quinta-feira, 10 de abril de 2014

Cineclube da Cinemateca: "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha



Neste sábado, dia 12, o Cineclube da Cinemateca apresenta "Deus e o Diabo na Terra do Sol", dando início ao ciclo "O western segundo Glauber Rocha", que contará ainda com "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro", no dia 26.
Sempre com entrada franca!

Cineclube da Cinemateca apresenta: "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha

O 'western' pode bem ser o gênero americano por excelência (como bem pontuou André Bazin) mas sua mitologia, seus arquétipos humanos e sua paisagem contêm as formas primais de um universalismo que por décadas não apenas garantiu o sucesso mundial dos filmes do gênero como também serviu de inspiração e modelo para diversos cineastas. Assim, pretendemos lançar um olhar mais atento para a maneira como, no Brasil, Glauber Rocha retomou os motivos basilares do 'western' e, ao fazê-lo, promoveu não uma simples importação do gênero e de suas convenções para nossas plagas tropicais - à semelhança do que já fora feito em filmes O cangaceiro (1953), de Lima Barreto, ou A morte comanda o cangaço (1960), de Carlos Coimbra. Pelo contrário, com Glauber, o 'western' à brasileira assume uma dimensão fundacional, crítica e mitológica comparável às grandes conquistas de mestres como John Ford ou Howard Hawks no gênero. É a contraditória figura de Antônio das Mortes, o matador de cangaceiros, que conecta de ponta a ponta o díptico formado por Deus e o Diabo na terra do sol e O dragão da maldade contra o santo guerreiro. No primeiro filme, é pela intervenção de Antônio que os protagonistas, Manuel e Rosa, passarão da revolta metafísica da religião à revolta anárquica do cangaço e, desta, para um terceiro momento, suspenso e incerto, mas pleno da esperança que se traduz na visão sublime do sertão que se torna mar. Em ambos os filmes, Antônio das Mortes - à semelhança de sua contraparte fordiana Ethan Edwards, de Rastros de ódio - é um herói trágico: seus esforços se voltam sempre para um mundo no qual ele mesmo é um pária, nunca poderá habitar a sociedade que seus atos ajudam a construir, nem poderá lutar a grande guerra que (ele crê) sua ação precipitará; resta-lhe vagar, "jurando em sete igrejas, sem santo padroeiro", como diz o cantador que narra sua sina.


Serviço:
Dia 12/04
15h
Cinemateca de Curitiba
(Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco)
(041) 3321-3252
ENTRADA FRANCA

Realização: Cinemateca de Curitiba e Coletivo Atalante

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