oficina não deve ser vista como um cursinho, mas um incentivo para as pessoas elaborarem seus próprios projetos e desmitificar o processo burocrático da inscrição.

Conteúdo:
- Noções gerais sobre o Mecenato Subsidiado - Modalidade Iniciante da Fundação Cultural de Curitiba (o que é, como funciona, quem pode participar e como);
- Quais os documentos essenciais para inscrição e como obtê-los;

- Entenda conceitos do edital nº 117/2020;
- Como é o sistema do SISPROFICE usado nas inscrições;
- Dicas para você organizar o seu projeto.


SERVIÇO:
Sábado, 30/01
Das 16h às 18h
Via Zoom (link será informado aos inscritos)
GRATUITO
VAGAS LIMITADAS
Inscrições até 29/01 pelo link: https://forms.gle/rCKQ3dKk9hjKDgCP9

Realização: Coletivo Atalante

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Do Movimento das Coisas, de Manuela Serra

por Vera Lúcia de Oliveira e Silva

O recorte é claro – tempo e espaço definidos – mas o filme não é nem paroquial e nem datado. Também não se inscreve no tempo mítico, pois é um filme realista: dá conta de uma realidade dura na qual, entretanto, sobram dignidade e alegria. Mulheres em sua faina ocupam a cena. Ao longe, na fumaça turbulenta da indústria, em vivo contraste com a névoa que a natureza estende como véu pacífico, é mostrada a face da transformação por vir. Se Rosselini, em Europa 51, escancarou a monstruosidade desta transformação, aqui ela é anunciada com delicadeza – como uma advertência.

Esse é o resultado esperado do trabalho de um realizador que se apruma em seu desejo: ele arranca algo do Real e o apresenta aos demais. A estes, resta o reconhecimento – na medida de sua própria sensibilidade e de seu repertório de experiências.

Se é verdade, como aponta Nietzsche, em suas Segundas Considerações Intempestivas (1874), que a História, para realizar sua função de acrescentar felicidade à vida das pessoas, precisa contemplar três dimensões – a monumental, a crítica e a antiquarista – então Manuela Serra nos presenteia com um documento poético que, servindo à terceira vertente da História, nos lava a alma nas águas do rio Lima e nos põe em irmandade com pessoas, simples e elevadas, que se entregaram, fazendo ofício de atores, ao registro da cineasta.

Cineasta capaz de dirigir o ator e a si mesma para esse foco, onde se dá o cruzamento dos raios da luz refletida – convergentes desde a realidade – raios que, depois, pelos poderes do instrumento ótico, serão dirigidos para deixar impressa na película a marca do Real: foco que é ponto de encontro onde dois, por um instante cósmico, ocupam o mesmo espaço e o mesmo tempo – e se reconhecem, um no outro.

Cineasta que, pela captura precisa, transforma o ator – no início, ator de si mesmo – em imagem prototípica, com a qual todo ser humano pode vir a se identificar, na medida de sua própria vulnerabilidade, dando, a cada um, ocasião de também comparecer ao ponto mágico de encontro.

Capturando o movimento das coisas, protegendo-o nos arquivos do Cinema, Manuela Serra registra uma realidade banhada em poesia e, destarte, a eterniza.

Sexta-feira 13, Novembro de 2020

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

João César Monteiro e Silvestre

por Vera Lúcia de Oliveira e Silva


Em artigo publicado pela Cahiers du Cinéma[1], João César Monteiro alude a fazer filmes que invocam em vão o “gai savoir” dos elfos para tentarmos ficar parecidos com eles. Tal alusão aparece, no artigo, correlativa a um pergunta: Qual será o nosso destino? Quem somos nós, tão idênticos a nós próprios e a coisa nenhuma? A que é que se parece a nossa tão vaga e tão obscura natureza? Para tentar responder a esta pergunta, tão candente quanto universal, é que ele invoca o “gai savoir” dos elfos. Estamos em cheio no campo do saber, mas não um saber qualquer.

Referindo-se a “elfos”, Monteiro faz uma dupla inscrição daquilo que convoca, em vão, para encontrar resposta à pergunta formulada: uma inscrição no tempo – o Medievo; outra, no espaço – a terra dos Celtas. Ou seja: ele busca a resposta na história de seu povo. Em vão, disse ele – e eu sublinho. Sublinho para lembrar que ele está no caminho certo: é preciso buscar na
própria história – na própria vida – uma possível resposta à questão sobre a própria natureza e o próprio destino. Mas é preciso buscar o próprio saber – Freud diria, construí-lo. Caso contrário, será em vão.

Retrocedendo: Em 1969, Jean-Luc Godard fez um filme intitulado “Le gai savoir”. Nas suas primeiras falas, os personages declaram um propósito: aprender. E o sumário da IMDB informa (eu traduzo): Como aprendemos? O que sabemos? Noite após noite, não muito longe do amanhecer, dois jovens, Patrícia e Emile, encontram-se num estúdio de som para discutir aprendizagem, discurso e o caminho para a revolução. O filme deveria ser uma versão para a TV francesa do livro Emílio, de Jean-Jacques Rousseau.

