Serviço: Carga horária: 24 horas. Dias 10, 12, 14, 17, 19, 21, 24 e 26 de agosto, segundas, quartas e sextas. das 19 às 22 horas no Núcleo Cine (Rua Belém, 888 - Cabral- Curitiba/PR)Inscrições pelo email: coletivoatalante@gmail. com. Investimento: R$120,00. ÚLTIMAS VAGASRealização: Núcleo Cine (http://www.nucleocine.com.br/ ) e Coletivo Atalante (http://coletivoatalante. blogspot.com.br/)
Programa:
Sobre o cinema de vanguarda:
"Vista
dentro de uma perspectiva mais ampla, tal oposição ao estabelecido, não
implica necessariamente que o projeto das várias vanguardas adquira
como definição absoluta a qualificação de anti-realista. Se, em suas
várias versões, a vanguarda apresenta como característica imediata a
ruptura com técnicas e convenções próprias a uma forma particular de
representação, esta ruptura está articulada com um discurso
teórico-crítico onde o novo estilo encontra suas justificações em visões
específicas da realidade, distintas daquela que presidiu o projeto
realista do século XIX. O pintor impressionista dirá que sua visão e seu
modo de pintar são mais fiéis à pura sensação visual e às propriedades
dinâmicas da luz do que o realismo que o precedeu, preso a regras
responsáveis por uma representação convencional e irreal do mundo
visível. Cézanne dirá que todo seu projeto liga-se à pintura que provém
da natureza; e muitos críticos favoráveis ao estilo cubista dirão que o
novo espaço pictórico é mais compatível com as condições da vida moderna
e as novas descobertas da ciência do que velhas receitas acadêmicas.
Fernand Léger será explícito na proposição da vanguarda como um mais
rico e mais profundo realismo. O cineasta e o pintor surrealista dirão
que o mundo surreal que emana de suas imagens é mais real, como o
próprio nome o indica, do que o real captado e organizado pelo nosso
senso comum."
(Ismail Xavier, A vanguarda)
Sobre o filme de gângster:
"Eminentes
críticos observaram que com bons sentimentos só se faz má literatura. É
que a estética não escapa ao princípio geral da utilidade: a verdadeira
beleza de uma máquina, móvel, casa, objeto ou obra está no máximo de
comodidade, na adaptação ao uso mais minuciosa, no grau de conforto mais
refinado. Ora, uma obra de arte que só apresenta virtudes não apenas é
pouco útil como também perigosamente pródiga, pois esbanja tendências
que, ao invés de serem dilapidadas em contemplação, deveriam ser
expressas em atos. Da mesma forma, a alma não sente nenhuma necessidade
de queimar aspirações morais que, em geral, não possui em excesso, ou
que não tem para esbanjar com poesia numa atividade imaginária de
substituição. É inconsequente e, talvez, perigoso, fazer arte através do
bem. E isso explica porque não se consegue fazê-lo. O bem, jovem
ainda, pobre, raro, insuficiente em relação à demanda, deve ser
economizado e reservado para uso prático. Assim é que tantos filmes "bem
pensantes" e que foram feitos com a melhor das intenções, são um
contra-senso, desprovidos de valor poético, pouco capazes de ação moral
e, acima de tudo, chatos."
(Jean Epstein, Poesia e moral dos 'gângsters')
Sobre Pier Paolo Pasolini:
"A
primeira vez que soube da existência concreta de PPP foi em meados de
1969, quando vi no circuito comercial de São Paulo seu filme Teorema,
já sob a ditadura militar brasileira - e não sei dizer como o filme
conseguiu driblar a censura. Eu tinha ido ao cinema com meu primeiro
namorado. O que eu respirava da recém adquirida liberdade com ele foi
amplificado ao vermos juntos o filme. Aquele amor ilimitado, que abala
toda a família burguesa e atinge o sagrado, disse-nos algo de valor
incalculável. A figura da empregada, que se torna santa por grandeza de
amor e levita sobre os telhados, era mais do que uma metáfora, naquele
momento em que vivíamos nosso primeiro amor. Lembro que estávamos sob
uma noite esplendorosa, que nos presenteava com um respiro de
libertação, no ambiente quase irrespirável do Brasil. Por isso, saímos
de mãos dadas pela avenida Paulista."
(João Silverio Trevisan, Ave, PPP)
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