segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Panoramas do Cinema Curitibano – Diálogos Possíveis I

Tudo começou com um fogão! Assim Elói Pires Ferreira começa a contar a jornada de Valdir e Rute, este casal de catadores de papel que atravessa Curitiba com seu carrinho em busca de seu sustento. Ainda estamos na década de 1990, no entanto as diferenças e os problemas sociais expostos na tela são comuns ainda hoje. O cotidiano da metrópole retratado por uma outra visão, um cinema curitibano que crescia, Elói depois parte para os longas metragens O Sal da Terra e mais recentemente Curitiba Zero Grau, ainda em cartaz na capital, neste último ele referencia novamente a temática dos catadores de papel, emplacando o cinema curitibano nas salas comerciais por várias semanas. Já no inicio dos anos 2000, Marcos Jorge apresenta a sua cíclica e fantástica narrativa em Infinitamente Maio, a curiosa e criativa sequencia de fatos que se repetem e se reinventam a todo o momento, elementos de humor negro e sensualidade que também, assim como Elói, vão se repetir em seu longa Estômago, que dividiu as telas do cinema ao lado de O Sal da Terra, nessa ocasião pela primeira vez dois longas curitibanos em cartaz simultaneamente no circuito comercial, fato que se repetiu agora com o novo longa de Elói Pires Ferreira e o longa Circular dos jovens realizadores Adriano Esturilho, Aly Muritiba, Bruno de Oliveira, Diego Florentino e Fábio Allon. Falando em jovens realizadores que obtiveram êxito em suas produções não posso deixar de citar Rafael Urban e André Senna, Urban com seu belo e delicado documentário Ovos de dinossauro na sala de estar, que retrata a senhora Ragnhild Borgomanero, sua coleção de fósseis e sua paixão. Paixão também que pode ser vista em Decisão Real de André Senna, a trajetória da jovem Janine em seu dia a dia sufocante, mas que não perde a esperança e a vontade no que ela mais ama. Quatro diferentes trabalhos, de momentos diferentes da cinematografia curitibana, mas que revelam o intrínseco talento, criatividade e qualidade deste cinema que está ficando cada vez mais evidente.
 Joel Schoenrock

(Curador convidado)

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