Emílio (ou Da Educação) é uma obra filosófica sobre a natureza do homem, escrita em 1762. Aborda temas políticos e filosóficos referentes à relação do indivíduo com a sociedade, particularmente explica como o indivíduo pode conservar sua bondade natural (Rousseau sustenta que o homem é bom por natureza), enquanto participa de uma sociedade inevitavelmente corrupta. No Emílio, Rousseau propõe, mediante a descrição do homem, um sistema educativo que permita ao “homem natural” conviver com a corrupção sem se contagiar. Rousseau acompanha o tratado de uma história romanceada do jovem Emílio e seu tutor, para ilustrar como se deve educar o cidadão ideal. No entanto, Emílio, que não é um guia detalhado, considera-se hoje o primeiro tratado sobre filosofia da educação no mundo ocidental.[2]

O texto se divide em cinco “livros”, os três primeiros dedicados à infância de Emílio, o quarto à sua adolescência, e o quinto à educação de Sofia (a “mulher ideal” e futura esposa de Emílio) e à vida doméstica e civil deste, incluindo sua formação política. O Emílio foi proibido e queimado em Paris e em Genebra, ao tempo de sua publicação, o que o converteu, rapidamente, em um dos livros mais lidos na Europa. Durante a Revolução francesa, serviu como inspiração para o novo sistema educativo nacional.

O filme de Godard – consta que não chegou a ser exibido – toma distância da “encomenda” e vai encontrar Emílio em sua intenção pedagógica e em sua forma ensaística mais do que em seu conteúdo de fundo – Rousseau falava de uma “coleção de reflexões e observações, sem ordem e quase soltas”; Patrícia, no filme, fala de “um amontoado de experiências”.[3]

Se o filme de Godard, em seu conteúdo de fundo, não é fiel a Rousseau, ele é muito fiel a Nietzsche, no tratamento que este dá ao saber: à necessidade de retroceder desde as imagens e os sons até a experiência primeira que lhes dá origem. Afinal, este é um tema caro à obra nietzschiana, cujo título Godard adota para seu filme - Le Gai Savoir (o saber alegre). Este mesmo título ele vai reiterar em quadros do filme, em palavras manuscritas sobre imagens de revistas em quadrinhos – alusão ao retorno à infância, para recuperar a pureza do pecado original?

Apenas recordando, Nietzsche publicou, em 1882, uma obra[4], cujo título em francês é Le gai savoir. O livro reúne reflexões do filósofo sobre “a história do saber, a busca do conhecimento, os percalços do homem nessa busca histórica”.[5] Num fragmento escrito no mesmo ano, Nietzche anotara a expressão “La gaya scienza” (em provençal), como título de uma lista de trovadores provençais e suas canções. Na segunda edição de A gaia ciência, em 1887, o próprio autor incluiu tal expressão como subtítulo.

Então, rastreando em ordem cronológica, a partir da declaração feita pelo cineasta - Silvestre é um filme sobre a aprendizagem[6] - parece-me possível isolar entre as suas referências:

·         o filme Le Gai Savoir, de Godard (1969),

·         cuja referência parece ter sido Nietzsche (1882),

·         embora o filme parta de um texto de Jean-Jacques Rousseau (1762).

Agora, se tomamos a declaração de que se trata de um filme feito por alguém que invoca o “gai savoir” dos elfos2 para responder a questões fundadoras; como “gai savoir” é o título atribuído, em francês, à produção de trovadores provençais – produção esta que demarca o nascimento da poesia européia moderna, durante o século XII – e Silvestre é ambientado na Idade Média; e como os elfos são criaturas místicas da mitologia nórdica e céltica - também chamados de “elfos da luz” - que aparecem com freqüência na literatura medieval européia; e que o saber dos elfos nos remete a um tempo mítico; então, para mim, Monteiro está dizendo que, para chegar às origens do saber sobre quem somos nós, é preciso fazer retroceder a própria história, não apenas até o passado, mas até um tempo que não passa – o tempo do mito.

Fato é que, qualquer que seja o conteúdo latente sob o filme ou sob as declarações conscientes do cineasta, retrocedendo, de referência em referência, chegamos de volta à obra prima que Silvestre é: mostração da jornada que vai da (des)obediência à condição de espírito livre[7] - aquele que pensa de modo diverso do que se esperaria com base em sua procedência, seu meio, sua posição e função, ou com base nas opiniões que predominam em seu tempo. Ele é a exceção, os espíritos cativos são a regra.

Aplico o aforismo a ambos – a Silvestre, o filme; e a Monteiro, seu autor.

Curitiba, 10 de Novembro de 2020.




