Neste domingo, dia 24, às 16h00, O Cineclube Sesi da Casa apresenta "Nashville", de Robert Altman dando continuidade ao cicloNova Hollywood que contará ainda com "O Portal do Paraíso", de Michael Cimino (31/08 - excepcionalmente às 15h00).
Cineclube Sesi da Casa apresenta: "Nashville" de Robert Altman
Um mosaico da vida americana, centrada em Nashville, capital da música «country», durante uma campanha eleitoral, onde se reflectem os conturbados tempos da contestação à guerra do Vietname, do papel da música popular, das manifestações hippies e da violência, em especial os assassinatos políticos que tinham abalado os EUA. A canção de Keith Carradine, "I'm Easy" ganhou o Oscar.
Serviço:
dia 24/08 (domingo)
às 16h00
no Sesi Heitor Stockler de França
(Avenida Marechal Floriano Peixoto, 458, Centro)
ENTRADA FRANCA
Realização: Sesi
(
http://www.sesipr.org.br/Produção: Atalante (http://coletivoatalante.
Do musical inconseqüente à ironia contundente, um percurso.
ResponderExcluirAssisti Nashville, de Robert Altman, na década de 70. Minha conclusão, naquele tempo: um musical inconseqüente - uma estoriazinha para alinhavar apresentações de cantores americanos.
Hoje revejo o filme e fico estatelada com sua genialidade. Expõe, com precisão, uma das faces, das mais lamentáveis, do grande prisma multifacetado que é o american way of life. Sem excessos, sem condescendência. Nada mais, nada menos.
A canção de encerramento – um verdadeiro elogio à alienação – dá a medida certa da demonstração que o filme acaba de fazer: é um puro corolário.
Entre um e outro instante de ver o filme eu me encontro comigo mesma e me estilhaça um desconserto: quem é essa estranha que me fita desde o passado?
Penso que grande parte da expressividade de "Nashville" reside na fabricação de um Circo de Horrores do Sonho Americano (aliás, conforme aventado pelo Serge Daney em crítica à "Milestone" de Stanley Kramer). Nesse sentido não consigo perceber esta exposição sem excessos que reconheceste.
ResponderExcluirTomemos por exemplo algumas personagens femininas: Opal, Sueleen Gay, L.A. Joan/Martha, Barbara Jean: todas extremamente alienadas, à beira da insanidade e, cada uma a seu modo, do esmagamento nas engrenagens do sistema. Qual a atitude do autor diante destas personagens? Imprimir-lhes uma comicidade cínica, a uma distância segura, exagerando sua dimensão ridícula sem nunca reconhecer a sua (nossa) parte nesta bizarrice. Estamos aqui no domínio da caricatura, da farsa e, por isso mesmo, do excesso.
A representação em "Nashville" estaria no oposto da de um filme como "Antes passe no vestibular", para ficarmos num exemplo próximo. Pialat regula a encenação numa permanente busca pela essência do referencial, (no caso o mundo real tal como se apresenta para nós no cotidiano). O horror aqui é o do reconhecimento, da cumplicidade. Pialat o mostra, Altman o redesenha. E com a mão pesada do choque e da repulsa.
Neste sentido penso que as virtudes do filme estejam exatamente nessa dimensão ilusória, deformadora. Como na canção final.
Miguel Haoni