- Mommy,
i have to kill you.
Arquitetura do medo em estado puro. Estão ali,
todos os insights, todos os conceitos, toda a matéria-prima pra se um dia você
resolver fazer um filme com uma atmosfera insuportável e manter o espectador na
palma da sua mão, já saber por onde começar. É impressionante como nada foge ao
controle do mestre, como todas as decisões tomadas em todos os momentos certos
podem levar uma historieta imbecil ao status de obra de arte do horror
italiano.
Em Schock, Mario Bava não apenas pratica a fina
arte da sugestão como corresponde à cada insinuação oferecendo algo muito maior
do que parecia inicialmente. Ele gasta em torno de uma hora preparando terreno,
brincando, jogando com o público, provocando sua sede além do limite só pra em
seguida afogá-lo numa imersão climática que não oferece nem permite uma fuga.
Os últimos dez minutos, principalmente, são poderosíssimos, além do climão
surreal onipresente e reforçado por uma seqüência mais criativa que a outra
naquele que talvez seja o filme mais inventivo do cara, considerando a crueza
do ambiente e do próprio potencial que a trama oferecia.
Schock é o filme de despedida de Mario Bava numa
carreira que nasceu tarde e sequer completou o 20º aniversário, deixando,
afinal, a impressão de que talvez não precisasse. A herança e a influência de
Bava ainda estão para ser devidamente atestadas, assim como seu talento pra
manipulação (que é bem dizendo a habilidade básica do cineasta) e sua estranha
capacidade pra amplificar-se ilimitadamente. Foi absoluto como artesão das
cores e dos movimentos, no despudor pra torcer e desfigurar a narrativa, pra
construir atmosferas que sustentavam-se sozinhas, para encerrar sua trajetória
exatamente da maneira que merecia. Porque Schock é obra-prima-ponto-final.
Luis Henrique Boaventura
(Texto original: http://multiplot.wordpress.com/2009/01/24/schock-mario-bava-1977/)
(Texto original: http://multiplot.wordpress.com/2009/01/24/schock-mario-bava-1977/)
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