[1] Monteiro, J. C. Cahiers du Cinéma nº 460, outubro 1992, retirado do catálogo "João César Monteiro", Edição Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, Lisboa, abril de 2005. Disponível aqui.

[2] Wikipédia Brasil. Disponível aqui.

[3] Marchiori, D. A Gaia Ciência, Le gai savoir.1969.720p.BluRay.AVC-mfcorrea

[4] Nistzsche, F. Die fröhliche Wissenschaft. 1882. Traduzível como “o alegre saber”, “o saber feliz” ou “a alegre ciência”. Em português a obra recebeu o título A Gaia Ciência.

[5] Mioranza. C. In Nietzsche, A Gaia Ciência, Editora Lafonte Ltda, 2017

[6] Tavares da Silva, A. O Silvestre é um filme sobre a aprendizagem. 1982. Disponível aqui.

[7] Nistzsche, F. Humano, demasiado humano - um livro para espíritos livres. 1878. Aforismo 225.

sábado, 7 de novembro de 2020

Podcast do Atalante: novo episódio #3


Já está no ar o novo episódio do Podcast do Atalante, nosso programa dedicado a discutir cinema e crítica cinematográfica.

Nesse episódio especial, fazemos a cobertura do 9º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba, comentamos sobre os filmes que nos chamaram mais a atenção e discutimos a função da imagem de arquivo nos festivais hoje em dia. Nos destaques, "Fakir" de Helena Ignez, "O índio cor de rosa contra a fera invisível: a peleja de Noel Nutels" de Thiago Carvalho e "O Tango do viúvo e seu espelho deformador" de Raúl Ruiz e Valeria Sarmiento, entre outros.

No nosso próximo episódio iremos abordar o texto escolhido por vocês em votação pelo Instagram: "Da imagem à ideia" de Alexandre Astruc.

Ouça, participe, debata. E, se puder, fique em casa!


Disponível para ouvir aqui.

Apresentado e produzido por Catalina Sofia, Giovanni Comodo e Waleska Antunes. Editado por Catalina Sofia.

Realização: Coletivo Atalante

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Clube do Filme: O Movimento das Coisas

Excepcionalmente em novembro o Clube do Filme se reúne (virtualmente) na segunda quarta-feira do mês, dia 11, para a discussão de um filme e textos relacionados.

O filme de novembro é "O Movimento das Coisas" (1985), de Manuela Serra.


“Histórias do quotidiano de silêncio. Em caminhos desertos de vento inquietante, numa aldeia Norte. Há um dia de trabalho atravessado por três famí- lias: quatro velhas, o campo, o pão, as galinhas, e, a lembrar-nos, clareiras de histórias velhíssimas de gestos saboreados em mineralógicas palavras. Uma família de dez filhos numa quinta mergulham na largueza do tempo, no gesto todo do trabalho, o pai corta uma árvore. Mais longe, a água do rio habitado por gente, numa barca, o sol, e o largo da aldeia, a ponte em construção, a varanda, a refeição, a densidade e o misticismo ao domingo, a missa e a feira: ritualizada ao sábado. Nestes fragmentos de cenário move-se Isabel, também, com os olhos postos no futuro, para lá dos outros, em que o sentido da vida é apenas viver."
- Teresa Sá.

O filme está disponível no YouTube (em caso de problemas com o link ou se desejar uma cópia um pouco melhor, envie um email para nós: coletivoatalante@gmail.com).

Material complementar recomendado (textos bem breves):

A) O média-metragem
"35 Anos Depois, O Movimento das Coisas" (2014, 37 min), de José Oliveira, Mário Fernandes, Marta Ramos. Disponível aqui.
B)
Folha da sessão assinada pelo João Bénard da Costa. Disponível aqui.
C)
Texto por José Oliveira a respeito dos dois filmes indicados. Disponível aqui.
D) "A vida é tão mais ampla que o cinema", entrevista com a diretora. Disponível aqui.


Como de costume, nosso propósito no Clube do Filme é discutir obras e textos com um pouco mais de tempo que nos debates após as sessões do cineclube, logo, o filme não será exibido na data. Recomendamos que o filme já tenha sido visto e também a leitura dos textos, porém isso não é exigido para participação. Optamos pelo encontro via plataforma Jitsi, uma vez que não exige senha, links confusos nem download de nenhum aplicativo para o desktop (porém caso queira acessar pelo celular, é necessário o aplicativo Jitsi para celular, de download gratuito). Devido ao formato virtual, não poderemos exibir com qualidade trechos do filme e de outros trabalhos, mas acreditamos ser importante retomarmos as atividades possíveis durante a pandemia. O ingresso, como sempre, é gratuito.

Serviço:

Clube do Filme: O Movimento das Coisas, de Manuela Serra
Dia 11/11 (quarta-feira)
Das 19h15 às 21h30
Via Jitsi: https://meet.jit.si/ClubedoFilmeAtalante
ENTRADA FRANCA

Realização: Coletivo Atalante