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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Cineclube Sesi apresenta: "Um Lago" de Philippe Grandrieux


Sinopse:
A história se passa em um país do qual nada sabemos: um país de neve e florestas densas em algum lugar ao norte. Uma família mora numa casa isolada, perto do lago. Alexi, o irmão, é um jovem de coração puro. Um lenhador. Extático, preso pelos ataques epilépticos, ele está completamente aberto à natureza que o cerca. Alexi é muito ligado à sua irmã mais nova, Hege. Sua mãe cega, seu pai e seu pequeno irmão mais novo são testemunhas silenciosas do seu imenso amor. Chega um estrangeiro, um jovem um pouco mais velho do que Alexi… 

Sobre o filme:
Um Lago parece uma representação audiovisual da pintura de Caspar David Friedrich. Não a primeira, já que F. W. Murnau e Aleksandr Sokurov empenharam suas câmeras na construção daquele tipo de “paisagens espirituais”, mas sem dúvida a que foi mais fundo na dimensão sagrada do Romantismo.
Philippe Grandrieux, o realizador, materializa em seu protagonista toda a angustiante incompletude evocada nos solitários de Friedrich. O medo, a solidão, a doença – Alexi é um ultra-romântico, condenado a ser um eterno fantasma perdido na natureza infinita.
Ao mesmo tempo reconhecemos nos enquadramentos, os rostos deformados de um Francis Bacon. A câmera convulsa, como um pincel, reconfigura traços e dissolve identidades.
É entre Friedrich e Bacon que Grandrieux erige sua obra: pintura de sons no tempo.


Miguel Haoni
(Cineclube Sesi, 2012)

Serviço:
dia 09/08 (quinta)
às 19h30*
na Sala Multiartes do Centro Cultural do Sistema Fiep**
(Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico)
ENTRADA FRANCA

*Exibição seguida de debate em português e francês.
** Sala com 25 lugares, sujeita à lotação.

Realização: Sesi
Parceria:Aliança Francesa
Apoio: Processo Multiartes

Mais informações no site do Sesi:
cultura/

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Coletivo Atalante e Bicicletaria Cultural apresentam Intervenções de Glauber Rocha no Programa Abertura


O fim dos anos 1970 representou no Brasil um período de gradual abertura democrática no qual a ditadura militar, através da pressão de vários segmentos da sociedade e de dissidências dentro do poder, começava a afrouxar o seu laço autoritário que desde o "Golpe de 64 "sufocava as liberdades nos meios políticos, estudantis, artísticos e da comunicação.

Glauber Rocha, gênio das artes modernas e polemista nato, observava o fenômeno e defendia a necessidade de assimilar colaborativamente determinados elementos governistas na luta pela redemocratização, o que, obviamente, ofendia as pretensões revolucionárias das esquerdas radicais.
A suposta "traição" de Glauber atinge a contundência máxima, no instante em que o artista ingressa , junto com outros jovens profissionais e intelectuais, na equipe do revolucionário programa "Abertura" que discutia a política e a cultura brasileira na Rede Tupi de Televisão, em 1980.

Em seu espaço de crônica jornalística dentro do programa, Glauber soltava o verbo sobre tudo o que lhe incomodava no país que virou-lhe as costas naqueles últimos 10 anos mas ao qual era ligado por laços mais fortes que o amor. No estilo verborrágico do baiano, a história recente do Brasil é desfiada em transes repentistas e entrevistas disparadas contra elementos do chamado "povo brasileiro".

Traga as crianças pra sala, abra os olhos e ouvidos para um dos instantes máximos da história da telecomunicação nacional.

Miguel Haoni 
 
Serviço:
Dia 12 de junho (terça)
às 19h30
Na Bicicletaria Cultural
(Rua Pres. Faria, 226 – Subsolo, Centro – Ao lado da UFPR – Pç. Santos Andrade)
ENTRADA FRANCA
 
Realização: Coletivo Atalante e Bicicletaria Cultural  
Apoio: Cinemateca de Curitiba e DVD10 Videolocadora 
 
Programação completa da Mostra "A televisão levada a sério": 9706-8837
coletivoatalante@gmail.com
http://www.facebook.com/coletivoatalantepr

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Coletivo Atalante e Bicicletaria Cultural apresentam: Episódios de "Alfred Hitchcock Apresenta" e "Além da Imaginação"



Dentre as artes nascidas no século XX a televisão é uma das mais vilipendiadas. Por puro preconceito ela foi vista como uma forma reacionária e  alienante de comunicação. Por mais que existam casos que confirmem essa ideia, desde sua gênese obras de grande relevo artístico foram concebidas para o suporte televisivo.

Alfred Hitchcock Apresenta, produzida entre 1955 e 1962, foi crucial na elaboração de uma forma narrativa dentro da telinha. Seus episódios, muitos dirigidos pelo próprio mestre e por futuros diretores como Robert Altman, traziam histórias curtas mas com um potencial expressivo bem forte. Aqui, aliou-se a produção objetiva e industrial que a televisão demanda, com um texto sempre inteligente, entrelaçado por uma direção segura e primorosa. Além disso, as intervenções Hitchcockianas se tornam um show a parte.

Além da Imaginação pode ser considerada a grande herança dessa era de ouro da televisão. Seguia o molde de Hitchcock Apresenta, com episódios de duração curta, tramas diferentes a cada capítulo, sempre tratando de temas envoltos no sobrenatural, no inacreditável, no fantasioso. A narração sóbria, por vezes assustadora, de Rod Serling, era a voz do Destino nos episódios. Inescapável. A série criou fãs ardorosos, como David Lynch, Steven Spielberg e J.J. Abrams. Hoje é impossível pensar em um universo fantástico sem ser, mesmo que indiretamente, influenciado por ela.

