quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Cine FAP: "A rotina tem seu encanto", de Yasujiro Ozu

Cine FAP: Cinema japonês moderno

O Cine FAP prossegue a exibição e debate de filmes japoneses. O cinema novo ou nouvelle vague japonesa, movimento de renovação estética e temática irmão dos cinemas novos do mundo todo nos anos 60, com filmes essenciais de Kurahara e Suzuki; e o cinema de gênero, dos filmes de artes marciais aos yakuza, com Lone Wolf and Cub, Fukasaku e Sailor Suit and Machine Gun. A programação do mês inicia com A Rotina tem seu encanto, último filme de Yasujiro Ozu, moderno entre os modernos, clássico dos clássicos.


 
Sobre A Rotina tem seu encanto:
  
Um viúvo percebe que sua jovem filha não deve permanecer cuidando dele pelo resto da vida, procurando então arranjar para ela um casamento. Último filme do cineasta Yasujiro Ozu, sobre o mesmo motivo de seu Pai e Filha (Banshun, 1949).
   
Cineasta Pedro Costa sobre Ozu:
   
"Conheci o Japão através dos filmes, sobretudo os de três cineastas mais conhecidos no ocidente - Ozu, Mizoguchi e Naruse. Conheci o Japão através deles, daqueles que estão mortos, que são de outra época, mas já os amava à distância - e isto também é muito importante no cinema, amar à distância. Há aspectos do Japão que nunca vi nos filmes de Ozu, Mizoguchi ou Naruse, e que continuo a não ver no Japão hoje. Chego a um tema intrincado, pois há coisas que esses cineastas, ou os outros grandes cineastas que não conheço, esconderam de mim, aspectos do Japão que eles não me mostraram. Hoje estou no Japão e continuo sem ver tais aspectos. Isto é, às vezes no cinema, é tão importante não ver, esconder, quanto mostrar. O cinema talvez seja mais uma questão de concentração do nosso olhar, da nossa visão das coisas. Isto é o que os grandes cineastas - como esses três japoneses, fazem. Eles não mostram o Japão - eles estão é condensando alguma coisa. Em vez de dispersar nossa mente, nosso coração e nossos sentidos, estão concentrando nossa visão. Concentrar significa ocultar. É um lugar-comum dizer que o Japão é como nos filmes de Ozu, e que a história do Japão é a mesma que a dos filmes históricos de Mizoguchi. Agora entendo e sinto melhor o Japão (é a mesma coisa: entender é sentir e sentir é compreender). (...) Então, algumas vezes um cineasta bastante realista, trabalhando quase que num modo documentário, como Ozu, às vezes ele faz filmes também para esconder algo. Há um segredo em algum lugar de seus filmes, e para dizer certas coisas ele deve ocultar outras. Talvez seja necessário me afastar um pouco do Japão, pois o que estou para dizer poderia causar-vos desconforto, não sei... mas para mim, os verdadeiros documentários japoneses são os filmes de Ozu. Todos que conheço no Japão, todos meus amigos japoneses, eu já conhecia, através dos filmes de Ozu. O que acabo de dizer, Ozu já disse em seu diário: 'Nunca inventei uma personagem. Em meus filmes, faço cópias de meus amigos'."
 
(Traduzido do original, em inglês, disponível aqui: http://www.rouge.com.au/10/costa_seminar.html)


Serviço:

dia 06/11 (excepcionalmente na sexta-feira)
às 19 hs
no Auditório Antonio Melillo, na FAP - Faculdade de Artes do Paraná
(Rua dos Funcionários, 1357, Cabral)
ENTRADA FRANCA


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Programação do ciclo:

06/11 A Rotina tem seu Encanto (Sanma no Aji, 1962) de Yasujiro Ozu (extraordinariamente na sexta-feira)

Um viúvo percebe que sua jovem filha não deve permanecer cuidando dele pelo resto da vida, procurando então arranjar para ela um casamento. Último filme do cineasta Yasujiro Ozu, sobre o mesmo tema de seu "Pai e Filha" (Banshun, 1949).

16/11 Black Sun (Kuroi Taiyô, 1964), de Koreyoshi Kurahara

Excêntrico, delirante anti-buddy movie sobre um jovem andarilho japonês obcecado por jazz e um soldado americano juntos em fuga através de Tóquio, num laço crescente de choque cultural trágico e absurdo. Com música original do baterista americano Max Roach.

 
23/11 A Marca do Assassino (Koroshi no rakuin, 1967), de Seijun Suzuki

Depois de fracassar em sua última missão, um matador de aluguel de terceira classe com fetiche por arroz fervente se torna o alvo de outro assassino.

30/11 Lobo Solitário II: O Andarilho do Rio Sanzu (Kozure Ôkami: Sanzu no kawa no ubaguruma, 1972), de Kenji Mizumi

Segundo filme da série baseada no mangá Lone Wolf and Cub. Ogami Itto, assassino de aluguel, acompanhado de seu filho pequeno Daigoro, enfrenta um grupo de mulheres ninja a serviço do clã Yagyu e precisa assassinar um traidor que planeja vender os segredos de seu clã ao shogunato.

07/12 Cops vs Thugs (Kenkei tai soshiki boryoku, 1975), de Kinji Fukasaku

Há duas famílias yakuza na cidade de Kurashima: os Kawade, que usam de contatos políticos para concretizar suas atividades, e os Ohara, que mantém aliança com a polícia local. Quando Hirotani, o chefão dos Ohara, usurpa dos Kawade um grande negócio, graças à ajuda de seu amigo da polícia Kuno, uma guerra começa. Ao mesmo tempo, os superiores de Kuno iniciam um desmancho da yakuza e ordenam que seus subordinados parem de se confraternizar com criminosos.

14/12 Sailor Suit and Machine Gun (Sêrâ-fuku to kikanjû, 1981), de Shinji Sômai

Adolescente no colegial herda, por linha sucessória, o comando de um clã yakuza.

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Realização: Cine FAP
 
Apoio: Coletivo Atalante

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