Os episódios a serem exibidos, respectivamente Breakdown e Walking Distance, são paradigmas dentro das séries,  contém as suas convenções e suas transgressões. O primeiro, dirigido por Hitchcock, é uma experiência de transposição do seu estilo para um novo meio, um novo público. O segundo é um dos grandes momentos dessa arte, homenageado merecidamente por J.J. Abrams em Super 8. Trata do crescimento, do que não volta e das lembranças que nos acariciam ao mesmo tempo em que nos ferem.

A televisão, mostrou Hitchcock e Serling, mesmo engatinhando já dava passos largos. 


Cauby Monteiro


(Atalante, 2012)
 
Serviço:
Dia 05 de junho (terça)
às 19h30
Na Bicicletaria Cultural
(Rua Pres. Faria, 226 – Subsolo, Centro – Ao lado da UFPR – Pç. Santos Andrade)
ENTRADA FRANCA
 
Realização: Coletivo Atalante e Bicicletaria Cultural  
Apoio: Cinemateca de Curitiba e DVD10 Videolocadora 
 
Programação completa da Mostra "A televisão levada a sério": 9706-8837
coletivoatalante@gmail.com
http://coletivoatalante.blogspot.com.br/
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sábado, 5 de maio de 2012

Coletivo Atalante e Bicicletaria Cultural apresentam: A TELEVISÃO LEVADA A SÉRIO


Programação:
05/06 - Episódios de "Alfred Hitchcock Apresenta" e "Além da Imaginação"
12/06 - Intervenções de Glauber Rocha no programa "Abertura"
19/06 - Episódios de "The Office"
26 /06 - Episódios de "Família Soprano"
Serviço:
Toda terça de junho
às 19h30
Na Bicicletaria Cultural
(Rua Pres. Faria, 226 – Subsolo, Centro – Ao lado da UFPR – Pç. Santos Andrade)
ENTRADA FRANCA
Realização: Coletivo Atalante e Bicicletaria Cultural  
Apoio: Cinemateca de Curitiba e DVD10 Videolocadora 
Mais informações: 9706-8837
coletivoatalante@gmail.com
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Artigo sobre "Metrópolis" de Fritz Lang (1927)



     Em Metropolis (1927) de Fritz Lang, a cidade tirada do imaginário do diretor aparece como um lugar futurista e superdimensionado. Nela estão presentes duas realidades por assim dizer, nitidamente segregadas pela classe social a que pertencem: trabalhadores e burgueses. Essa exageração dos estereótipos classistas critica claramente o modelo de trabalho vigente na sociedade da época. O interessante disso é dar-se conta da maneira espacial com que é colocado esse exagero - até mesmo porque no cinema mudo as imagens respondiam com maior intenção à idéia que se queria transpassar. Os trabalhadores são simplesmente “jogados” para baixo da terra, vivendo em uma espécie de submundo, trabalhando para que a cidade pulse e cresça com uma autonomia desconcertante. Essa parecera por vezes ter vida própria, com cenas de arranha-céus dividindo espaços com aviões e autopistas suspensas, sem pessoa alguma caminhando e habitando por suas ruas. Não sei se intencional ou não, talvez devido a técnica de filmagem que usava maquetes em escalas menores, mas a ausência de pessoas ou até mesmo elementos naturais (árvores) e lugares de lazer (jardins, praças), fantasiam essa estranha sensação. Aqui fica clara a idéia de que na época já existiam os mesmos problemas que traz a estrutura da cidade e sociedade atualmente, que no filme aparecem de maneira exagerada.
     Essa mesma interpretação é notória no dimensionamento com que são representadas as ruas e quando as personagens contracenam com áreas externas da cidade. As passagens, becos e passeios parecem avantajados, fora da escala humana, sombrios e labirínticos. Se bem observado cenas de esquinas e pontos de encontro quase não existem – se existem. Com isso tomo como exemplo as afirmações de Kevin Lynch (“A Imagem da Cidade”), que faz uso de cinco elementos base para ler e entender a cidade, sendo um deles o “cruzamento”, a esquina. A esquina é um ponto de encontro importantíssimo. Se analisada dessa forma percebe-se que essa auto-referência do encontro não acontece na metrópole de Lang. É uma sensação de não pertencimento de uma cidade ao mesmo tempo intensa e hostil.
     Quando observados os espaços internos podemos ver a inspiração para fazer os objetos (cadeiras, portas, maçanetas, abajures) na Arte Déco e, ainda arrisco dizer, certa semelhança com o estilo Bauhaus. A Bauhaus, vale a pena lembrar, tinha como ideal a combinação da arte e artesanato específicos, com o sistema industrial de larga escala; sistema esse evidenciado no longa-metragem.
     Na arquitetura do filme em si, quando observados principalmente os arranha-céus, nota-se essa inspiração também na Arte Déco, com edifícios que, se tivéssemos que classificar, ficariam entre o ecletismo e o modernismo. A Arte Déco era um movimento artístico que estava em grande desenvolvimento na mesma década, o que não me surpreende a tomada de alguns de seus ideais para a confecção da metrópole, já que a idéia era representar a cidade do futuro. Já o movimento moderno se encaixaria perfeitamente nessa mesma visão, uma vez que Le Corbusier (propulsor do movimento dentro da arquitetura) teorizava a existência do homem perfeito, ou seja: um homem pouco natural, um homem cuja sua perfeição o torna irreal. Essa desumanização da arquitetura, por assim dizer, é reconhecível dentro do filme e abarca o mesmo conceito que Lang trata de demonstrar, onde a tecnologia acaba por distanciar a vivência de um espaço mais natural.

Nara Massena 
(Atalante, 2012)